Damião envia à Câmara pedidos para contrair quase R$ 1 bi em empréstimos
Prefeitura de BH preparou dois projetos de lei para conseguir recursos e mitigar efeitos das mudanças climáticas na capital
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Siga noA Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) enviou à Câmara Municipal (CMBH) projetos de lei (PLs) em que pede autorização para contrair empréstimos de quase R$ 1 bilhão para investimentos em adequações às mudanças climáticas na capital mineira. Os textos foram enviados ao Legislativo e publicados no Diário Oficial do Município (DOM) no último sábado (12/7) e preveem a contratação dos valores junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O primeiro projeto pede a autorização dos parlamentares para contratar um empréstimo de até R$ 500 milhões junto ao BNDES para financiar o Programa BH Resiliente. Na mensagem, o prefeito Álvaro Damião (União Brasil) argumenta que um estudo de vulnerabilidade climática feito na cidade apontou quatro riscos prioritários para a capital mineira: inundações, deslizamentos, ondas de calor e arboviroses.
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Segundo a PBH, o dinheiro do empréstimo seria empregado nas seguintes iniciativas: obra de captação de água na rotatória do Calafate; revitalização de parques urbanos; projeto ambiental e urbanístico Desconcreta BH; arborização urbana e implantação de corredores verdes; requalificação de vilas e favelas com infraestrutura verde; implantação de faixas ajardinadas; projetos de experimentação para redução de resíduos e ampliação da coleta seletiva; projeto de comunicação e letramento climático; revegetação de florestas nativas; obra viária com enfoque em redução de carbono; e construção e compra de equipamento para unidades de saúde e educação.
O segundo projeto relativo a empréstimos pede aos vereadores a autorização para contratar até US$ 80 milhões (cerca de R$ 445 milhões na cotação atual) junto ao BID. Os recursos têm como objetivo o investimento no “Programa BH Verde Azul: Programa de Redução de Carbono”.
Na argumentação da PBH, a partir de instrumentos como o Inventário Municipal de Emissões de Gases de Efeito Estufa, o Plano de Redução de Gases de Efeito Estufa (Pregee) e o Plano Local de Ação Climática (Plac), foram estabelecidas metas para zerar o saldo de emissões de gases do efeito estufa na cidade até 2050. Sem o aporte de recursos externos, porém, não será possível cumprir com o compromisso, segundo o Executivo da capital mineira.
Embora citem nominalmente o BNDES e o BID, os projetos ampliam a autorização para que os empréstimos sejam contraídos junto a outras instituições financeiras. Ambos os projetos também elencam a União como garantidora do processo.
Outros projetos
Na mesma edição do Diário Oficial do Município (DOM), a prefeitura anunciou o envio de outros três PLs à Câmara de BH. Um deles fala sobre alterações no modelo de empréstimos contratados junto à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). A instituição tem vínculos com o Executivo Municipal em ações como os programas de mobilidade sustentável e de requalificação do Centro com a cessão de créditos de quase R$ 300 milhões.
Há ainda um projeto que pede a suspensão integral do pagamento da Outorga Onerosa do Direito de Construir (ODC) para construções classificadas como Habitação de Interesse Social. Este é um mecanismo cobrado pelo município junto às empreiteiras para permitir obras além do limite determinado para área construída previsto no plano diretor da cidade.
O último projeto trata sobre a regularização financeira do transporte suplementar em Belo Horizonte, os populares “amarelinhos”. O texto da PBH prevê a hipótese de remissão de débitos da época da pandemia e a possibilidade de adesão ao programa de regularização de débitos relacionados ao valor da outorga.
Damião na Câmara
Na primeira semana de julho, Álvaro Damião promoveu mudanças às dezenas dentro da estrutura administrativa da prefeitura e abriu espaço para vários partidos com representação na Câmara Municipal. A maior movimentação feita na PBH durante os três meses do prefeito com titular no cargo teve acenos equilibrados entre a esquerda e a direita e, principalmente, à Família Aro, grupo político do secretário de Estado de Governo Marcelo Aro (PP).
Logo após a dança das cadeiras no Executivo, Damião conseguiu uma vitória na Câmara. Na última sexta-feira (11/7), os vereadores aprovaram em primeiro turno o projeto que transfere ao governo estadual o terreno no Bairro Gameleira onde será construído um complexo hospitalar, grande aposta da gestão de Romeu Zema (Novo) para a área da saúde.
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A aprovação, no entanto, não veio sem dificuldades. Parlamentares de esquerda obstruíram a votação e atrasaram a sessão. A iniciativa está alinhada à oposição a Zema na Assembleia Legislativa, onde a iniciativa do governador é criticada. Além disso, ecoa uma insatisfação da bancada petista com as indicações de filiados ao partido feitas por Damião às subsecretarias de Gestão Ambiental e Assistência Social. Os vereadores do PT alegam não terem sido ouvidos no processo.