Com apenas 25 cm de altura ela ajuda na segurança de 6 milhões viajantes
Recordes de passageiros, planos ousados, e até um falcão e um cão de crachá: os bastidores do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins
compartilhe
Siga noNa manhã dessa segunda-feira (29/9) jornalistas mineiros foram convidados para conhecer os bastidores e as novidades do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. Fui para o local já preparado para absorver e tentar traduzir o tanto de números que viria daquele encontro.
- Vazamento de óleo no Santos Dumont afeta voos para BH
- Aeroporto Internacional de BH é eleito o melhor do Brasil em qualidade de serviços
No tour pela “Cidade Aeroporto”, onde trabalham diariamente 7 mil pessoas, esbarramos em viajantes apressados, presenciamos abraços trocados nas chegadas e partidas e vimos um ambiente pulsante de vidas e histórias. Mas o que realmente chamou a minha atenção foi a patrulha animal, responsável pela segurança dos milhares de passageiros que passam pelo aeroporto mineiro.
Mas antes de falar desses guardiões, vamos às novidades apresentadas: primeiro, a reabertura do desembarque no Terminal 1, fechado para reformas em 2023 e já estará em operação em 25 de outubro – mais uma opção de despacho no aeroporto gigante, sem fim, que é preciso maratonar para chegar aos portões de embarque, ou simplesmente, sair dele. Outra novidade é o hotel que está em construção dentro do terminal, com inauguração prevista para 22 de dezembro.
Leia Mais
Guardiões alados
Imagine um lugar onde o rugido dos jatos se confunde com o piado agudo de um falcão e o latido determinado de um cão pastor. Não é cena de um filme de aventura, mas o dia a dia pulsante do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, a 40 quilômetros de Belo Horizonte. O portal aéreo de Minas Gerais que conecta o coração do Brasil ao mundo é hub que movimenta não só bagagens e sonhos de férias, mas uma orquestra invisível de heróis alados e humanos dedicados. Mergulhamos nos bastidores, com números que contam histórias e inovações que prometem voos ainda mais altos.
No vasto gramado que margeia a pista de 3 mil metros, onde aviões como o Boeing 747 deslizam como baleias no céu, o perigo espreita em penas e pelagens. Colisões com aves, conhecidas como "bird strikes", podem custar milhões e vidas preciosas. É aí que entram os super-heróis de quatro patas e asas afiadas: o programa de manejo de fauna, que transforma predadores em sentinelas.
Sob os cuidados e comando do biólogo Marcos Antônio Souza e da veterinária Ana Letícia Freitas Guimarães, a Aurora, a falcão-peregrina de olhos laser e envergadura imponente, não é só uma ave; é uma funcionária oficial. Ela patrulha os céus ao lado de Shogun, Peregrino, James, Xuxa e Apolo – um esquadrão de falcões e gaviões treinados para espantar bandos de pombos, andorinhas e até raposas urbanas que ousam invadir a pista. Esses rapinantes criam um território de intimidação natural que reduz em até 90% os incidentes de fauna, segundo dados internos da BH Airport.
E não para por aí: Martin, o cão pastor belga fofo e instinto afiado, é o parceiro terrestre infalível. Enquanto Aurora reina nos ares, Martin galopa pelo perímetro, latindo ordens para mamíferos curiosos como coelhos ou gatos vadios que ameaçam cruzar a rota de decolagem. Juntos, eles evitam o que poderia ser um pesadelo: uma turbina engasgada por uma asa errante.
Investimentos
Nos próximos três anos, o BH Airport está em negociações com o Governo Federal para realizar um investimento de até R$ 250 milhões na modernização do Terminal 1, incluindo melhorias que estavam previstas no acordo de concessão, mas ainda não foram executadas. Entre as melhorias projetadas, destacam-se a construção de uma nova sala de embarque perto do portal 7, a implementação de um sistema moderno de bagagens domésticas e reformulações em áreas comuns, como as vias de acesso, pátios de circulação, lojas, restaurantes e o mezanino do terminal.
Números recordes
Quem vê o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins de fora, a construção brutalista de concreto e vidro, não imagina o tamanho da engrenagem que faz o aeroporto respirar. Do vidro espelhado do terminal, de onde se avistam aviões tocando o solo e partindo para dezenas de destinos, à rotina quase invisível de quem mantém tudo em funcionamento, o BH Airport é um organismo vivo — e, como todo organismo, tem coração, pulmões, cérebro… e até guardiões improváveis com penas e patas.
Por trás das portas de vidro e das esteiras giratórias, pulsa uma força vital: cerca de 400 profissionais diretos empregados pela BH Airport, concessionária que administra o terminal desde 2014. São controladores de tráfego aéreo que dançam com os ventos, equipes de manutenção que consertam o que o tempo desgasta, e atendentes que transformam o caos de uma conexão perdida em um sorriso reconfortante.
Só no primeiro semestre de 2025, 6,2 milhões de passageiros cruzaram os corredores de Confins. Em julho, o movimento internacional atingiu 62 mil viajantes em um único mês, o maior da história da concessão. O fluxo não se resume às pessoas: as esteiras do terminal de cargas receberam 22,4 mil toneladas em seis meses, recorde absoluto.
