Na falta de um pedido de Pochmann, do IBGE, governo corre para conter crise
Criação de fundação como alternativa para geração de receitas para o instituto foi suspensa e verba para Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola será assegurada pelo Ministério do Planejamento
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Siga noDiante da crise instalada no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que se arrasta há meses e ameaça a credibilidade do órgão responsável pelo cálculo de indicadores que são referência para a economia, como IPCA (índice oficial de inflação) e o PIB (nível de atividade econômica), o governo esperava que o presidente Márcio Pochmann renunciasse ao cargo. Segundo pessoas próximas, porém, isso não deve ocorrer porque não combina com o perfil dele.
Para tentar pacificar a queda de braços travada entre o presidente o corpo técnico da instituição, a saída encontrada pela ministra Simone Tebet (Planejamento), a quem o instituto está vinculado, foi suspender a criação do IBGE+, a fundação de apoio à inovação científica e tecnológica do IBGE que Pochman quer criar, e condicionar o debate o amplo sobre o tema, garantindo participação dos funcionários e do Congresso Nacional no debate.
A fundação foi proposta como alternativa para gerar receitas adicionais com a venda de serviços de pesquisas e indicadores para o setor privado. Segundo interlocutores oficiais, no entanto, é preciso achar um formato jurídico e gerar consenso em torno do tema para, só então, avançar numa proposta que permita o instituto construir fontes alternativas de receitas que valorizem “o maior ativo do IBGE: o corpo técnico, com grande credibilidade”.
As avaliações do governo vão no sentido de que Pochmann tem um problema de relacionamento pessoal com o time do IBGE e isso acabou derrubando uma proposta que poderia até ser “interessante” e gerando um desgaste para o presidente Lula.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, 29, o ministério de Tebet se compromete a liberar recursos para “formulação do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola, uma das pesquisas mais relevantes do Instituto”. Além disso, o texto destaca que frente ao desafio de encontrar fontes alternativas para ampliação de fonte de recursos adicionais, “estão sendo mapeados modelos alternativos que podem ensejar alterações legislativas, o que requererá um diálogo franco e aberto com o Congresso Nacional”. O documento enfatiza ainda que “qualquer decisão que oportunamente for tomada seguirá o debate no IBGE e com o Executivo e o Legislativo”.
A saída encontrada é uma tentativa de dar a Pochmann a chance de corrigir o estrago feito até agora. Apesar de ser considerado algo difícil, dado o desgaste gerado com pedidos de demissões de diretores e técnicos importantes e manifestações contrárias ao estilo de gestão do atual presidente, acredita-se que é preciso encerrar com o debate público. Pochmann é uma indicação do PT, partido do presidente Lula para o cargo. Simone Tebet recebeu a indicação sem reclamar. Internamente no Planejamento, há uma preocupação de não fazer do que é tido como um problema pessoal de Pochmann, uma crise da ministra com o PT.