Fred Melo Paiva
Fred Melo Paiva
DA ARQUIBANCADA

Os sinais estão aí, até em fenômenos desconexos

Que milagre é esse que faz um time se achar a dois meses do fim de uma temporada? Não é milagre, a gente já sabe, é Atlético Mineiro

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Senhores e senhoras, a mágica está de novo a acontecer, como diria o Mino Carta, inimigo do gerúndio. Me alinho à sua luta, assim como estou a militar contra o uso da icônica palavra “icônico”, ao mesmo tempo deplorável penetra e inevitável arroz-de-festa. No caso do futebol, no entanto, o gerúndio se impõe. O icônico gerúndio: está acontecendo.

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O Bernard renascido, o Dudu, os 500 gols do Hulk, o Sampaoli, o golaço do Igor Gomes. O presente se espraia, a pavimentar a festa que virá. O Galo, até outro dia com a crista arriada, agora vai tecendo a manhã junto com muitos outros galos – os fiéis da IURG, a Igreja Universal do Reino do Galo, o pessoal dodói, os amantes do clube da esquina, das vielas, das praças, estradas, acostamentos, ruas e avenidas.

Detratores dirão que a Sul-Americana é torneio menor. Sabe nada, o inocente. Se tem Galo, como há de ser menor? Menor para você, que coleciona tão somente taças. Nós colecionamos amores e churrascos, peregrinações à Meca de Lourdes, gritos de Galo sob qualquer pretexto, um copo que cai, um título que vem. O negócio é o congraçamento de todos os galos. Essa força que leva a cantar, essa força estranha.

Quando a coisa começa a acontecer, e então vai acontecendo, é possível ao galo mais experiente observar os sinais. O primeiro deles foi a contratação de Sampaoli pela torcida. Há algo de argentino na nossa gente: uma capacidade de luta, um orgulho desmedido. Há algo de Galo no Sampaoli: um despirocamento, um desassombro, uma paixão diferente, um merecimento que, carajo, se desarranja – e por isso mesmo se faz ainda mais por merecer. E assim vamos, nóis e ele, em nossa incurável galoucura.

Os sinais estão aí, transcendentais. Que milagre é esse que faz um time se achar a dois meses do fim de uma temporada? Não é milagre, a gente já sabe, é Atlético Mineiro. Foi o povão no estádio que ligou o disjuntor naquele dia em que a Massa cheirosa deu lugar ao bodum do pessoal. Foi o povão, na pessoa do Bernard, que pôs a bola pra dentro no último minuto daquele jogo contra o Bolívar. Foi ali que se deu o religar do disjuntor, a centelha do gerúndio que agora vai indo até o dia 22, num crescendo de coincidências e improbabilidades.

Sinais estão dispersos em fenômenos apenas aparentemente desconexos. Veja: tiramos o Flamengo no profissional e, agora, no sub-17 e no sub-20. O cheirinho ronda as narinas rubro-negras. Não vão ganhar nada, assim como o Crüzeiro. A União Sinistra, Galo, Vasco e Palmeiras, está a cuidar da pajelança. Tudo nos conformes. Sinais.

Veja se não é muita bandeira do que está a acontecer, digo, acontecendo: o gol do Hulk – o mais esperado com bola a rolar desde aquele do Carlos Alberto Torres na final de 70 – não haveria de ser tão incomum se não fosse Deus no comando. Podia ter sido antes, podia ter sido o de número 499, o 501. Não. O roteirista é histriônico e seu fraco é a verossimilhança. Houve de ser o 500. Para que a trajetória ficasse marcada, o gerúndio sublinhado. Para que, enfim, o fio maravilha dessa história fosse se desenrolando, e enrolando a gente, mais e mais, com o Paraíba que nós gostamos.

Depois, posicionado para a falta que lhe oferecera na posição mais que perfeita, o ator principal sai de cena. Joga parado nosso João Carlos Martins, para que brilhe o carregador de piano. E quando ele bate na bola, o que se vê é Ronaldinho Gaúcho, Éder Aleixo, Oldair, e todos os orixás que desceram pra ver Gomes sendo Gomes, o melhor segundo-tempista do mundo. Jogara bem a primeira etapa, mas coitado do Cristiano Ronaldo perto do cara quando egresso do vestiário. Por fim, a assistência de Rony para o terceiro gol. Reluto a acreditar que foi ele. Não foi. Algum espírito encarnado, algum um encosto do bem.

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Sinais. Sim, mas cuidemos nós das coisas terrenas para que tudo saia a contento. Eu, por exemplo, convoquei o mesmo elemento para a mesma formação de quadrilha que assistira ao primeiro milagre de São Victor em 2013. Na semi da Sula, sentamos no mesmo sofá daquele dia, o mesmo trono da sorte. Nunca perdeu. Nunca perderá. Agora me preparo para despachá-lo numa carretinha rumo ao título. Está acontecendo. Eu juro.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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