ALESSANDRA ARAGÃO
Alessandra Aragão
Comunicadora, trabalha com desenvolvimento humano, atuando em terapia sistêmica, mentoria positiva e coaching de vida e carreira
(RE)INVENTE-SE

A fluidez do tempo

O tempo em si não muda; o que muda somos nós, nossas emoções, nossos pensamentos e nosso estado de presença

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Você já reparou como o tempo não pesa igual todos os dias? Existem horas que voam e outras que parecem não terminar nunca. O relógio continua o mesmo, mas a forma como vivemos transforma completamente a nossa percepção. Quando estamos presentes, um instante se torna eterno. Quando a ansiedade nos invade, a vida corre sem que possamos perceber.

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O filósofo Henri Bergson já diferenciava o tempo do relógio, objetivo e medido, do tempo vivido, subjetivo e sentido. Para ele, o que importa não são os minutos que passam, mas a forma como os experimentamos. Essa visão ecoa nos estudos da psicologia positiva e na teoria do flow, desenvolvida por Mihaly Csikszentmihalyi. Segundo o autor, quando estamos profundamente envolvidos em uma atividade significativa, o tempo perde sua rigidez: horas podem parecer minutos, porque estamos totalmente imersos na experiência.


Na vida cotidiana, todos já sentimos isso. Uma reunião pode parecer interminável, enquanto uma conversa com um amigo querido passa em um sopro. Um minuto em uma sala de espera pode se arrastar como uma eternidade, mas uma hora de lazer parece escapar sem deixar rastros. O tempo em si não muda; o que muda somos nós, nossas emoções, nossos pensamentos e nosso estado de presença.
Essa reflexão é também o fio condutor do documentário brasileiro “Quanto tempo o tempo tem”, de Adriana Dutra, que reúne filósofos, cientistas e pensadores para explorar nossa relação com o tempo na era moderna. A obra mostra que, em um mundo dominado pela pressa, medir o tempo deixou de ser apenas uma necessidade e se tornou uma forma de controle.


Ao observar diferentes culturas, o filme nos lembra que o tempo pode ser percebido como um recurso, uma experiência espiritual ou até uma construção social que aprisiona. Reaprender a lidar com ele é, talvez, um dos maiores desafios da vida contemporânea.


O cinema internacional também nos convida a refletir sobre essa fluidez. Em “Interestelar”, o tempo é literalmente relativo: cada hora em um planeta representa anos na Terra, uma metáfora potente sobre como a distância emocional e o amor alteram nossa percepção do tempo vivido. Já em “A chegada”, o tempo deixa de ser linear e passa a ser visto como circular, mostrando que talvez não sejamos prisioneiros da cronologia, mas de nossa forma limitada de olhar para ela.


E você, como tem se relacionado com o tempo? Ele tem sido um aliado que amplia suas experiências ou um inimigo que o aprisiona na correria e na ansiedade? Quais momentos da sua vida você gostaria de prolongar? E quais preferiria desacelerar para sentir mais profundamente?


Mesmo sem poder controlar os ponteiros do relógio, podemos transformar a forma como o tempo nos atravessa. Pequenos gestos são capazes de alterar essa relação: parar por alguns segundos e respirar conscientemente, caminhar sem pressa, observar o que está à nossa volta. Práticas simples, como o mindfulness, já demonstram por meio de estudos científicos que estar presente reduz a ansiedade e amplia a sensação de bem-estar.


O tempo é fluxo, não um inimigo a ser vencido. Ele não se dobra aos nossos desejos, mas pode se tornar mais suave quando aprendemos a navegar com leveza e consciência. Quando valorizamos mais a qualidade das experiências do que a quantidade de horas, descobrimos que o tempo não é apenas algo que passa, mas um espaço que podemos habitar.


Talvez por isso Santo Agostinho tenha dito: “Se ninguém me pergunta o que é o tempo, eu sei; mas se quero explicá-lo, já não sei.” O tempo escapa a definições, mas se revela na maneira como o sentimos.
No fim, cabe a cada um de nós escolher: sobreviver ao tempo ou permitir que ele nos ensine a viver.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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