'PAÍS PERIGOSO'

Embaixada dos EUA alerta, novamente, cidadãos sobre viagens ao Brasil

Depois do comunicado feito antes do carnaval, órgão adverte os norte-americanos para "crimes e sequestros" em diversas regiões brasileiras

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Embaixada dos Estados Unidos emitiu, nessa sexta-feira (30/5), um alerta sobre a segurança de cidadãos norte-americanos, advertindo-os de que "exerçam maior cautela no Brasil devido ao crime e sequestro". O "Aviso de Viagem" recomenda, ainda, que os visitantes evitem certas regiões do Brasil, pois "algumas áreas apresentam risco maior" — entre as quais se incluem regiões administrativas do Distrito Federal, como Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá.

Este é o segundo alerta neste ano de 2025. Em fevereiro, o governo dos Estados Unidos divulgou um comunicado com dicas de segurança para turistas que pretendem passar o carnaval no Brasil. Segundo o documento, os visitantes norte-americanos devem evitar principalmente as "favelas". A informação foi compartilhada pela Embaixada dos EUA.

Trata-se de mais um degrau na escala de tensões entre Brasil e EUA, cujo Departamento de Estado também remeteu ontem, ao Ministério da Justiça, um ofício sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No comunicado para o Brasil, a representação diplomática detalha o panorama de segurança no Brasil. Crimes violentos, incluindo assassinatos, roubos à mão armada e de carros, são descritos como eventos que "podem ocorrer em áreas urbanas, de dia e de noite". O informe também confirma que "houve um sequestro com pedido de resgate de viajantes dos EUA" — não diz, porém, a que episódio se refere e não dá pistas de quando teria ocorrido.

A existência e o poder de facções criminosas são destacados pelo comunicado da embaixada. Para o governo norte-americano, o crime organizado é "generalizado" no Brasil e tais criminosos estão associados ao tráfico de drogas recreativas.

Outro crime citado pelo informe da representação norte-americana é a prática de confrontos físicos. "Agressões físicas, com uso de sedativos e drogas colocadas em bebidas", são consideradas "comuns", segundo o aviso aos viajantes dos EUA, que, segundo a embaixada, ocorreriam com frequência no Rio de Janeiro. Em todo o Brasil, seriam comuns os contatos por meio de aplicativos de namoro ou de abordagens em bares para, então, "drogar e roubar" as vítimas, que geralmente — ainda na visão do alerta do governo de Donald Trump — são estrangeiras.

O transporte público também é motivo de atenção no alerta, segundo o qual "funcionários do governo dos EUA são aconselhados a não usar ônibus municipais no Brasil devido ao sério risco de roubo e agressão" — "especialmente à noite", enfatiza. Para a embaixada, "passageiros estão em maior risco de roubo ou agressão ao usar ônibus públicos no Brasil".

Fronteiras

Além dos riscos de crimes em áreas urbanas e no transporte público, o governo norte-americano recomenda, explicitamente, que cidadãos dos EUA "não viajem para qualquer lugar dentro de 160km das fronteiras terrestres do Brasil". Classificada com o Nível 4 — a mais severa na escala de alertas e costuma ser usada para áreas com risco significativo à segurança dos viajantes, como zonas de conflito ou regiões com altos índices de violência —, esta restrição aplica-se às áreas fronteiriças com Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. O governo de Washington recomenda que os viajantes consultem a seção de "Viagens a Áreas de Alto Risco" em seu site oficial para mais detalhes.

Para aqueles que, apesar dos riscos, decidem vir ao Brasil, a embaixada faz algumas recomendações. Entre elas, destacam-se a importância de ficar atento ao seu entorno e não resistir fisicamente a tentativas de roubo. É crucial, na avaliação da representação diplomática, não aceitar comida ou bebidas de estranhos e sempre vigiar as próprias bebidas.

O aviso sugere cautela ao caminhar ou dirigir à noite, evitar ir a bares ou boates sozinho e evitar caminhar nas praias após o anoitecer. Viajantes não devem "exibir objetos valiosos", como relógios caros ou joias. É fundamental ficar "alerta ao visitar bancos ou caixas eletrônicos". 

