Presidente da Câmara de BH é citado em registro de confusão com PM em festa
Boletim relata troca de agressões em condomínio no Bairro Itapoã, na Pampulha; Juliano Lopes nega envolvimento e diz ser vítima de ação truculenta
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Um boletim de ocorrência registrado na noite desse sábado (25/10) cita o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Juliano Lopes (Podemos), em um episódio de confusão entre policiais militares e convidados de uma festa em um condomínio no Bairro Itapoã, Região da Pampulha. O registro aponta versões distintas sobre o que ocorreu, com relatos de agressões de ambos os lados.
Segundo a PM, a confusão começou durante uma abordagem de trânsito feita por uma equipe do 13º Batalhão. Os policiais teriam parado um motorista que apresentava sinais de embriaguez. O homem se recusou a fazer o teste do bafômetro. Após lavrarem o auto de infração, os militares liberaram o veículo para outro condutor habilitado.
Em seguida, um advogado, amigo do motorista e anfitrião da festa, teria questionado a abordagem e discutido com os policiais. Conforme o registro policial, ele desacatou um dos sargentos, de 47 anos, e recebeu voz de prisão.
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O suspeito, porém, teria entrado no condomínio para evitar ser detido, o que motivou os militares a segui-lo até o hall de entrada. No local, conforme a versão policial, houve resistência e tumulto, sendo necessário “uso moderado da força” para contê-lo.
Durante o desenrolar da confusão, vários convidados tentaram intervir, cercando os militares e dificultando a condução do advogado. É nesse momento que o nome de Juliano Lopes aparece no boletim.
Voz de prisão
O registro da PM afirma que o presidente da Câmara empurrou um sargento, o mesmo que teria sido desacatado pelo advogado, e gritou que o amigo “não seria preso”. O boletim diz, ainda, que o vereador teria desferido dois socos no corpo do policial. O sargento, em reação, aplicou um chute na virilha do parlamentar e deu voz de prisão a ele.
Diante da confusão, os militares pediram reforço via rádio e novas viaturas foram enviadas ao local.
Já na versão do presidente da Câmara, registrada no mesmo boletim, o parlamentar afirma que não agrediu o policial. Ele diz que estava em uma festa de aniversário, realizada no condomínio, e foi surpreendido pela entrada de militares “de forma truculenta”. Segundo o parlamentar, os policiais invadiram as duas portarias do prédio e chegaram ao salão de festas sem autorização, o que teria gerado revolta entre os convidados.
Ainda conforme o relato do vereador, ele apenas tentou “acalmar os ânimos” e evitar uma abordagem violenta contra o dono do apartamento. Juliano afirma ter sido atingido por uma joelhada na região pubiana pelo sargento e diz ser vítima de agressão, não autor.
Ele classificou como “leviana e mentirosa” a imputação de que teria golpeado o militar e informou que as câmeras de segurança do condomínio registraram toda a ação.
Imagens internas
O boletim também traz o depoimento de uma testemunha, outro policial que estava na ocorrência, segundo o qual o vereador não chegou a agredir o colega. O síndico do prédio, ouvido pelos agentes, confirmou a existência de imagens internas que registraram o episódio e garantiu que elas serão entregues às autoridades responsáveis.
O advogado dono da festa também registrou uma ocorrência contra os militares, acusando-os de invasão de domicílio e agressões físicas. Ele reforçou que o presidente da Câmara teria sido igualmente agredido durante o tumulto.
A PM, por sua vez, afirma que agiu dentro da legalidade e que os envolvidos apresentavam sinais de embriaguez. Procurada pela reportagem, a PM informou que não irá se pronunciar sobre o caso e que as informações prestadas estão registradas no boletim de ocorrência.
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Os registros, um por desacato e outro por agressão, foram encaminhados ao Juizado Especial Criminal de Belo Horizonte e à Polícia Civil, que ficará responsável por analisar as imagens e ouvir os envolvidos antes de definir eventuais encaminhamentos.
Esclarecimento
Em nota publicada nas redes sociais, Juliano Lopes disse que, foi vítima de agressão física por parte de um policial militar durante um evento social na residência de um amigo. Segundo ele, a PM foi acionada ao local por um vizinho.
"Ao chegar, a equipe policial adotou postura truculenta e desproporcional à situação. Quando o anfitrião tentou dialogar de forma pacífica com os agentes, recebeu voz de prisão de maneira arbitrária", escreveu. Lopes afirmou que, nesse momento as pessoas presentes, incluindo ele, se aproximaram na tentativa de apaziguar a situação. 'Foi nesse momento que fui agredido com chutes na virilha por um dos policiais, sem qualquer justificativa ou provocação de minha parte, conforme pode ser visto na imagem", alegou.
O presidente da Câmara de BH informou ainda, que registrou boletim de ocorrência e realizou exame de corpo delito. "Acredito nas instituições e confio que a Justiça tomará as providências cabíveis diante das provas materiais e documentais disponíveis. Repudio veementemente qualquer tipo de violência e abuso de autoridade. Ao mesmo tempo, reitero meu profundo respeito à Polícia Militar de Minas Gerais e aos profissionais que exercem suas funções com ética e compromisso com a sociedade", diz em nota.
Juliano ainda lamentou a falta de preparo do militar em questão. "Permaneço à disposição das autoridades para todos os esclarecimentos necessários e acompanharei pessoalmente o desenrolar das investigações", concluiu.