Os números impressionam até quem comanda o espaço. Daniel Miranda, CEO do BH Airport, não esconde o entusiasmo: “Temos capacidade para movimentar quase o triplo do que fizemos no ano passado. Hoje, somos o segundo aeroporto em destinos domésticos e o terceiro em totais. É um potencial que vamos explorar com responsabilidade.” Miranda gosta de repetir que o aeroporto não é apenas um ponto de partida ou chegada, mas uma porta de entrada de Minas para o mundo — e cada novo recorde reforça essa ideia.
Um aeroporto que respira comunidade
A BH Airport também se preocupa com o que está além das pistas. O programa de coleta seletiva já retirou mais de 2 mil toneladas de resíduos do terminal, destinando-os a associações de catadores da região. Em 2025, a concessionária firmou parceria com a Prefeitura de Confins e a Fundação de Desenvolvimento da Gestão para fortalecer escolas municipais. Miranda foi direto ao falar sobre o projeto: “Fortalecer a educação pública da nossa região é encurtar distâncias. Queremos conectar os sonhos desses estudantes às novas possibilidades de futuro.”
Novidades no horizonte
O futuro reserva ainda mais mudanças para o viajante mineiro. Até o fim de 2025, será inaugurado um hotel indoor com 60 leitos, pensado para passageiros em trânsito e tripulações. Estão previstas também duas novas salas VIP, a abertura de 20 lojas no mix comercial e obras de ampliação da área de restituição de bagagens, investimento que deve acelerar os desembarques. Na área de cargas, novos galpões e infraestrutura vão reforçar o hub logístico multimodal, conectando Minas a mercados internacionais com ainda mais competitividade.
O coração pulsante de Minas
No fim das contas, Confins é mais que um aeroporto. É uma cidade em miniatura, com milhares de trabalhadores, rotinas que começam antes do sol nascer e continuam madrugada adentro, e personagens que vão de técnicos de solo a falcões treinados. “Evoluímos e nos consolidamos como um aeroporto moderno e eficiente. Mas o melhor ainda está por vir”, afirma Daniel Miranda, sem disfarçar o brilho nos olhos de quem enxerga o horizonte além da pista. Enquanto isso, Aurora segue voando, Martin continua correndo, e milhares de passageiros atravessam diariamente o coração pulsante de Minas, conectando destinos e sonhos em cada decolagem.
Capacidade Operacional
-
Passageiros por ano: Projetada para até 32 milhões de passageiros anuais, após expansões como a ampliação do Terminal 2 (concluída em 2016, elevando a capacidade de 12 para 22 milhões) e investimentos totais de R$ 1 bilhão desde a concessão, incluindo novas pontes de embarque e melhorias em pistas.
-
Carga: Capacidade para movimentar 39,5 milhões de kg anuais (dados de 2024), com foco em importações de alto valor (R$ 11,3 bilhões em 2024).
-
Operações aéreas: Suporte para cerca de 114 mil decolagens e pousos por ano (base 2024), com potencial para triplicar o tráfego atual.
Esses números posicionam Confins como um dos aeroportos mais modernos e eficientes do país, operando atualmente a cerca de 38-40% de sua capacidade máxima, o que permite expansão sustentável.
Número de Visitantes (Passageiros)
-
2024 (ano completo): 12.357.280 passageiros transportados, um recorde histórico que representa uma recuperação de 90-100% dos níveis pré-pandemia (comparado a 2019).
-
2023: Aproximadamente 10 milhões de passageiros.
-
Projeção para 2025: Estimada em torno de 13-14 milhões, com base no crescimento de 19% observado até novembro de 2024 (11,3 milhões no período) e na expansão de rotas internacionais. Em setembro de 2025, espera-se 1 milhão de passageiros totais, com destaque para o tráfego internacional (cerca de 70 mil, um recorde mensal).
-
Movimentação internacional: Crescimento de 13,5% em relação a 2019, tornando Confins o 4º maior aeroporto brasileiro em volume de passageiros.
O aumento reflete a retomada do turismo e negócios em Minas Gerais, com o aeroporto sendo carbono neutro e investindo em sustentabilidade, como veículos elétricos para operações.
Destinos servidos
Confins é reconhecido como o aeroporto com o maior número de destinos no Brasil e o segundo em rotas domésticas. Em 2025, a malha aérea inclui:
-
Destinos internacionais: 7 rotas regulares e as sazonais, com foco na América do Sul, Caribe, Europa e EUA. Exemplos:
-
Buenos Aires (Argentina) – GOL.
-
Santiago (Chile) – LATAM.
-
Cidade do Panamá (Panamá) – Copa Airlines.
-
Willemstad (Curaçao) – Azul.
-
Orlando (EUA) – Azul.
-
Lisboa (Portugal) – TAP.
-
Bariloche (Argentina) – Sazonal pela Azul (junho a agosto de 2025, com 34 voos e capacidade para 5.700 assentos).
-
Destinos nacionais: Cerca de 45-50 rotas, conectando as principais capitais e cidades médias ( Em 2026, o aeroporto terá rotas para todas as capital. Atualmente somente Boa Vista, Roraima e Campo Grande estão fora dos destinos)