DOENÇA NEUROLÓGICA

AVC hemorrágico: entenda doença que levou ex-The Voice Kids à morte

Karen Silva, ex-participante do reality musical, morreu aos 17 anos nesta quinta-feira (24/4). Condição é a segunda causa de óbito no mundo

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Karen Silva, ex-participante do The Voice Kids Brasil (Globo), morreu aos 17 anos, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. A informação foi compartilhada no perfil do Instagram da cantora. Ela estava internada no Hospital São João Batista, em Volta Redonda (RJ). Há três dias, a assessoria de imprensa publicou que a jovem "enfrentava um problema de saúde" e estava "sob cuidados médicos, com o apoio e carinho de sua família e equipe". Karen participou do reality musical da Globo em 2020, e foi semifinalista do programa, no time de Carlinhos Brown.

O que é o AVC?

O AVC é a doença que mais mata e incapacita no Brasil e no mundo. É a segunda causa de morte a nível global. Uma a cada quatro pessoas sofrem a doença. É o que informa a neurologista do Hospital Orizonti, Josemary Cavalcante. Pode ser distinguido em dois tipos: o isquêmico e o hemorrágico.

O isquêmico é o mais comum, e representa entre 80% e 85% dos casos. Acontece quando há uma obstrução da artéria que leva sangue para determinadas regiões do cérebro - o tecido arterial que fica sem sangue sofre o que resulta em um AVC isquêmico.

No hemorrágico, o paciente tem uma ruptura da artéria, seja por um pico hipertensivo, seja por um aneurisma cerebral que se rompe, explica a médica. Essa forma acontece entre 10% a 15% dos casos e tende a ser mais grave.

O que faz o AVC ser grave é o tanto de tecido cerebral que ele acomete, esclarece a especialista. Pode acontecer, por exemplo, um AVC hemorrágico pequeno e um AVC isquêmico grande e, nesse caso, o isquêmico vai ser mais grave por ter pego mais cérebro. Mas, nas mesmas proporções, o hemorrágico tende a ser grave por machucar mais o cérebro.

Sintomas

Na menor suspeita de que o paciente esteja tendo um AVC é preciso ir para o hospital imediatamente. Os principais sintomas podem ser identificados pela anacronia de SAMU.

O S é de sorriso — pedir para a pessoa sorrir e, se for um sorriso torto, é um dos sintomas. O A é de abraço — pedir para o paciente levantar o braço e ver se tem um diferença de força. Um dos principais sintomas é a falta de simetria de força de um lado do corpo para o outro. O M é de música — é comum que o AVC acometa a fala, então, deve-se pedir para o paciente falar ou cantar algo. O alerta é quando a fala está enrolada ou se a pessoa não consegue se expressar. E o U é de urgência — é ideal que o paciente vá o mais rápido possível para o hospital.

Tratamento

O AVC tem um dos melhores tratamentos que existem na medicina. O prognóstico é diretamente ligado ao tempo. Para o AVC isquêmico, existem dois tratamentos. O primeiro é uma medicação que precisa ser aplicada com até quatro horas e meia do início dos sintomas. O paciente que chega depois dessa janela perde essa opção de tratamento.

O outro tratamento é por meio de um cateterismo e, mesmo assim, o ideal é que seja feito com até oito horas do começo dos sintomas. "Nessa situação, com a utilização do cateter, é feita uma trombectomia mecânica, processo de retirada mecânica do trombo (coágulo)", diz Josemary.   

Quando o AVC não mata e, muitas vezes, não é bem tratado, deixa sequelas. O grau de comprometimento depende do tipo do AVC e qual a extensão. O cérebro se divide em áreas, como da fala, motora, sensibilidade, memória. Com isso, conforme o lugar onde ocorreu o AVC, a sequela será específica.

"O AVC pode acontecer em qualquer parte do sistema nervoso central. Um dos mais graves é o isquêmico que atinge o tronco cerebral, parte do sistema nervoso central que liga o cérebro à medula espinhal, uma das áreas mais vitais do cérebro. É por onde passam todas as informações do sistema nervoso central para o corpo. O paciente pode perder todos os movimentos de uma só vez, o que gera a chamada síndrome do encarceramento. Fica apenas com o movimento ocular", explica a neurologista, lembrando que o AVC hemorrágico pode também afetar a mesma área do cérebro, mas esses são casos raros.

Recuperação e fatores de risco

A reabilitação é de extrema importância, sobretudo no primeiro ano pós-AVC, quando o paciente tem maior potencial de recuperação. "A melhor janela de oportunidade para a reabilitação, quando acontecem as melhores respostas, são os primeiros três meses", diz Josemary.  Sequelas definitivas só podem ser identificadas depois do segundo ano. Geralmente, o paciente tem que passar por uma equipe multidisciplinar com fisioterapeutas, psicólogos,  fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.

A médica lembra que  o AVC isquêmico atinge sobretudo idosos e adultos em idade mais avançada. Entre os fatores de risco, hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, etilismo e sedentarismo, condições comuns que influenciam no estado de saúde como um todo.

Entre jovens, o mais frequente é o hemorrágico, ainda que pouco recorrente. "No geral, quando a doença acomete crianças e jovens é mais comumente relacionada a ruptura de vasos, seja devido a aneurismas ou más formações congênitas, tumores vasculares no geral", explica. Fatores de risco clássicos não se aplicam, já que a estrutura do organismo mais jovem ainda não é acometida por eles.

O uso e abuso de drogas também são um risco para AVC em jovens. Em alguns casos, a herança genética também influencia. "Nessas situações, por vezes passamos a investigar se existem familiares com histórico de AVC quando jovens", diz a especialista.

Quando o AVC hemorrágico se manifesta em pacientes mais jovens, os principais sinais, cita Josemary, são: dor de cabeça súbita - "a pior da vida", em suas palavras -, perda de consciência, sintomas neurológicos súbitos, como fraqueza, dormência, alteração do equilíbrio e vômitos. "Diante de qualquer sinal, é preciso procurar atendimento o mais rápido possível", recomenda, frisando que a mortalidade em relação ao AVC hemorrágico é elevada - muitas vezes o paciente chega ao atendimento já em estado grave.

Para ela, a impressão de que esses casos estão aumentando entre a população em uma faixa etária menor pode ser resultado dos casos agora serem mais noticiados, assim como mais acesso a diagnóstico e disponibilidade de tratamentos. A prevenção se relaciona em muito sobre manter um bom estilo de vida.

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