SAÚDE DA MULHER

Obesidade impacta fertilidade e gravidez, apontam especialistas

Endocrinologistas discutem como peso corporal influencia concepção, gestação e saúde materno-fetal

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Especialistas reunidos, nesta sexta-feira (30/5), no XXI Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, realizado em Belo Horizonte, discutiram as relações entre obesidade e fertilidade. Segundo os endocrinologistas presentes, o excesso de peso interfere tanto na capacidade de concepção quanto nos desfechos gestacionais.

A endocrinologista Lenita Zajdenverg explicou que as curvas de ganho de peso gestacional para mulheres com obesidade são diferentes das recomendações internacionais. “No Brasil, uma mulher com obesidade vai muito bem se ela ganha 7,2 kg, sem aquele parâmetro de 9 kg”, afirmou. Ela destacou que não ganhar peso na gestação não é seguro para essas pacientes. “O não ganho de peso se associou a aumento de risco para bebês pequenos para a idade gestacional”, disse. 

Por outro lado, pequenas perdas em mulheres com diabetes tipo 2 e obesidade podem reduzir o risco de bebês grandes. Além disso, segundo Lenita, “programas de atividade física programada com auxílio de educadores físicos reduziram significativamente o risco de desenvolver diabetes gestacional”. Já o uso de medicamentos como metformina, afirmou, “não serve para tratar obesidade na gestação”. Vale destacar que nenhum medicamento voltado para a perda de peso pode ser usado durante a gravidez. 

O endocrinologista Cristiano Roberto Grimaldi Barcellos destacou que mulheres com sobrepeso ou obesidade frequentemente enfrentam subfertilidade devido a alterações hormonais e problemas na receptividade endometrial. “Perdeu um pouco de peso, essa paciente já restabelece ciclos ovulatórios e ela acaba tendo uma gestação mais adequada”, explicou.

Estudos mostram que a perda de 5% a 10% do índice de massa corporal (IMC) antes da concepção pode reduzir riscos como diabetes gestacional, necessidade de cesáreas e fetos com macrosomia (crescimento fetal excessivo). “Mas tratar a obesidade antes da gestação é tratar a saúde da mulher, não apenas normalizar o IMC”, acrescentou.

Por outro lado, Cristiano alertou para o ganho de peso recorrente durante a gestação. “As mulheres que perdem peso antes da gravidez, mas ganham peso durante a gestação, perdem os benefícios obtidos”, disse. Ele também chamou atenção para os riscos no pós-parto. “A retenção de peso no pós-parto compromete a fertilidade, os desfechos e a saúde materna posteriormente”.

O ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Paulo Augusto Carvalho Miranda, abordou o manejo do peso durante o pós-parto e amamentação. “Gestação é um fator de risco para obesidade”, afirmou.

Ele explicou que o aleitamento materno exige cerca de 500 kcal diárias adicionais, mas que intervenções para perda de peso devem ser cuidadosas. “As mulheres perdem peso durante a amamentação, mas intervenções devem priorizar mudanças de estilo de vida, não dietas radicais ou medicamentos”, ressaltou. Paulo reforçou ainda que “a abordagem de gerenciamento de peso na gestação não pode parar na gravidez positiva de ultrassom, ela deve continuar com acompanhamento no pós-parto”.

Os especialistas reforçaram que tratar a obesidade antes da gravidez pode trazer benefícios maternos e fetais, mas ainda faltam estudos robustos para determinar quais intervenções são mais eficazes. “A orientação para a paciente e a capacitação de profissionais são fundamentais”, disse Cristiano. A recomendação atual, segundo os especialistas, é individualizar o atendimento, orientar sobre riscos e envolver equipes multiprofissionais no cuidado pré-concepcional, gestacional e pós-parto.

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