Fred Melo Paiva
Fred Melo Paiva
DA ARQUIBANCADA

Rony fez mais pelo Atlético do que parte da torcida

Desde que chegou ao Galo, ele se dedica da melhor forma possível. Sua e honra a camisa, entrega-se completamente ao jogo coletivo, corre como poucos, faz gols

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Que estranha semana, senhores. Em três dias, da terça à quinta-feira, vimos a insurreição de parte dos jogadores contra a falta de compromisso dos mandatários do clube, assistimos ao Galo perder em casa para o Bucaramanga e, depois, à classificação nos pênaltis graças ao melhor goleiro do Brasil. Rony rescindiu, Rony voltou. Antes, no domingo, Hulk fizera dois de falta, na sequência daquele gol olímpico cuja curva da bola nunca vi igual. Céu e inferno, embora muito, mas muito mais inferno do que céu.

No jogo da quinta, contra o Bucaramanga, a torcida achou de vaiar Rony, que por falta de pagamento decidira rescindir contrato (voltou atrás ao aceitar a sempre duvidosa promessa de quitação). Por coerência, o torcedor que o vaiou certamente trabalharia de graça para o patrão bilionário que decidisse simplesmente não pagar o salário combinado no final do mês, e que repetisse a dose no mês seguinte. Mais: nesse meio-tempo contrataria novo funcionário a peso de ouro.

Desde que chegou ao Galo, Rony se dedica da melhor forma possível. Sua e honra a camisa, entrega-se completamente ao jogo coletivo, corre como poucos, faz gols. Cumpre com sobra sua parte no contrato, apesar de a inexistência de um meio-campo decente comprometer em cheio a qualidade das ações ofensivas. Ao cobrar o clube de forma séria e contundente, fez mais pela instituição do que a parte da torcida que o vaiou – ao mesmo tempo em que poupa vergonhosamente os verdadeiros culpados pela situação de falência financeira e esportiva em que nos encontramos.

Scarpa é outra história. Vaiado também desde o anúncio da escalação, seu problema foi uma publicação numa rede social em que supostamente atacava o zagueiro Lyanco, demonstrando um racha no time. Scarpa é um chato de galocha, joga como se não quisesse jogar. A vaia que recebeu é justificável. Mas, se expôs o que supostamente expôs, é bom que o tenha feito. O Galo só sairá do buraco em que nos meteram a hora que o caldo entornar de vez. A fervura da última terça-feira foi necessária e bem-vinda.

Tanto que aqueles que só aparecem na hora boa tiveram de botar a cara ou a vaca ia para o brejo. Não que já não tenha ido, visto que a repercussão é definitiva para a imagem do Galo e sua SAF. Se resta quem a leva a sério é porque tem bobo pra tudo. Ou tem gente esperta em excesso pra seguir ganhando o seu enquanto se brinca de dançar no parapeito da janela.

Não acho que falte vontade a esse elenco do Galo. Falta salário, falta esquema tático, e sobretudo falta jogador – quando um se destaca, caso de Rubens, é logo posto à venda. Não há qualquer compromisso com a arquitetura do time. É desespero puro de uma gestão pífia que não faz ideia de como lidar com futebol e que tenta escapar da falência seja lá como for.

Sem salário, sem esquema de jogo e sem nenhum volante, como se pode dizer que não houve entrega o suficiente na derrota de 3 a 2 para o Palmeiras fora de casa? Que facilmente poderia ter sido um empate, caso Hulk fizesse aquele terceiro de falta. Contra o Bucaramanga, e apesar da derrota no tempo normal, com um pouco de sorte poderíamos ter goleado. O elenco é menos culpado da situação atual do que parte da própria torcida, sejamos justos.

Meu medo agora é que vendam o Everson. Não seria surpreendente. Surpreendente, na verdade, é que não tenha acontecido até agora, porque, de longe, se trata do melhor goleiro do Brasil. Na quinta, ele pegou três pênaltis (um deles com os olhos), e fez o dele, derradeiro. Barba, cabelo e bigode. Se bem que, para não rachar o elenco, deixemos o bigode de lado.

Amanhã é Flamengo. Quinta-feira também. Melhor que ambos sejam fora de casa, para evitar a vaia a quem não merece. Deus que proteja e guarde.

E que o nosso Conselho Deliberativo, ainda que espertamente aparelhado pela SAF, seja atleticano o suficiente para impedir que nos tomem mais um naco em troca da dívida que não é da Associação, mas da safada da SAF. Aporte, sim. Transferência de patrimônio e cotas em troca disso é pura sacanagem.

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