SAÚDE DA MULHER
Endometriose na adolescência: quando a cólica forte dispara sinal de alerta
Ginecologista explica como identificar os primeiros sinais da doença em adolescentes e por que o diagnóstico precoce faz toda a diferença
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25/04/2025 12:27
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Muitas adolescentes acreditam que é normal sentir dor forte durante a menstruação. Segundo a ginecologista Ana Paula Fonseca, cólicas intensas, incapacitantes e que não melhoram com analgésicos comuns podem ser um dos primeiros sinais de endometriose — mesmo na adolescência.
“Infelizmente, ainda existe uma naturalização da dor menstrual. Mas a dor que impede a adolescente de ir à escola, praticar esportes ou seguir sua rotina deve ser investigada com atenção. Esse pode ser o primeiro indício de endometriose”, alerta a médica.
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A endometriose é uma doença inflamatória causada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o útero) fora do útero, podendo atingir ovários, trompas, bexiga e até o intestino. Embora mais comum entre mulheres de 25 a 35 anos, ela pode começar ainda na adolescência, com sintomas que muitas vezes são confundidos com desconfortos típicos do ciclo menstrual.
PRINCIPAIS SINTOMAS EM ADOLESCENTES
•Cólicas menstruais intensas e progressivas;
•Dor pélvica fora do período menstrual;
•Dores intestinais ou urinárias durante o ciclo;
•Fadiga e mal-estar associado à menstruação;
•Dificuldade para evacuar ou urinar no período menstrual.
“A adolescente pode não ter todos esses sintomas, mas o padrão de dor forte, que piora com o tempo e não responde bem ao tratamento convencional, já é um indicativo importante para investigação”, explica a ginecologista.
É POSSÍVEL DIAGNOSTICAR?
Embora o diagnóstico definitivo da endometriose só possa ser feito com cirurgia (geralmente por laparoscopia), é possível suspeitar e iniciar o tratamento com base na avaliação clínica e exames de imagem como o ultrassom transvaginal com preparo intestinal naquelas que já iniciaram a vida sexual ou ressonância magnética da pelve— naquelas adolescentes que ainda não iniciaram a vida sexual.
“O mais importante é não ignorar os sinais. Quanto mais cedo a endometriose for detectada e tratada, maiores são as chances de controlar a dor e preservar a fertilidade futura”, orienta Ana Paula.
A médica também destaca que o acompanhamento ginecológico desde cedo é fundamental para orientar, acolher e cuidar da saúde reprodutiva da adolescente como um todo. “Se a adolescente entende que não precisa sofrer com a dor, que existe tratamento e que ela tem direito a um cuidado acolhedor, damos a ela mais qualidade de vida agora — e no futuro também.”