Outras recomendações incluem maior cautela ao fazer trilhas em áreas isoladas e desenvolver um plano de comunicação para monitorar a segurança. O registro no Programa de Inscrição de Viajantes Inteligentes (STEP) e a revisão de relatórios de segurança e informações de saúde são aconselhados. A embaixada também "recomenda fortemente" a compra de seguro de viagem com cobertura para evacuação, assistência médica e cancelamento.

Preconceito

Frente da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília
Frente da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília Divulgação/br.usembassy.gov

Também estão sob a classificação de Nível 4, as cidades de Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá — devem ser evitadas, especialmente no período entre as 18h e as 6h. A justificativa para a medida são os riscos relacionados à criminalidade. Nas ruas de Ceilândia, a população não concorda com a posição do governo norte-americano. Arthur Fernandes, de 28 anos, é morador da cidade e trabalha com a família como comerciante próximo à estação de metrô Centro Metropolitano. Para ele, a cidade não é, necessariamente, mais perigosa do que outros locais do Distrito Federal.

"Acho que perigoso é onde o humano estiver. É uma comunidade, também como qualquer outra. Fico sozinho, às vezes, na rua, assim, tomando uma cerveja e nunca me aconteceu nada. Sobre essa alegação de sequestro [do governo norte-americano], é algo que seria muito organizado, um crime grande. O máximo que já vi foram batedores de carteira. Me sinto tranquilo de estar aqui, inclusive com meu filho", disse.

O autônomo Vinicius Loreno, de 27 anos, também discorda do alerta da embaixada dos EUA. "Acho que é uma visão preconceituosa, claramente de alguém que nunca veio até aqui", afirmou. Segundo ele, o crime acontece em qualquer lugar e definir Ceilândia como perigosa é injusto. "Acho que por ser um lugar que tem algumas comunidades de classe mais baixa, surge esse preconceito. Nunca passei por nenhuma situação aqui e moro há muito tempo na cidade", garantiu.

Mas há, também, quem concorde com a preocupação dos norte-americanos. Distribuindo panfletos em estações de metrô da Ceilândia, Giliane Alves, de 21 anos, acha a região perigosa. "Moro na QNM 33 e, realmente, é muito perigoso. Recentemente, vi uma moça sendo perseguida por um homem. Se as pessoas não tivessem a ajudado, ela poderia ser assediada ou sequestrada. Então, acho que a embaixada não está errada", relatou, ressaltando que, por ser mulher, sente-se ainda mais insegura nas ruas.

Procurados pelo jornal Correio Braziliense, o Ministério das Relações Exteriores informou que não comenta "decisões publicadas por embaixadas" e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) afirmou não ter formalizado uma posição.

Confira o comunicado na íntegra:

Atualizado para informar indicador de risco de sequestro.
 
 

Exerça maior cautela no Brasil devido ao crime e sequestro. Algumas áreas apresentam risco maior. Leia todo o Aviso de Viagem.

Não viaje para estas áreas devido ao crime:
  • Qualquer lugar dentro de 160 km/100 milhas das fronteiras terrestres do Brasil com a Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. Esta restrição não se aplica ao Parque Nacional do Iguaçu ou ao Parque Nacional do Pantanal.
  • Desenvolvimentos habitacionais informais, como favelas, vilas, comunidades ou conglomerados, a qualquer momento.
  • “Cidades Satélites” de Brasília à noite. Isso inclui Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá.
Resumo do País: Crimes violentos, incluindo assassinato, roubo à mão armada e roubo de carros, podem ocorrer em áreas urbanas, de dia e de noite. Houve um sequestro com pedido de resgate de viajantes dos EUA. A atividade de gangues e o crime organizado são generalizados e frequentemente ligados ao tráfico de drogas recreativas. Agressões físicas, com uso de sedativos e drogas colocadas em bebidas, são comuns, especialmente no Rio de Janeiro. Criminosos visam estrangeiros por meio de aplicativos de namoro ou em bares antes de drogar e roubar suas vítimas. Funcionários do governo dos EUA são aconselhados a não usar ônibus municipais no Brasil devido ao sério risco de roubo e agressão, especialmente à noite.
 
