Saúde

Como o barulho de fogos afeta idosos, crianças autistas e pets

O barulho pode causar crises de ansiedade, estresse e até problemas cardíacos; especialistas dão dicas de como proteger os mais vulneráveis.

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A recente e intensa queima de fogos em Fortaleza, supostamente ligada a ações de facções criminosas, trouxe à tona um problema que vai além da segurança pública. O barulho ensurdecedor, que ecoou por diversos bairros, causa um impacto profundo e muitas vezes silencioso em grupos vulneráveis, como idosos, crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e animais de estimação.

Para eles, o que pode ser uma celebração para alguns se transforma em um gatilho para crises de ansiedade, estresse agudo e desorientação. O som repentino e imprevisível das explosões é percebido como uma ameaça real, desencadeando reações físicas e emocionais que podem levar a consequências graves, incluindo problemas cardíacos e acidentes.

O impacto em crianças com autismo

Crianças no espectro autista frequentemente possuem hipersensibilidade sensorial, especialmente auditiva. Isso significa que sons que são apenas altos para a maioria das pessoas podem ser fisicamente dolorosos e esmagadores para elas. O barulho dos fogos de artifício não é apenas alto, mas também imprevisível e sem um padrão claro.

Essa sobrecarga sensorial pode levar a crises intensas. As reações mais comuns incluem choro incontrolável, agitação, comportamentos auto lesivos como bater a cabeça e uma sensação avassaladora de pânico. O cérebro não consegue processar a avalanche de estímulos, gerando um estado de alerta e medo constante enquanto os ruídos persistirem.

Para minimizar o sofrimento, é fundamental criar um ambiente seguro. Manter a criança em um cômodo mais isolado da casa, com portas e janelas fechadas, ajuda a abafar o som. Fones de ouvido com cancelamento de ruído são ferramentas eficazes para bloquear os estímulos externos e proporcionar alívio imediato.

Oferecer distrações também é uma estratégia válida. Colocar um filme, uma música calma que a criança goste ou engajá-la em uma brincadeira pode desviar o foco do barulho. Em alguns casos, explicar de forma simples o que está acontecendo pode ajudar a diminuir a ansiedade, dando algum sentido ao caos sonoro.

Como os idosos são afetados

O sistema nervoso de uma pessoa idosa reage de maneira diferente a estímulos súbitos e intensos. O barulho dos fogos pode provocar um aumento repentino da pressão arterial e da frequência cardíaca. Para quem já convive com doenças cardiovasculares, como hipertensão ou arritmia, esse pico de estresse representa um risco real.

Além do impacto físico, há o abalo psicológico. Muitos idosos, especialmente os que moram sozinhos, associam barulhos altos e inesperados a situações de perigo, como assaltos ou violência. Isso gera um estado de ansiedade e insegurança que pode persistir por horas, prejudicando o sono e o bem-estar geral.

Para protegê-los, a recomendação é mantê-los em um ambiente calmo e acompanhados, se possível. A presença de um familiar transmite segurança e ajuda a acalmar. Ligar a televisão em um volume moderado ou colocar uma música suave pode ajudar a mascarar o som externo, tornando-o menos assustador.

É importante também garantir que medicações de uso contínuo, especialmente para o coração e pressão, estejam facilmente acessíveis. Conversar e tranquilizar a pessoa, explicando a origem do barulho, pode fazer uma grande diferença na forma como ela percebe e reage à situação.

O sofrimento dos animais de estimação

Cães e gatos possuem uma audição muito mais apurada que a dos seres humanos. Para eles, o som dos fogos de artifício é multiplicado, tornando a experiência aterrorizante. O instinto primário é de fuga, pois interpretam o barulho como uma ameaça iminente à sua sobrevivência.

As reações mais comuns são tremores, salivação excessiva, taquicardia e tentativas desesperadas de se esconder nos menores espaços possíveis. Em pânico, muitos animais tentam fugir de casa, correndo o risco de atropelamentos e de se perderem. Há casos de animais que se ferem gravemente ao tentar pular janelas ou atravessar portões.

A melhor forma de proteger os pets é mantê-los dentro de casa, em um cômodo seguro e com janelas e cortinas fechadas. Nunca os deixe acorrentados ou sozinhos no quintal, pois o desespero pode levar a acidentes fatais. Crie um "abrigo" com suas caminhas e brinquedos favoritos.

Ligar um rádio ou a televisão ajuda a abafar os sons externos. Existem também no mercado produtos como difusores de feromônios que promovem a sensação de calma. Agir naturalmente e oferecer petiscos e carinho pode mostrar ao animal que, apesar do barulho, o ambiente ao seu redor continua seguro.

Por que fogos de artifício são tão prejudiciais para crianças com autismo?

Crianças no espectro autista frequentemente têm uma condição chamada hipersensibilidade auditiva. Seus cérebros processam sons de forma amplificada.

O barulho alto e repentino dos fogos sobrecarrega o sistema nervoso, causando dor física e um estresse extremo, que pode levar a crises de pânico e ansiedade.

Quais são os riscos do barulho de fogos para a saúde dos idosos?

O susto causado pelas explosões pode gerar picos de pressão arterial e aumento da frequência cardíaca. Isso é perigoso para idosos com doenças cardiovasculares preexistentes.

Além disso, o barulho pode causar ansiedade, insônia e uma sensação de insegurança, afetando diretamente a saúde mental e o bem-estar.

O que fazer para proteger os pets durante uma queima de fogos?

Mantenha cães e gatos dentro de casa, em um cômodo seguro e fechado. Nunca os deixe sozinhos em áreas externas, mesmo que cercadas.

Use sons ambientes, como de uma TV ou rádio, para abafar o barulho. Ofereça brinquedos e petiscos para distraí-los e crie um esconderijo seguro para eles.

O barulho dos fogos pode causar problemas permanentes nos animais?

O estresse agudo geralmente é temporário, mas as consequências do pânico podem ser permanentes. Um animal pode se perder ao fugir ou sofrer um acidente grave.

A experiência traumática também pode desenvolver fobias duradouras, fazendo com que o animal se torne medroso e reativo a outros barulhos altos no futuro.

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