CAMINHOS DE NERUDA

Casa de Neruda é a melhor opção cultural no Chile

Outono é a época em que o Chile mais recebe brasileiros, atraídos pela baixa temporada e os preços acessíveis no país. Há voos diretos saindo de BH

Publicidade
Carregando...

SANTIAGO (CHILE) – Certo dia, no meio do ano de 1970, Pablo Neruda chegou aliviado à casa que mantinha em Isla Negra, no Chile. Há alguns dias, o nome do poeta vinha sendo aventado para concorrer à presidência do país nas eleições daquele ano, mas, naquele dia, especificamente, em reunião do Partido Socialista, ficou decidido que o postulante ao cargo máximo do executivo seria Salvador Allende, amigo de Neruda.

O resto da história é conhecida. Depois de eleito, Allende tentou implementar o socialismo pela via democrática. Promoveu a redistribuição de renda e a reforma agrária, restabeleceu relações do Chile com Cuba e, pela primeira vez, iniciou relações com a China, Coreia do Norte, Vietnã do Norte e Alemanha Oriental.

Allende, entretanto, penou com a política econômica. A inflação do Chile passou de 22,1% para 206,5% em apenas 12 meses (de 1971 para 1972). E, em 1973, o país viu uma grande greve liderada por grandes e médios empresários, e grupos de classe média.

Essa foi a combinação perfeita para causar o levante militar conhecido como "tanquetazo", em 29 de junho de 1973. Em outras palavras, um golpe militar que deu início a uma ditadura sangrenta comandada por Augusto Pinochet (1915-2006) e terminada apenas em março de 1990.

A história oficial diz que Allende se matou no decorrer do levante militar. No entanto, parcela significativa dos chilenos acha que o ex-presidente foi morto pelos militares.

Voltando para 1970, quando Neruda chegou aliviado em casa por não ter que se lançar candidato a presidente, parecia que o poeta e prêmio Nobel de Literatura pressentia o livramento. Ele atravessou a pequena porta que dava acesso à sala repleta de carrancas de proa que colecionava, seguiu pela cozinha com vista para o mar do Pacífico e subiu para o quarto que dividia com Matilde Urrutia. Deitou-se na cama – de frente a uma enorme janela também com vista para o mar – e descansou.

Neruda continuou vivendo naquele local por mais três anos. Tinha uma rotina pacata, até que, em setembro de 1973, começou a passar mal. Foi levado para a Clínica Santa María, em Santiago, e recebeu o diagnóstico de câncer de próstata. Ficou internado até 23 de setembro, quando morreu em decorrência da doença.

 

CASA MUSEO ISLA NEGRA

Todos os móveis da casa continuam do mesmo jeito que foram deixados pelo poeta e podem ser vistos em tour guiado pela Casa Museo Isla Negra, nome que o imóvel recebeu depois de ser aberto ao público como museu. A visita, aliás, é um dos programas imperdíveis para quem pretende ir ao Chile.

No outono, o país está em baixa temporada e os preços ficam mais acessíveis para os brasileiros. Há voo direto de Belo Horizonte para Santiago, rota feita pela Latam saindo de Confins e com duração de quase cinco horas de viagem. Mas também há voos partindo de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Brasília, Recife e Fortaleza – os três últimos foram inaugurados recentemente. Passageiros Black Signature, Black e Platinum, e passageiros voando nas cabines premium da Latam têm acesso à sala vip da companhia aérea em Santiago, uma das maiores e mais confortáveis da América Latina.

Instigante em todos os detalhes, a Casa Museo Isla Negra é como uma longa embarcação. Neruda se dizia marinheiro de terra firme. Com os pés plantados no chão, ele procurou criar espaços que lhe dessem a sensação de estar no meio do oceano. Por isso, os corredores estreitos e móveis de madeira daquela casa apertada lembram o interior de um navio.

As janelas redondas lembram escotilhas e os cômodos se parecem com deques. Pelas estantes e armários, espalham-se bússolas, globo terrestre, mapas, lunetas, conchas e até pedaços de embarcações. Cada pequeno espaço foi planejado para se parecer com as dependências de um navio do século 16.

O tour Casa Museo Isla Negra termina no restaurante Nobel, anexo ao museu. Lá, o visitante experimenta Pisco Sour (espécie de caipirinha, mas com destilado de uva ao invés de cachaça) e Tortilla Española (algo parecido com omelete, feito com ovos e batata frita), prato que Neruda aprendeu a fazer na Espanha e que costumava servir seus convidados.

Por fim, está a lojinha de souvenir. Passar por lá não é obrigatório, mas vale a pena, porque é onde se encontra, além de livros do Nobel de Literatura, boinas semelhantes às que ele usava.

Se o leitor quiser mais uma dica, a visita pela casa de Neruda em Isla Negra deve ser o primeiro passeio do roteiro. É uma excelente porta de entrada para conhecer um pouco da cultura do país vizinho, que construiu sua história aliando arte e política. E ninguém melhor que Neruda para mostrar isso.

* O jornalista viajou a convite da LATAM Airlines e da Federação de Empresas de Turismo do Chile

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay