REVIEW

'Tony Hawk’s Pro Skater 3+4' reinventa a nostalgia com gosto de Brasil

Clássicos do skate digital ganham gráficos modernos, fases inéditas e skatistas brasileiros em destaque

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Ligar "Tony Hawk’s Pro Skater 3+4" pela primeira vez é um retorno imediato aos anos 2000. Para quem cresceu tentando acertar o “900” em um PlayStation 2, o som do “Ace of Spades”, do Motörhead, é um convite para revisitar tardes inteiras gastas em corrimãos virtuais. Este remake, desenvolvido pela Iron Galaxy e publicado pela Activision, chegou em 11 de julho de 2025 para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC e Switch, trazendo a coletânea definitiva de dois títulos que marcaram gerações. A proposta é clara: reviver a era de ouro do skate digital com melhorias modernas, embora nem todas caiam de pé.

Contexto histórico

A franquia nasceu em 1999 e rapidamente se tornou um fenômeno cultural. Enquanto "THPS3" (2001) consolidava a jogabilidade arcade com manobras icônicas, "THPS4" (2002) ousava com mapas maiores e um mundo semiaberto, pavimentando o caminho para futuros games como "Underground". O sucesso, porém, não foi eterno: o desastroso "THPS5" (2015) quase sepultou a marca.

Em 2020, o remake de "THPS1+2" reacendeu o interesse, mostrando que havia espaço para nostalgia bem executada. A expectativa para a nova aventura vinha acompanhada de pressão de superar o padrão altíssimo do título anterior e honrar dois dos capítulos mais queridos da franquia. Com a Vicarious Visions fechada, a Iron Galaxy assumiu o desafio e entregou um pacote sólido, ainda que controverso.

Jogabilidade

A boa notícia é que a mecânica continua atemporal. O controle do skate é preciso, fluido e responsivo; a sensação de emendar um manual após um grind ainda é eletrizante. A filosofia de “sessões de dois minutos” segue como a melhor forma de explorar os mapas, e a progressão integrada, com pontos, dinheiro e evoluções compartilhadas entre os dois games, mantém tudo coeso.

Os cenários clássicos foram atualizados sem perder identidade, enquanto três fases inéditas (Pinball, Waterpark e um estúdio de cinema) adicionam frescor. Por outro lado, a decisão de remodelar completamente a campanha de "THPS4", removendo seu formato semiaberto, pode decepcionar veteranos. O editor de fases compensa parte disso, com liberdade criativa impressionante, permitindo criar mapas desafiadores e objetivos personalizados.

Gráficos e som

Graficamente, o título é uma carta de amor aos originais. Os cenários foram reconstruídos com riqueza de detalhes sem comprometer a leitura dos espaços, essencial em um game de alta velocidade. A performance é estável, com carregamentos rápidos e poucos bugs graves.

A trilha sonora, porém, é o ponto mais controverso: apenas 10 das 55 faixas originais voltaram. Bandas icônicas como AC/DC, System of a Down e The Offspring ficaram de fora, e a curadoria parece mais voltada para novos acordos comerciais do que para honrar a herança musical do jogo. Ainda assim, há boas adições, como “Dog Years”, do Urethane, e “hollywood sucks//”, de KennyHoopla, além da inclusão de “Vai Vendo”, de Marcelo D2, que reforça a identidade brasileira do título.

Representatividade

Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 traz jogabilidade clássica e skatistas brasileiros
Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 traz jogabilidade clássica e skatistas brasileiros Activision/divulgação

Embora não seja narrativo, o game aposta em representatividade. Rayssa Leal, Letícia Bufoni e Bob Burnquist compõem uma escalação que conecta gerações, com o Rio de Janeiro como cenário jogável em meio a pontos turísticos icônicos. Essas escolhas tornam o remake não apenas nostálgico, mas também relevante para novos públicos, reforçando o impacto global do skate brasileiro e o papel dos games na tecnologia de entretenimento interativo.

Impacto cultural

A franquia moldou gerações na música, moda e estilo de vida. "Tony Hawk’s Pro Skater 3+4" tenta recriar essa aura, mas nem sempre acerta. A ausência de parte da trilha sonora original enfraquece o elo emocional com jogadores veteranos, enquanto a tentativa de modernizar o pacote o aproxima mais de uma grande expansão de "THPS1+2" do que de um remake que redefine parâmetros. Ainda assim, revisitar mapas clássicos com gráficos modernos e ver atletas brasileiros em destaque mantém viva a sensação de que este game é parte da cultura pop global.

Pontos fortes e fracos

Destaques

  • Jogabilidade arcade impecável, com controles responsivos.
  • Mapas clássicos reimaginados com esmero e fases inéditas criativas.
  • Representatividade brasileira com pistas, músicas e skatistas locais.
  • Editor de fases robusto, com potencial de longevidade via comunidade.

Limitações

  • Trilha sonora original em grande parte ausente, quebrando parte da nostalgia.
  • Campanha de "THPS4" descaracterizada, sem o formato semiaberto.
  • Criação de skatista pouco inspiradora.
  • Multiplayer limitado, sem playlists customizáveis.

Custo-benefício

Com dezenas de horas de conteúdo e suporte multiplataforma, o título vale o investimento para quem busca diversão arcade de qualidade, mas não substitui totalmente os originais para fãs hardcore.

Comparativo

Enquanto o remake de "THPS1+2" foi celebrado como quase perfeito, este game parece jogar de forma mais conservadora, oferecendo um “pacote premium” de nostalgia sem ousar tanto. Jogos como "Skate" e "Session" continuam oferecendo experiências mais realistas, enquanto este título mantém o estilo arcade, reforçando sua identidade única, mas limitando evolução.

Veredicto

"Tony Hawk’s Pro Skater 3+4" é um tributo competente a dois clássicos que definiram uma era. Ele entrega controles refinados, mapas icônicos e conteúdo robusto, mas tropeça em decisões criativas, como a trilha sonora mutilada e a descaracterização de "THPS4". Para novatos, é uma porta de entrada brilhante; para veteranos, uma experiência divertida, mas que não supera a magia dos originais.

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Nota final: 8/10 – Ótimo

Recomendado para fãs da série, amantes de skate arcade e jogadores que buscam um game descomplicado e viciante, representando a interseção perfeita entre games e tecnologia.

*Testamos 'Tony Hawk’s Pro Skater 3+4' com uma cópia do Nintendo Switch fornecida pela Activision e também na versão de Xbox Series S pelo Xbox Game Pass.

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