Sarampo: por que a doença que já foi eliminada voltou a preocupar
Queda na cobertura vacinal e desinformação estão entre as causas do ressurgimento do sarampo no Brasil; entenda os riscos e a importância da imunização
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A confirmação de dois casos de sarampo em Uberlândia (MG) na última semana acende um alerta nacional sobre uma doença cuja circulação endêmica havia sido eliminada do país. O Brasil recebeu a certificação de eliminação do sarampo em 2016, mas a perdeu em 2019 devido a surtos registrados no país. O ressurgimento de casos localizados coloca em evidência os riscos de um problema de saúde pública que parecia superado, trazendo preocupação para famílias e autoridades.
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O retorno do sarampo está diretamente ligado à queda na cobertura vacinal no país. Anos de campanhas bem-sucedidas levaram a uma falsa sensação de segurança, fazendo com que muitas pessoas deixassem de ver a doença como uma ameaça real. Esse cenário foi agravado pela disseminação de notícias falsas, que criaram desconfiança sobre a segurança e a eficácia das vacinas.
Essa combinação de fatores é perigosa, pois o sarampo é extremamente contagioso. Uma pessoa infectada pode transmitir o vírus para até 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. A proteção coletiva, conhecida como imunidade de rebanho, só funciona quando a grande maioria da população está vacinada.
Sarampo no mundo
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o sarampo continua sendo uma das principais causas de morte em crianças pequenas no mundo e pode matar até 10% dos casos em populações com altos níveis de desnutrição e falta de cuidados de saúde adequados.
Ainda de acordo com dados da OMS, entre 2000 e 2023 a taxa global de mortalidade caiu em 83%, graças, em parte, às vacinas contra o sarampo o que teria contribuído para evitar 60 milhões de mortes em todo o mundo nesse período. Em novembro de 2024 a organização considerou a Região das Américas como livre do sarampo endêmico.
Entretanto, a doença vem apresentando um crescimento expressivo no continente. Em 2024 foram confirmados 465 casos, já este ano o número chegou a 10.139 casos até o final de julho, um aumento de 2.080%.
Sintomas e riscos da doença
O sarampo é uma doença grave, principalmente em crianças menores de cinco anos e adultos. Os primeiros sinais podem ser facilmente confundidos com os de um resfriado comum, o que atrasa o diagnóstico e aumenta o risco de transmissão. Fique atento aos principais sintomas:
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febre alta, acima de 38,5°C;
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tosse persistente;
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coriza e olhos irritados e lacrimejantes (conjuntivite);
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manchas brancas no interior da boca (manchas de Koplik);
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manchas vermelhas na pele, que começam no rosto e se espalham pelo corpo.
As complicações podem ser severas e incluem diarreia intensa, infecções nos ouvidos, cegueira, pneumonia, encefalite (inflamação do cérebro) e até óbito. Não existe um tratamento específico para o sarampo, apenas medicamentos para aliviar os sintomas. Por isso, a prevenção é fundamental.
Quem deve tomar a vacina?
O Calendário Nacional de Vacinação estabelece esquemas diferentes para cada faixa etária, visando garantir a imunidade ao longo da vida. A recomendação principal é que todos tenham duas doses da vacina com o componente sarampo registradas na caderneta.
Confira o esquema vacinal para cada grupo:
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Crianças: a primeira dose da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é aplicada aos 12 meses de vida. A segunda dose, com a vacina tetra viral (que inclui varicela), é administrada aos 15 meses.
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Pessoas de 5 a 29 anos: quem não se vacinou ou não tem comprovação deve receber duas doses da tríplice viral, com um intervalo mínimo de 30 dias entre elas.
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Pessoas de 30 a 59 anos: caso não tenham sido vacinadas anteriormente, devem receber uma dose da tríplice viral.
A vacina é contraindicada para gestantes e pessoas com o sistema imunológico comprometido. Em caso de dúvida, a orientação é procurar um profissional de saúde.
A vacina contra o sarampo está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do estado. Para se imunizar, basta comparecer ao posto mais próximo com um documento de identificação com foto e, se possível, a caderneta de vacinação.
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Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.