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Sábado Feminista: série "Adolescência" inspira debate em Belo Horizonte

Palestra "O machismo conectado - redes sociais e violência de gênero" discute sobre as origens do masculinismo enquanto movimento internacional

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O próximo Ciclo de Debates Sábados Feministas, projeto da Academia Mineira de Letras (AML), em parceria com o Movimento Quem Ama Não Mata, terá o tema "O machismo conectado: redes sociais e violência de gênero", no dia 26 de abril, com início às 10h e com entrada gratuita.

A partir da análise da série inglesa "Adolescência", as convidadas Karina Junqueira, mestre em ciência política, doutora em serviço social e professora da PUC Minas; e Ana Carolina Fonseca, cientista social e educadora, vão mostrar as origens e o funcionamento do movimento masculinista, que tem ligações com o neonazismo acrescido de uma forte misoginia, isto é, de ódio às mulheres, principalmente as feministas.

“Embora as redes sociais não tenham criado a misoginia, elas têm potencializado e ‘viralizado’ posicionamentos que denominamos masculinistas, constituindo a machosfera ou ‘manosfera’, ou seja, o masculinismo conectado em rede”, explica Karina. Nessas redes, como descreve a professora, são propagadas ideias masculinistas sobre a necessidade de controle e submissão das mulheres, deslegitimação do feminismo e reforço dos estereótipos de gênero.

 

Série "Adolescência"

Os homens que compõem esse universo masculinista se identificam entre grupos como “red pills” “homens SIGMA” e “incels”, que ganharam visibilidade com a série “Adolescência”. Segundo a mestre em ciência política, estes últimos defendem que, se não estão em um relacionamento, a culpa é das mulheres, especialmente do feminismo, que teria colocado um padrão excessivamente alto para os homens, que seria alcançado por poucos. “Isso leva a um ódio generalizado contra as mulheres”, alerta. “Para esses homens, o feminismo também seria culpado por subverter as hierarquias e os papéis de gênero, e o que eles buscam é que a mulher deixe de ser ‘opressora’ e se torne submissa e dominada.”

As palestrantes também vão discorrer acerca da atuação do movimento no país e sua ligação, nos últimos anos, a extrema direita: “De acordo com as pesquisas da antropóloga Adriana Dias, entre 2019 e 2021, tivemos um aumento de quase 300% no número de células nazistas no Brasil, que envolveriam até 10 mil pessoas”, comenta Karina, explicando que tais grupos têm posições antissemitas, racistas e lgbtfóbicas e negam o holocausto. “Esses grupos são críticos do feminismo, misóginos e defendem um tipo de masculinidade que hoje denominamos tóxica.”

Karina ressalta que, mesmo após a Segunda Guerra Mundial, o nazismo e o fascismo não desapareceram, e ainda têm ganhado força política no mundo. “No caso do Brasil, falta uma legislação específica sobre crimes de ódio, que são entendidos de uma maneira mais ampla. Muitas vezes, o preconceito nas redes sociais são considerados como liberdade de expressão. Mas devemos lembrar que a liberdade de expressão não é absoluta. Além disso, a apologia ao nazismo é crime no país”, destaca.

Crimes de ódio

Para Karina, além da legislação sobre crimes de ódio, seria necessária também uma regulamentação e responsabilização das redes sociais, espaço no qual proliferam os discursos neonazistas e masculinistas, sendo que crianças e adolescentes têm amplo acesso aos materiais que são divulgados. “Em uma democracia, que tem por base a tolerância e o respeito à pluralidade, não podemos normalizar esse tipo de discurso. Combatê-lo é uma tarefa das instituições e da sociedade como um todo, sendo essencial o envolvimento da escola e da família”, acrescenta.

Para além dos discursos violentos, que pregam a submissão das mulheres e sua obrigação de seguir um determinado comportamento e estética, o movimento masculinista mostrou, inclusive, ter conexões com muitos atentados a escolas no Brasil, entre eles o de Realengo, no Rio de Janeiro (2011) e o de Suzano, em São Paulo (2019).

"Os pais precisam se informar sobre esse mundo digital da adolescência e se interessar mais sobre o que os filhos fazem e é importante para eles, estabelecendo um vínculo maior", alerta Karina. Além disso, a professora destaca que a questão da privacidade não deve ser vista de maneira absoluta. Os pais devem acompanhar e monitorar não só a vida digital dos filhos como também estabelecer limites para o tempo que eles gastam com telas. "Deve haver uma diálogo franco e aberto sobre o mundo digital e sobre o conteúdo ao qual os filhos são expostos, como a misoginia", diz.

Segundo Ana Carolina, a discussão reflexiva “mostra a importância de políticas preventivas e de intervenções digitais para mitigar a difusão da violência contra as mulheres nas redes sociais e na chamada ‘vida real’ - ambas intrinsecamente interligadas”.

O evento acontece no âmbito do “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 248139)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura, e tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e setecentos médicos cooperados e colaboradores.

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Serviço:

Sábados Feministas: O machismo conectado – redes sociais e violência de gênero

Com Karina Junqueira, professora doutora em Ciência Política, e Ana Carolina Fonseca, cientista social e educadora

Data: 26/04, sábado, às 10h 

Local: Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia 1466 – Lourdes)

Entrada gratuita.

* Estagiária sob a supervisão do subeditor Carlos Altman

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