
Estamos aqui de passagem: o que realmente importa?
Completo 55 anos, a mesma idade que minha mãe tinha quando sua vida foi interrompida
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Muito se fala sobre o chamado "inferno astral", aquele período que antecede o aniversário e que, segundo a astrologia, pode ser marcado por desafios e reflexões profundas. Da perspectiva psicológica, faz sentido que a proximidade de uma data significativa nos leve a reavaliar a vida, as conquistas, as perdas e os planos para o futuro. Se encararmos esse momento apenas como um ciclo de dificuldades, podemos acabar nos prendendo a uma visão negativa e limitante. Mas se o virmos como um convite à reflexão e ao amadurecimento, podemos transformar essa fase em um período de realinhamento e renovação.
No dia de hoje, 10 de abril, celebro mais um ano de vida. Mas este não é um aniversário qualquer. Completo 55 anos, a mesma idade que minha mãe tinha quando sua vida foi interrompida. É inevitável não pensar nela, no que ainda poderia ter vivido, nas histórias que ficaram por contar.
A morte prematura de minha mãe me ensinou a viver a vida PRESENTE, a valorizar cada instante e a compreender que, de uma hora para outra, podemos partir. Estamos aqui de passagem, e, em algum momento, sem aviso prévio, nossa jornada se encerra. Essa consciência me faz querer aproveitar ao máximo cada dia, cada encontro, cada oportunidade de crescimento.
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Olho para minha trajetória e vejo desafios superados, sonhos que um dia pareciam distantes e que hoje fazem parte da minha história. Cada escolha me trouxe até aqui. Cada recomeço, cada curva inesperada no caminho, cada conquista e cada dor foram parte do processo. Sei que minha mãe tinha planos, desejos que talvez nunca tenham se concretizado.
E me pergunto: e se minha vida fosse interrompida agora? O que ainda estaria pendente?
A resposta vem como um lembrete: ainda tenho muito a viver. Mas também vem acompanhada de uma outra pergunta: o que posso fazer diferente para me preparar para o futuro? Meus pais já se foram, e ao observar o processo de envelhecimento deles, aprendi que - envelhecer bem - exige preparação.
Preparar-se para o envelhecimento é muito mais do que simplesmente contar os anos que passam. É fazer escolhas conscientes hoje para garantir qualidade de vida amanhã. É cuidar da saúde física, com boa alimentação, sono reparador e atividade física. É construir laços verdadeiros, cultivar amizades que envelhecerão ao nosso lado e estar cercado de pessoas que realmente importam. É planejar-se financeiramente para que a velhice não seja um tempo de preocupações, mas sim de liberdade.
E acima de tudo, é cuidar da mente. Me nutrir de pensamentos positivos, manter a curiosidade viva, estar aberto ao novo, e me desafiar constantemente. Porque o corpo pode envelhecer, mas a forma como escolho encarar a vida é o que realmente define a qualidade dos meus dias.
Não sei como serão os meus próximos anos, mas sei que quero vivê-los com intenção. Quero continuar aprendendo, compartilhando, construindo. Quero ser leve e intensa ao mesmo tempo. Quero amar e ser amada, quero encontrar sentido até mesmo nos dias mais banais.
Como disse Guimarães Rosa: “A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Sim, coragem para continuar, para honrar a trajetória de quem veio antes de nós e, acima de tudo, para escrever novas páginas com autenticidade e propósito.
Hoje, celebro não apenas mais um ano, mas a consciência de que cada dia é uma nova oportunidade. E, acima de tudo, celebro a vida que ainda pulsa em mim, com tudo o que ela pode oferecer.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.