 
Se você decidir viajar para o Brasil:
 
 
  • Fique atento ao seu entorno.
  • Não resista fisicamente a qualquer tentativa de roubo.
  • Não aceite comida ou bebidas de estranhos e sempre vigie suas bebidas.
  • Tenha cautela ao caminhar ou dirigir à noite.
  • Evite ir a bares ou boates sozinho.
  • Evite caminhar nas praias após o anoitecer.
  • Não exiba objetos valiosos, como relógios caros ou joias.
  • Fique atento a golpes com drogas utilizados em encontros.
  • Fique alerta ao visitar bancos ou caixas eletrônicos.
  • Tenha cuidado em grandes centros de transporte ou no transporte público, especialmente à noite. Passageiros estão em maior risco de roubo ou agressão ao usar ônibus públicos no Brasil.
  • Use maior cautela ao fazer trilhas em áreas isoladas.
  • Desenvolva um plano de comunicação com a família, empregador ou organização anfitriã para que possam monitorar sua segurança e localização enquanto você viaja por áreas de alto risco. Especifique como você confirmará que está seguro (mensagens de texto, chamadas, etc.), com que frequência e quem você contatará primeiro para compartilhar as informações.
  • Inscreva-se no Programa de Inscrição de Viajantes Inteligentes (STEP) para receber mensagens e alertas da Embaixada dos EUA e facilitar sua localização em uma emergência.
  • Revise o Relatório de Segurança do País para o Brasil.
  • Prepare um plano para situações de emergência. Revise a Lista de Verificação do Viajante.
  • Visite a página do CDC para as últimas Informações de Saúde de Viagem relacionadas à sua viagem e retorno aos Estados Unidos.
  • Recomendamos fortemente que você compre seguro antes de viajar. Verifique com seu provedor de seguro de viagem sobre assistência de evacuação, seguro médico e cobertura de cancelamento de viagem.
 
Fronteiras Internacionais – Nível 4: Não Viaje
 
Dado os riscos de segurança, funcionários do governo dos EUA que trabalham no Brasil devem obter autorização especial para viajar dentro de 160 km/100 milhas das fronteiras terrestres internacionais com a Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. É permitido viajar para o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional do Pantanal.
 
Não viaje para estas áreas por qualquer motivo.
 
Visite nosso site para Viagens a Áreas de Alto Risco.
 
 
Desenvolvimentos Habitacionais Informais (mais conhecidos como favelas, vilas, comunidades ou conglomerados) – Nível 4: Não Viaje
 
Dado as preocupações com o crime, funcionários do governo dos EUA que trabalham no Brasil devem obter autorização especial para viajar para desenvolvimentos habitacionais informais no Brasil.
 
Não viaje para desenvolvimentos habitacionais informais, mesmo em visitas guiadas. Nem as empresas de turismo nem a polícia podem garantir sua segurança ao entrar nessas comunidades. Mesmo em áreas que a polícia ou os governos locais consideram seguras, a situação pode mudar rapidamente. Embora alguns desenvolvimentos habitacionais informais tenham limites claros, outras áreas podem ser menos óbvias e podem ser identificadas por condições de superlotação, pobreza ou construção irregular. Exerça cautela perto dessas comunidades, pois os confrontos entre gangues e a polícia às vezes se estendem além dos limites dessas áreas.
 
Verifique a Seção de Segurança e Proteção na página de informações do país e consulte os mapas no site da Embaixada para obter detalhes sobre favelas.
 
Não viaje para estas áreas por qualquer motivo.
 
Visite nosso site para Viagens a Áreas de Alto Risco.
 
 
“Cidades Satélites” de Brasília – Nível 4: Não Viaje
 
Dado os riscos de crime, funcionários do governo dos EUA que trabalham no Brasil devem obter autorização especial para viajar para as Regiões Administrativas de Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá entre 18:00h e 06:00h.
 
Não viaje para estas áreas por qualquer motivo.


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