
Se eu fosse o Igor, seria apenas o Gomes
É o melhor jogador de segundo tempo em atividade no mundo. A continuar assim, a SAF acabará por vendê-lo. Pela metade do preço, naturalmente
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Se eu fosse o Igor Gomes, só chegava depois. Sempre 45 minutos atrasado. Marcou com a mina? Chá de cadeira. Terapeuta? Só os 15 minutos finais. Acordaria ao meio-dia. Diria coisas por meias-palavras: para o bom entendedor, bas. Para o Igor Gomes, ta. Passaria a me chamar apenas Gomes.
Rasparia a primeira metade do bigode. Meu livro preferido seria O Visconde Partido ao Meio, de Italo Calvino. Como a famiglia Bolsonaro, apoiaria a tarifa de 50% contra o Brasil e usaria tornozeleira somente em uma perna. Pediria aos críticos que me chamassem de meia-boca. Mas enxergaria apenas a metade cheia do copo.
Gomes é o melhor jogador de segundo tempo em atividade no mundo. A continuar assim, a SAF acabará por vendê-lo. Pela metade do preço, naturalmente. Contra o Bucaramanga, na quinta passada, salvou a pátria em 40 minutos. Sofreu o pênalti que deu a vitória ao Galo, cavou a expulsão do adversário, ganhou todas as bolas. Ainda que meia-boca, é o nosso melhor meia: jogando a metade, vale por dois.
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Sem Gomes, o primeiro tempo foi um show de horrores. O arranca-toco em estado de arte! O esquema tático de Cuca é inspirado no jogo de totó: quando ataca, um bico pra frente e bora pra confusão. Quando defende, só gente dura e paralisada tomando bola nas costas, o último zagueiro que dê seu jeito, o goleiro que se vire.
Sem dinheiro para o Dr. Scholl, evitei o calo no zóio e recorri ao rádio, onde a grama é mais verdinha. Nem assim. Depois de ver a Copa do Mundo de Clubes, parecia a Copa Kaiser de futebol amador, uma várzea total. Faltou apenas um caramelo invadindo o campo. E a polícia com escudos a proteger o nosso batedor de escanteios. Isso, no entanto, não foi possível verificar: não tivemos um único e mísero córner a nosso favor durante toda a partida. Zero. Não sei se já tinha visto isso alguma vez.
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A verdade, senhores, é que o Galo tem problemas desde o departamento financeiro até a composição do elenco. Mas isso não esconde o fato de que o último bom trabalho do Cuca foi em 2021 e que, em 25, ele é simplesmente horroroso.
Com a Copa do Mundo, sobrou tempo para treinar. E mesmo que tenha faltado salário até outro dia, o resultado é ruim. Contra o Bahia, sábado passado, pareceu ter havido alguma evolução, apesar da derrota. O primeiro tempo na Colômbia não foi um balde de água fria mas um caminhão-pipa, uma piscina de gelo. Deus que ajude e guarde para o restante do semestre. Claro, Cuca tem como atenuante a saída de seu melhor jogador, Rubens (não poderia ser o outro Rubens?). Mas não há nada que possa justificar a pobreza de seu totó.
A propósito, Rubens tem mesmo de sair. E não deveria vir ninguém em seu lugar. Enquanto não sai o Rubens certo, a gestão impressionantemente desastrosa da pior SAF do Brasil e a situação falimentar em que se encontra o Galo obrigam a esse mínimo de responsabilidade e bom senso. Não foi por falta de aviso. Mesmo ateu, reconheço que Deus de quando em vez gosta de cobrar o preço da sacanagem. Taí o boleto.
Pois bem, amanhã é o Palmeiras no Allianz Parque. A lei do ex será aplicada, com tarifa ou sem tarifa, afinal é ex a dar com pau, né possível que algum não faça cumprir a Constituição. Não me bote o Igor de titular, pelo amor de Deus. Entremos com um a menos, se for preciso. Sem inventar moda: fechamos o ferrolho com Everson e Lyanco, metemos o Gomes no intervalo e aguardamos o passe perfeito do Hulk, o gol olímpico para assombrar o Ancelotti. Feijão com arroz. E Deus, existindo, que proteja e guarde.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.