Hábito perigoso, automedicação faz parte da rotina de 90% dos brasileiros
Especialista explica que até mesmo o consumo de antigripais e analgésicos sem recomendação médica, pode trazer riscos à saúde
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Siga noQuem nunca, ao sentir aquela dor de cabeça chata ou qualquer outro sintoma, foi à prateleira de primeiros socorros e, mais que rapidamente, se automedicou na tentativa de acabar com o incômodo? Embora comum e aparentemente inofensiva, a prática – que faz parte da rotina de nove em cada dez brasileiros, segundo o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) – pode trazer danos à saúde.
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Para a docente do curso de farmácia do Centro Universitário UniBH e integrante do Ecossistema Ânima, Adriana Nascimento de Sousa, falar sobre os riscos da automedicação é um tema sempre atual e extremamente importante, já que o hábito pode contribuir para consequências graves que vão desde o uso de um medicamento errado para um problema que não será sanado, a interações entre fármacos.
“Essa segunda situação acontece, por exemplo, quando a pessoa já faz uso de um medicamento de forma contínua e começa a tomar outro, por conta própria, na crença de que ele não vai interagir com o primeiro. A interferência não só acontece como ocorre de duas formas: o medicamento usado indevidamente pode não produzir o efeito desejado e ainda gerar efeitos tóxicos no organismo”. As reações adversas, segundo a especialista, podem incluir alterações no metabolismo dos fármacos, sonambulismo, falta de consciência e, em casos mais severos, parada cardiorrespiratória.
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Outro problema relacionado à automedicação, conforme Nascimento, é que, às vezes, a dose utilizada pode ser elevada causando intoxicações por superdosagem, ou reduzida, inferior à quantidade realmente necessária para produzir o efeito farmacológico.
A professora do UniBH também reforça que até mesmo o hábito de tomar antigripais e analgésicos diante dos pequenos sintomas, não é o ideal. Isso porque muitos deles, como a dipirona, geralmente podem causar queda de pressão. Já o Paracetamol, outro fármaco de consumo frequente entre os brasileiros, é extremamente hepato tóxico. “Doses elevadas podem causar falência do fígado”, alerta.
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Embora Adriana reconheça ser difícil combater a prática da automedicação nos dias de hoje, em que o acesso à informação via Inteligência Artificial, Google e outros canais/dispositivos, é muito fácil, rápido e barato, por outro lado, ela faz questão de enfatizar sobre a importância de procurar o farmacêutico, antes de usar qualquer medicamento.
“A ajuda médica é crucial, mas, muitas vezes, o paciente não consegue acesso rápido aos centros de saúde. Por isso, quem tem algum sintoma e precisa tomar um medicamento, mas não consegue fazer uma consulta médica imediata, deve recorrer ao farmacêutico”, reforça, acrescentando que o profissional é preparado para orientar e indicar a medicação correta. “Isso sem falar que durante esta prescrição, o farmacêutico fará uma análise do paciente para saber se ele faz uso de outros medicamentos, se tem alguma doença crônica ou impeditivo clínico.”
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