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Governo vê Alcolumbre no comando do Senado como um ‘mal incontornável’

Senador do Amapá, que deverá ser eleito no próximo sábado para voltar ao comando da casa, conseguiu se construir como um dos mais poderosos congressistas da safra atual

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Alcolumbre? Melhor com ele. A constatação é mais do que comum nas avaliações de senadores governistas e de ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reconhecem o poder de articulação do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), franco favorito para vencer a eleição para a presidência do Senado, que ocorre no próximo sábado, 1º. Alcolumbre é o “grande fiador” dos ministros do União Brasil na Esplanada, principalmente do ex-governador do Amapá Waldez Góes, que rege a pasta da Integração e Desenvolvimento Regional. A indicação foi do senador que, por vezes, é definido no governo como “um mal incontornável”.

Além da Integração, a legenda tem mais duas pastas: Turismo, com Celso Sabino, e Comunicações, com Juscelino Filho. Apesar disso, o partido não se obriga a votar sempre a favor das pautas do governo, nem na Câmara, nem no Senado. Quando nomeou os ministros, Lula esperava votos do União, mas essa é uma entrega que Alcolumbre não conseguiu fazer. Mesmo assim, essa incapacidade foi entendida por Lula, que achou por bem deixar os ministérios com o partido. “Lula não demite o União do governo pelo respeito a Alcolumbre”, argumenta um senador governista, sob reserva.

Assim como ocorre com Hugo Motta na Câmara dos Deputados, o amapaense chega agora para a disputa com apoio quase unânime no Senado. Estão com ele formalmente o PDT, o PSB, o PP, o PL, o PT e o PSD, legenda com a maior bancada do Senado, com 15 senadores e que abriga o atual presidente, Rodrigo Pacheco (MG). Somando todos os partidos, mais o próprio União Brasil, são 69 senadores articulados em torno do nome de Alcolumbre. São necessários ao menos 41 para se eleger em primeiro turno, ou maioria simples dos votos em uma eventual segunda rodada de votação.

Pacheco atribui sua chegada ao cargo à articulação feita por Alcolumbre, que presidiu a casa antes dele, entre 2019 e 2021. A dívida de gratidão impediu que o PSD lançasse candidato, mesmo sendo o maior partido no Senado. Até o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, ignorou a candidatura do senador Marcos Pontes (PL-SP) para endossar Alcolumbre.

‘Toma lá dá cá explícito’
Adjetivos sobre o poder de Alcolumbre denotam sempre a capacidade dele de arregimentar emendas e levar dinheiro para prefeituras de políticos aliados. Alguns senadores o reconhecem como o “inventor do orçamento secreto” e apontam que a fama se formou quando ele começou a levar recursos da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), que era controlada por ele, para despejar recursos para compra de equipamentos no Amapá. Petistas do Senado dizem que esse canal é o principal motivo do interesse de Alcolumbre no ministério comandado hoje por seu indicado Waldez Góes.

A volta de Alcolumbre à presidência do Senado tem ares de “toma lá dá cá” explícito. Ninguém espera dele posicionamentos mais rebuscados da política, mas sim, segundo um senador, o pragmatismo de um vereador.

Alcolumbre ofereceu ao PT a 2ª Vice-Presidência do Senado, que será exercida pelo senador Humberto Costa (PT-PE), além das presidências de duas comissões relevantes. A senadora Teresa Leitão (CE) presidirá a de Educação e Beto Faro (PT-PA) deverá ficar com a de Meio Ambiente. A bancada do PT se reunirá nesta quinta-feira, 30, para bater o martelo em relação a esses cargos porque o senador Fabiano Contarato se queixa por ter sido preterido. Atualmente, o PT tem a 1ª Secretaria, com Rogério Carvalho (PT-SE), mas ele deve assumir a liderança do partido no Senado.

A Comissão de Constituição e Justiça ficará com o PSD. Caso Pacheco decida aceitar a oferta de Lula para comandar o Ministério de Minas e Energia, a vaga poderá ficar com o senador Otto Alencar (PSD-BA), uma composição que agrada bastante o Planalto. O partido comandado por Gilberto Kassab também terá a Primeira Secretaria, que deverá ser comandada pela senadora Daniela Ribeiro (PSD-PB).

A primeira Vice-Presidência ficará com o PL, e deverá ser exercida pelo senador Eduardo Gomes (TO). Nesse caso, Alcolumbre atende a um pedido de Jair Bolsonaro, que enxerga aí a possibilidade de, na ausência do presidente da casa, pautar o projeto de lei que concede anistia aos acusados de tentativa de golpe de Estado. Confúcio Moura (MDB-RO) e Chico Rodrigues (PSB-RR) são os nomes cotados para as 2ª e 3ª Secretarias.

O PlatôBR entrou em contato com o gabinete do senador Davi Alcolumbre para ouvi-lo sobre a visão que colegas e o governo têm dele. Até o momento, não houve resposta.

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