O que fazer em Belém durante e depois da COP30
Enquanto o mundo negocia no Parque da Cidade, viva a capital paraense: da sombra da sumaúma aos passeios de barco no pôr do sol na Baía do Guajará
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Enquanto delegados de mais de 130 países se reúnem em Belém na COP30, de 10 a 21 de novembro, para discutir o futuro do planeta, a capital paraense se transforma em um hub global de sustentabilidade, com mais de 50 mil visitantes esperados. Mas além das negociações na Blue Zone (área restrita), a cidade pulsa com atrações que mesclam história e cultura amazônica.
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Com investimentos bilionários em infraestrutura – como o Parque da Cidade e reformas no aeroporto e porto –, Belém está mais acessível e vibrante. A Zona Verde, no Parque da Cidade, será o coração da COP das Florestas. Inaugurado como legado da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática , esse espaço de 500 mil m² no antigo aeroporto é o epicentro da Green Zone – gratuita e sem credenciamento. Nesse local você mergulha em exposições imersivas sobre biodiversidade, oficinas de bioeconomia, debates com indígenas e shows de carimbó. Inclui trilhas ecológicas, centro gastronômico e museu de aviação.
Mas para os turistas que acompanham o evento ou buscam uma pausa entre as negociações climáticas, Belém – a cidade das mangueiras e capital do brega – oferece um cardápio irresistível de experiências imersivas na Amazônia. E o melhor: tudo com um toque ecológico que ecoa o tema da conferência. Vamos começar pela joia natural que simboliza a essência da região: a imponente sumaúma, na Ilha do Combu.
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Guardiã da Amazônia
Imagine uma árvore colossal, com mais de 30 metros de altura e um tronco que parece sustentar o céu amazônico. A Sumaúma, ou árvore-da-vida, é um ícone vivo da biodiversidade, e sua versão mais famosa está na Ilha do Combu, a apenas 30 minutos de barco do centro de Belém, no rio Guamá. Essa ilha rural, acessível por uma travessia rápida e acessível (R$ 10-15 por pessoa em balsas locais), é um refúgio perfeito para quem quer fugir do agito da COP30. No restaurante Saldosa Maloca, da chef Prazeres Quaresma, trilhas leves levam até a base da sumaúma centenária, onde visitantes podem admirar suas raízes gigantes – verdadeiros "paredões" que, para os povos das florestas, são portais mágicos ao mundo espiritual.
Os guias locais, muitos deles moradores da ilha, contam histórias indígenas sobre a sumaúma como guardiã da floresta, enquanto oferecem colheitas de açaí fresco direto das palmeiras vizinhas. É uma oportunidade para um piquenique sustentável: prove o fruto roxo em cuias de cabaças, acompanhado de peixe grelhado e farinha de mandioca. Para os mais aventureiros, passeios de canoa pelo igarapé revelam macacos-prego e araras, reforçando por que Belém foi escolhida para sediar a COP30 – uma cidade que respira a urgência da preservação. Dica: vá ao amanhecer para evitar o calor equatorial.
Mas a Ilha do Combu é só o início. De volta à cidade, Belém pulsa com atrativos que mesclam história colonial, gastronomia indígena e ecoturismo urbano, ideais para itinerários de um ou dois dias entre as sessões da conferência. O Mercado Ver-o-Peso, Patrimônio Cultural da Humanidade, é o coração pulsante da cidade. À beira da Baía do Guajará, esse labirinto de barracas (aberto das 6h às 18h) é um banquete para os sentidos: experimente tacacá picante em folhas de jambu, compre ervas medicinais de feiticeiras urbanas e assista o vaivém dos peixes frescos, onde o pirarucu reluz como joia vermelha.Lá, a culinária paraense brilha – e, com a COP30, espere edições especiais preparadas por chefs locais engajados na causa climática.
Novo mercado
O Mercado de São Brás foi totalmente revitalizado e reaberto no final de outubro, é um tesouro escondido para os amantes de história e gastronomia. Esse mercado centenário, agora com áreas modernas de convívio, abriga restaurantes, bares, lojas de biojoias, roupas e artesanato. Além de um galpão que se apresenta como um versão menor do Mercado Ver-o-Peso. Lá se encontra uma feira de produtores locais com alimentos frescos e orgânicos da agricultura familiar, como cupuaçu e castanha-do-pará, além de carnes, peixes e ervas de rezadeiras. O local também oferece uma programação vibrante com shows com artistas da região. Aberto diariamente das 7h às 19h, ele complementa o Ver-o-Peso com um ar mais intimista, ideal para compras sustentáveis e degustações guiadas.
