SETEMBRO AMARELO

Saúde mental: arte e animais não substituem tratamento, mas são aliados

É importante identificar sinais de transtornos precocemente e adotar práticas que ampliem a rede de apoio. Buscar ajuda não é fraqueza

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Quando se fala em saúde mental, especialmente em um período como o Setembro Amarelo, cresce o debate sobre diversas formas de cuidado e acolhimento. Para se ter uma ideia da importância do tema, somente em 2024, o Brasil registrou mais de 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais. Estudos também mostram que pessoas com depressão ou transtorno bipolar têm até oito vezes mais risco de suicídio, o que reforça a importância de identificar sinais precocemente e adotar práticas que ampliem a rede de apoio.

A psicanalista e cantora Renata Araújo observa que buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de prevenção. Ela destaca que a arte, em suas diversas manifestações, pode abrir caminhos de escuta e expressão que, muitas vezes, não encontram tradução em palavras. “Sem dúvida, a arte tem uma relação direta com o autoconhecimento e com o contato com emoções. A dificuldade de dizer em forma de palavras pode perfeitamente ser atenuada e expressa por meio de músicas, da expressão corporal quando se dança”, explica.

As práticas artísticas, ressalta Renata, não substituem o tratamento clínico, mas funcionam como complemento valioso, especialmente para quem enfrenta quadros de depressão ou ansiedade. Atividades como música, teatro ou dança reduzem o estresse, fortalecem a autoestima e estimulam a socialização, criando espaços de troca e pertencimento. “Essas relações são muito ricas, cheias de trocas”, completa a psicanalista.

Outro recurso que ganha destaque nas pesquisas científicas é a convivência com animais de estimação. Levantamento divulgado em 2022 pelo Instituto de Pesquisa de Vínculos Humanos e Animais (HABRI) e a empresa de nutrição Mars Petcare, revelou que quanto maior o vínculo entre tutor e pet, menores os riscos de depressão e ansiedade. O estudo também apontou que 80% das pessoas se sentem menos solitárias na companhia de seus animais. A presença dos pets, portanto, atua como fonte de apoio emocional, conforto e aceitação incondicional.

“Além de contribuir para o bem-estar emocional, a convivência com pets está associada a diversos benefícios físicos e sociais. As pesquisas, incluindo estudos que tenho conduzido, têm reforçado cada vez mais o papel essencial desses vínculos no dia a dia das famílias brasileiras. A convivência com pets melhora o bem-estar emocional, ajuda a reduzir a solidão e fortalece a autoestima”, comenta a psicoterapeuta e pesquisadora Renata Roma, doutora pela Universidade Brock e pós-doutora em vínculos humano-animal pela Universidade de Saskatchewan, ambas no Canadá.

Uma revisão de 70 estudos reforçou que a convivência com pets contribui não apenas para reduzir sintomas de depressão e ansiedade, mas também para melhorar o bem-estar psicológico e social. Um deles, por exemplo, revela que, para 56 % dos entrevistados, o animal de estimação literalmente “os salvou”, seja emocional, mental ou fisicamente; e que para 97 % dos tutores consideram seus animais parte da família. “Esses números mostram o impacto profundo que os pets têm  na saúde mental, incluindo em condições como depressão, que podem estar associadas a pensamentos suicidas”, afirma Renata Roma, que, atualmente, escreve um livro sobre a importância dos pets na saúde mental em contextos clínicos.

Ao conjugar essas práticas de autocuidado e acolhimento cotidiano como aliados do tratamento clínico, especialistas ressaltam que a saúde mental deve ser abordada em múltiplas camadas. Em tempos em que os indicadores de sofrimento psíquico crescem, valorizar a prevenção e ampliar os caminhos de expressão e vínculo é uma forma de lembrar que ninguém precisa enfrentar sozinho os desafios da mente.

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