Menopausa precoce pode estar ligada a tratamentos de câncer e outras causas
Se não tratada com a terapia hormonal correta, a menopausa precoce aumenta os riscos de infarto, fraturas, derrame e doenças cardiovasculares
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Siga noA faixa etária normal da menopausa é entre 45 e 55 anos, mas cerca de três em cada 100 mulheres, segundo dados da North American Menopause Society (NAMS), passarão pela menopausa antes dos 40 anos.
“Isso é conhecido como menopausa prematura. Existem algumas razões pelas quais a menopausa prematura ocorre, como um tratamento para o câncer, cirurgia dos ovários ou causas autoimunes e genéticas, mas muitas vezes a razão exata é desconhecida. Mulheres que passam pela situação precisam buscar tratamento, pois a menopausa precoce está ligada a riscos específicos à saúde que podem ser abordados com monitoramento e tratamento contínuo”, explica o ginecologista, especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS), Igor Padovesi.
Entre os principais sintomas da menopausa precoce, estão: as ondas de calor, sudorese noturna, alterações menstruais, mudanças de humor, irritabilidade, insônia, fadiga, entre outros.
Menopausa induzida por tratamentos contra o câncer
Segundo o oncologista de São Paulo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, pós-doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra), Ramon Andrade de Mello, a menopausa induzida ocorre quando um tratamento médico contra o câncer, como cirurgia, quimioterapia ou radiação, remove ou danifica seriamente ambos os ovários.
"Quanto à cirurgia, quando ambos os ovários são removidos cirurgicamente, a menopausa ocorre. Essa remoção pode ser feita para tratar câncer de ovário. Já quanto à quimioterapia, os medicamentos são usados para tratar vários tipos de câncer, inclusive sendo uma estratégia associada à cirurgia, radioterapia ou ambas. Ela pode danificar os ovários, fazendo com que a mulher pare de menstruar e não produza mais óvulos. A radioterapia usa partículas ou ondas de alta energia para danificar células cancerígenas e reduzir seu tamanho ou impedir que cresçam. Os riscos de menopausa precoce e infertilidade crescem com o aumento das doses de radioterapia abdominopélvica, e com a quantidade de agentes quimioterápicos utilizados em associação", explica o oncologista.
Ramon explica que hoje, na oncologia, existe uma estratégia para preservar a fertilidade das pacientes. “Sabemos que 20% dessas pacientes em tratamento de quimioterapia em idade fértil evoluem com a infertilidade. Hoje, utilizamos a prescrição de análogos do LHRH, como goserelina, para câncer de mama, para que ocorra a supressão da função ovariana, induzindo a menopausa transitória. Então esse tratamento suprime os ovários durante a quimioterapia e após o tratamento contra o câncer as pacientes conseguem voltar à função de fertilidade”, acrescenta o oncologista.
Insuficiência ovariana primária
Essa condição ocorre quando mulheres mais jovens pulam muitos períodos seguidos ou não têm nenhum período, segundo Igor. “Devido à perda prematura de folículos ovarianos, a condição resulta em níveis mais baixos de hormônios reprodutivos femininos. Um exame de sangue pode relatar um alto nível de hormônio folículo-estimulante, o que pode ser um sinal de menopausa e de poucos óvulos restantes nos ovários. No entanto, a liberação de um óvulo de um ovário (ovulação) ainda pode acontecer ocasionalmente, o que significa que a gravidez ainda é possível”, diz o médico.
“Algumas mulheres com insuficiência ovariana primária apresentam sintomas típicos da menopausa, enquanto outras não. Os sintomas podem ser intermitentes. Algumas mulheres retomam os períodos normais em algum momento, e outras não. Existem várias causas conhecidas, incluindo certos distúrbios genéticos e autoimunes. Mulheres com menos de 40 anos que perderam três ou mais períodos menstruais são aconselhadas a consultar um profissional de saúde para determinar se isso é causado por insuficiência ovariana primária ou se há outro motivo para menstruação ausente ou irregular em jogo”, acrescenta Igor.
A menopausa precoce afeta a saúde geral da mulher
O início da menopausa aumenta fatores de risco para os ossos, o coração e a saúde do cérebro, explica Igor. “Para mulheres que passam pela menopausa precocemente, esses riscos podem ser maiores. Com a menopausa, geralmente há um curto período de perda mais rápida da densidade óssea, que é seguida por uma perda óssea mais lenta, mas contínua. No caso da menopausa prematura, essa perda precoce pode levar a um risco mais prematuro de fraturas ósseas relacionadas à osteoporose. Além da reposição de estrogênio para compensar o risco, é especialmente importante se envolver em atividades que incentivem a preservação da densidade óssea”, diz o ginecologista.
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A menopausa prematura também pode aumentar o risco de doenças cardíacas mais tarde na vida. “Além de repor estrogênio para reduzir os riscos cardíacos, é importante seguir um estilo de vida saudável para o coração. Passos específicos incluem não fumar, atingir e manter um peso saudável e ser fisicamente ativa regularmente. Quanto à alimentação, incluir frutas, vegetais e grãos integrais adequados também são estratégias importantes pra manter a saúde cardíaca. Testes de colesterol no sangue de rotina e outros testes, como para diabetes, podem ajudar a monitorar fatores de risco específicos, e medicamentos podem ser recomendados para otimizar o controle”, complementa.
Como a menopausa pode influenciar a função cognitiva, a reposição hormonal e os bons hábitos de vida também geram benefícios para a memória e ajudam a proteger o cérebro contra a demência. “Para mulheres com menopausa induzida, especialmente quando resulta de tratamento para uma doença grave, uma série de outros medos e preocupações podem agravar os desafios da menopausa prematura. Mas o diagnóstico e o tratamento corretos, prescritos por um especialista, são fundamentais para a qualidade de vida e longevidade saudável”, reforça Igor Padovesi.
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