Viveiro amazônico
O Mangal das Garças é um parque zoobotânico em Belém do Pará, inaugurado em 2005 pelo Governo do Estado, resultado da revitalização de 40 mil m² às margens do Rio Guamá, no Centro Histórico. Ele representa a biodiversidade amazônica, com vegetação de matas de terra firme, várzea e igapó, além de lagos e áreas preservadas como o aningal típico de mangue. As principais atrações incluem o viveiro com pássaros livres como garças e flamingos; o farol de Belém, torre-mirante de 47m com vistas panorâmicas; e o borboletário. O parque abriga o restaurante Manjar das Garças, especializado em culinária paraense, e recebe mais de 300 mil visitantes anuais, sendo ideal para famílias e ecoturismo. Administrado pela Organização Social Pará 2000, promove educação ambiental e é um oásis urbano que integra natureza, cultura e lazer na capital amazônica.
Basílica de Nossa Senhora de Nazaré
Edificado em 1909 no local onde foi encontrada a imagem de Nossa Senhora, o Santuário da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré é, hoje, um dos locais mais importantes e sagrados para os paraenses. O templo inaugurado em 1923, e único santuário da Amazônia, guarda a imagem original encontrada no início do século 18. Durante os festejos do Círio, realizado no mês passado, a imagem recebeu um novo manto e desceu do altar-mor (chamado de Glória) da catedral. Foi um dos momentos mais esperados pelos milhares de fiéis.
Estação das Docas
O último fio de luz do dia cobre de dourado o Rio Guamá, as matas e as construções ao longo da orla da capital paraense. É justamente ao pôr do Sol, que a Estação das Docas, carinhosamente conhecida como Puerto Madero do Norte, é tomada por visitantes. O local, que foi revitalizado em 2000, tornou-se um importante centro gastronômico no Pará. A Estação das Docas é um lugar perfeito para curtir e registrar dezenas de selfies, diante dos clássicos guindastes que se estendem ao longo dos 500 metros do boulevard charmoso. O local tem como um dos atrativos a Sorveteria Cairu. A gelateria paraense entrou para a lista das 50 melhores do mundo no Festival Mundial do Gelato, um dos concursos mais famosos do setor realizado em Roma, na Itália, divulgado em 2023. A receita premiada foi o sorvete "Carimbó", que mistura doce de cupuaçu e castanha-do-Pará, cujo nome é em homenagem a uma dança típica do Pará. Na avaliação do júri, a Cairu foi a brasileira mais bem colocada no ranking, ocupando o 32º lugar, e o proprietário Armando José Laiun Filho recebeu o título de sorveteiro "de ouro" do país. Com certeza, o turista vai experimentar uma explosão de sabores da Amazônia no local.
Além do horizonte
Imagine navegar ao entardecer, com o Sol se pondo sobre o horizonte d'água, enquanto dançarinos a bordo executam o carimbó – dança típica paraense que celebra a herança indígena, africana e portuguesa. Os passeios oferecem vistas panorâmicas de Belém que nenhum mapa ou foto captura: o colorido do Mercado Ver-o-Peso, com suas barracas de peixes e ervas; o Forte do Presépio, marco da fundação da cidade em 1616; a imponente Catedral da Sé e a Praça do Relógio, banhados pela luz dourada. Esses roteiros são ideais para quem tem pouco tempo: duram de 1h30 a 2h e partem principalmente da Estação das Docas.
Orla ao entardecer (Clássico e Imperdível): O mais procurado, com saída às 17h30 da Estação das Docas. Duração de 1h30 a 2h, em barcos de madeira ou catamarãs. Inclui narração de guia sobre a história de Belém, música ao vivo e show de carimbó com bailarinos. Preço médio: R$ 50 a R$ 80 por pessoa. Saídas diárias, exceto segundas.
O jornalista viajou a convite do Vila Galé Collection Amazônia