Pacheco condiciona permanência política ao seu arco de aliados
Após sinalizar saída da política, senador mineiro passa a sinalizar que sua decisão para 2026 dependerá do grupo que o sustenta
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Depois de indicar que pretendia encerrar a carreira pública ao fim do mandato, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou nesta quarta-feira (19/11) que qualquer decisão sobre 2026 será tomada “por deferência” aos aliados que o acompanharam até aqui. Em vez de confirmar a saída da política, adotou um tom de cautela e manteve aberta a porta para o pleito mineiro.
A declaração vem no rastro da reunião realizada na segunda-feira (17/11) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No encontro, o petista comunicou que ele não será o escolhido para ocupar a cadeira deixada pela aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Pacheco classificou a conversa como “amistosa” e “franca”. Conforme ele, a reunião se deu num patamar esclarecedor e com "transparência". "A posição dele em relação ao Supremo Tribunal Federal e a minha intenção de não disputar as eleições. Uma conversa muito tranquila", declarou.
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O senador insistiu que não tomará sozinho a decisão sobre permanecer ou não na vida pública. “Eu fui guindado à vida pública, como deputado federal e senador da República, pelo povo de Minas Gerais e tive muito apoio de companheiros políticos. Mas, obviamente, que uma decisão pressupõe, até por deferência, o alinhamento com esses companheiros políticos”, disse em conversa com jornalista em Brasília. Segundo ele, prefeitos, deputados estaduais e federais e colegas do Senado devem participar do processo.
O mandato de Pacheco termina em janeiro de 2027. Na terça-feira, ele havia reforçado, também em entrevista coletiva, a intenção de encerrar o ciclo no Senado, mas voltou a condicionar a decisão a conversas internas.
“Ele [Lula] respeitou minha intenção de encerrar a vida pública ao final do meu mandato de senador, como já há algum tempo eu havia me programado. Essa decisão definitiva eu só posso tomar junto aos meus companheiros políticos, do Senado e de Minas Gerais”, disse na ocasião.
Ao comentar sua trajetória, Pacheco adotou um tom memorialista. Lembrou de momentos em que, segundo ele, ajudou a desatar nós políticos e institucionais, especialmente durante a pandemia. Citou sua eleição para presidir a CCJ da Câmara ainda como deputado de primeiro mandato, sua expressiva votação ao Senado e os quatro anos em que comandou o Congresso Nacional.
“Foram períodos muito difíceis, de defesa da democracia, das vacinas e do tratamento das pessoas”, afirmou. Ele também destacou sua participação na aprovação da Reforma Tributária e a autoria do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), além de abrir espaço, no Senado, para prefeitos de Minas.
Na semana passada, Pacheco reforçou que não ficará em sua atual legenda caso decida concorrer ao governo estadual. A observação ocorreu após o vice-governador Mateus Simões se filiar ao partido para disputar o Palácio Tiradentes em 2026. “A opção do PSD nacional foi aderir ao projeto do governo Zema. Isso não me incomoda, mas, se eu permanecer na política e for candidato, não será pelo PSD”, afirmou, mantendo o mistério sobre um eventual novo destino partidário ou mesmo se terá um.
A incerteza alimenta a ansiedade no campo da esquerda. Sem uma base sólida em Minas, o PT vê no senador a chance de montar um palanque capaz de unir centro e esquerda em 2026. “Por enquanto não temos plano B, só plano P mesmo”, brincou o deputado federal Rogério Correia (PT), vice-líder da legenda na Câmara, em entrevista ao Estado de Minas.
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Correia reconheceu na época que a decisão sobre o futuro de Pacheco é decisiva para a formação da chapa do partido em 2026. “Temos tempo ainda e vamos aguardar as definições que virão do presidente Lula”, diz o parlamentar, lembrando que o PT também precisará definir seus candidatos ao Senado, já que duas vagas estarão em disputa no próximo pleito.