O que é síndrome de Estocolmo? Morre criminoso que deu origem ao termo

Morreu na última quinta-feira (26/6) o criminoso Clark Olofsson, figura central no assalto que deu origem ao termo “síndrome de Estocolmo”, aos 78 anos. A informação foi confirmada pela família à imprensa local. Olofsson estava hospitalizado, mas a causa da morte não foi divulgada.

O sueco ganhou notoriedade mundial em agosto de 1973, quando um assalto a banco no centro de Estocolmo se transformou em uma crise de seis dias com reféns. O episódio resultou na criação do conceito psicológico que descreve o aparente apego de vítimas aos seus sequestradores. 

O que é a síndrome de Estocolmo?

O termo foi cunhado pelo psiquiatra sueco Nils Bejerot, que acompanhava as negociações do sequestro e observava o comportamento dos reféns. A síndrome de Estocolmo passou a ser definida como uma reação psicológica na qual pessoas sequestradas desenvolvem sentimentos de simpatia, lealdade ou até afeição pelos sequestradores, mesmo diante de situações de ameaça ou violência.

Embora o termo tenha ganhado projeção internacional e sido amplamente adotado em diferentes contextos —inclusive em discussões sobre relacionamentos abusivos—, não é considerado oficialmente um diagnóstico psiquiátrico. “É mais uma metáfora clínica do que uma condição reconhecida”, explica o psiquiatra Christoffer Rahm, pesquisador do Instituto Karolinska, na Suécia.

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Christoffer pontua que o conceito muitas vezes é mal interpretado e romantizado. As declarações de Kristin Enmark e das outras reféns foram, à época, analisadas sob um viés fortemente sexualizado. Embora Kristin e Olofsson tenham se relacionado anos depois do sequestro, ela mesma negou qualquer envolvimento afetivo durante o episódio. “Ele era minha chance de sobrevivência. Me protegeu do ‘Janne’”, escreveu, se referindo ao outro assaltante, Jan-Erik Olsson.

Olofsson foi retratado na série "Clark". No cinema, a síndrome de Estocolmo foi abordada no filme Ata-me!, de Pedro Almodóvar.

O assalto

O caso teve início no dia 23 de agosto de 1973, quando Jan-Erik Olsson, um criminoso sob efeito de entorpecentes, invadiu armado uma agência do Kreditbanken, em Estocolmo. Após render clientes e funcionários, fez quatro reféns — três mulheres e um homem — e exigiu, entre outras coisas, a presença de Clark Olofsson, que cumpria pena na época. Surpreendentemente, as autoridades suecas cederam à exigência, e Olofsson foi levado ao local.

Com sua chegada, a tensão do assaltante diminuiu. Olofsson assumiu parte das negociações com a polícia e acabou ganhando a confiança dos reféns.