
Quem somos nós? Impactos da ancestralidade na nossa identidade
Herdamos crenças, hábitos e padrões inconscientes que foram sendo transmitidos ao longo das gerações
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

Neste sábado (19), será comemorado o Dia dos Povos Indígenas. O termo indígena significa "originário, aquele que está ali antes dos outros", e valoriza a diversidade cultural e a identidade de cada povo.
"Só se sabe para onde vai quando se lembra de onde veio. Quem esquece de suas origens, está arriscando se perder no caminho." – Kiko Tozatti
Para compreendermos quem realmente somos, é essencial olhar para trás e reconhecer as raízes que moldaram nossa identidade. Segundo a mestre em psicologia da saúde, Gaby Oliveira, "ancestralidade é fonte de vida, sabedoria, identidade e pertencimento. É o fio que tece passado, presente e futuro, formando uma teia de relações que conecta humanidades. É também a memória que transcende espaço e tempo para recriar futuros possíveis e saudáveis”.
A maneira como pensamos, sentimos e nos comportamos não surge do nada. Herdamos crenças, hábitos e padrões inconscientes que foram sendo transmitidos ao longo das gerações. Reconhecer esse legado pode nos ajudar a tomar consciência do que carregamos e, sobretudo, a escolher o que queremos manter ou transformar.
Marcas invisíveis da nossa história
O Brasil é um país formado por múltiplas influências, muitas delas oriundas de processos históricos marcados pela imposição e pela dor. Desde o século XVI, as diversas culturas invasoras que aqui se instalaram com três desejos principais: catequização, escravização e eliminação, deixaram marcas profundas em nossa estrutura social e psíquica, moldando valores, comportamentos e modos de existência.
Mesmo sem perceber, muitas dessas influências continuam impactando nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionarmos. Alguns dos padrões herdados que ainda se manifestam na sociedade brasileira incluem:
Insegurança constante: a sensação de que algo pode dar errado a qualquer momento, gerando ansiedade e medo do futuro.
Exclusão social e econômica: uma percepção inconsciente de que certos espaços e oportunidades não nos pertencem.
Leia Mais
Mentalidade de escassez: a crença de que nunca há o suficiente, seja dinheiro, amor, reconhecimento ou oportunidades.
Autodesvalorização e baixa autoestima: a dificuldade em reconhecer o próprio valor e acreditar na própria capacidade.
Dependência excessiva do outro: necessidade de validação externa para tomar decisões ou sentir-se seguro.
Sentimento de não merecimento: o medo de conquistar algo bom e a crença de que não se é digno do sucesso ou da felicidade.
Desconsideração do feminino: uma cultura que, historicamente, desvaloriza o papel das mulheres e das qualidades associadas ao feminino, como a intuição e a sensibilidade.
Esses padrões fazem parte da memória coletiva e, muitas vezes, carregamos suas consequências sem perceber. Mas, se são aprendidos, também podem ser ressignificados.
Ao nos tornarmos mais conscientes de nossas origens e da influência que elas exercem sobre nós, abrimos espaço para transformar aquilo que já não nos serve.
Para iniciar esse processo de autoconhecimento, questione-se:
-
O que, na minha forma de pensar e agir, pode ter sido herdado?
-
Como essa herança me afeta no presente?
-
Quais padrões eu quero manter e quais desejo ressignificar?
-
Quais partes de mim escondo do mundo e por quê?
-
Que padrões de comportamento me impedem de alcançar meu potencial máximo?
-
Quais são meus medos mais profundos e como eles influenciam minhas decisões?
-
Que dons e talentos únicos possuo e como posso usá-los para servir ao mundo?
-
Que tipo de legado quero deixar para as futuras gerações?
O autoconhecimento é a chave para essa mudança. Quanto mais entendemos nossas qualidades, desafios e potencialidades, mais conseguimos direcionar nossa vida de forma intencional.
Às vezes, o que precisamos para transformar nossos resultados não está na busca por novas habilidades. Está em perceber o que já temos de melhor, mas ainda não reconhecemos como um recurso para nos diferenciar e realizarmos nossos projetos.
A imagem que vemos no espelho será nossa eterna companheira. Conhecê-la profundamente é um presente que nos permite construir uma relação mais harmoniosa conosco e com o mundo. Como disse Sócrates:
"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses."
E você, já parou para refletir sobre o que carrega da sua ancestralidade? Que herança deseja manter e o que escolhe transformar?
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.