Gustavo Scarpa teve chance de deixar sua marca no empate por 1 a 1 com o Juventude, no Mané Garrincha, em Brasília, mas falhou na finalização -  (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)

Gustavo Scarpa teve chance de deixar sua marca no empate por 1 a 1 com o Juventude, no Mané Garrincha, em Brasília, mas falhou na finalização

crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press

O Galo é uma cachaça e contra o São Paulo, na quinta 11, bebericamos, sei lá, uma Salinas, uma Vale Verde, uma Anisio Santiago. Também, vínhamos de levar caldo fazia várias rodadas, de modo que aquela vitória por 2 a 1 pareceu lavar a alma – e com a alma lavada na água que passarinho não bebe, partimos para Brasília como João de Santo Cristo, cheio de sangue no zóio e o desejo de subir, senão na vida, pelo menos na tabela do Brasileirão.

 

Aí vem o Juventude, o time da minha sogra, é lá vamos nós degustar aquele metanol, que desgraça. Pior de tudo é merecer a Vale Verde e ser obrigado à 51. “Serve Pepsi?”, diria o garçom depois da gente correr a maratona. Credo, quanta chance desperdiçada, quanto domínio e nenhuma expansão. Poxa, Galo, me ajuda a te ajudar.

 

 

Quando Junior Alonso fez o primeiro gol, o atleticano cachaceiro viu Éder Aleixo na batida da bola. O golaço é diferente do gol, mero, banal, burocrático. O golaço é a vitória da arquitetura sobre a mesmice da construção, assim como Brasília, onde se dava o duelo.

 

 

O golaço de bicuda, no entanto, é ainda mais potente, pois carrega em si a vitória do fígado sobre o coração – é o triunfo dos revoltados, por assim dizer. Aquilo que desopila de qualquer amargura. A cachaça em estado de arte, hors concours. Coitada da Salinas perto daquele gol, além de tudo espírita, o povo discutindo se ele quis ou não quis. Ah, quis, meu amigo, se quis!

 

Saí daquele golaço esbaforido, não sem antes socar o ar como Pelé, pular no peito dos amigos como Ronaldinho, executar as cambotas do Vampeta e deslizar no assoalho da sala como se fosse o Luan metendo os 4 a 1 eternos no Flamengaço Classificadaço. Eu parecia saído de um pogo dos Ratos de Porão. E pra quê? Pra nada. E dale a Pirassununga 51.

 

Enquanto esse estado de coisas vai se desenrolando, o negócio é usufruir da sorte no amor, então aproveito pra mandar um beijo para a minha companheira, Vitória – na esperança, sempre, de que seu nome inspire também alguma sorte no jogo, nunca em prejuízo do amor. “Azar no amor, azar no jogo, sorte no azar”, tem essa também. Toc-toc-toc.

 

 

Ai, meu Deus, tadinha da Vitória, pegamos o CRB no sorteio da Copa do Brasil e a decisão da vaga ainda será no Terreirão do Galo (sim, benditos sejam os engenheiros de som, aquilo ainda há de ser um caldeirão!). É sorte no jogo, meu amor, mas nem vamos falar disso porque o corvo tá sempre à espreita em nosso umbral. Aquela coisa: em casa de afogado não se fala em corda, e pra bom entendedor meia palavra bas.

 

Eu até que nutro alguma simpatia pelo CRB, porque arquirrival do CSA, o time dos Collor de Mello em Alagoas, argh! Mas é bom esses nossos aliados se cuidarem porque não fizemos feio nessa janela de transferência. Alonso, Lyanco, Fausto Vera e Bernard são excelentes contratações. Ainda falta banco para ambas as laterais, ainda falta um 9 para brigar por titularidade. Mesmo assim foi bom. A ver se dá liga.

 

 

Amanhã temos o Vasco pela frente, no redivivo Terreirão (o homem quando olha a cachaça pode ver o copo meio cheio ou o copo meio vazio). Como divorciado da União Sinistra desde a goleada do Palmeiras, sugiro a suspensão temporária daquele negócio de “Vascão, Galão, torcida de irmão”. Vascão tem sido uma pedra na chuteira. Nos últimos dez confrontos com o Galo, ganharam seis. Nóis, apenas dois. Já passou da hora de sapecar esse pessoal sem dó nem piedade.

 

Um brinde, meus irmãos atleticanos! Viva o Galo, viva o amor!