Disputa no PT-MG tem ausência em debate e questionamento sobre uso de avião

A corrida pela presidência do PT de Minas Gerais teve ausência no primeiro debate entre os candidatos, realizado no sábado (28/6), em Belo Horizonte. A vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputada estadual Leninha, que disputa o comando do diretório estadual, não compareceu ao encontro. À Comissão de Organização Eleitoral (COE) do partido, Leninha informou que estaria Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, para uma plenária com apoiadores (veja a íntegra da justificativa abaixo).

No entanto, segundo apurou a reportagem, Leninha só chegou à cidade na manhã de domingo (29/6), em voo privado de taxi aéreo com prefixo PTOHH, em episódio que chegou a ser compartilhado por aliados da vice-presidente da Assembleia nas redes sociais. O fato levantou questionamentos internos pelo grupo da deputada federal Dandara Tonantzin (PT), principal adversária da parlamentar estadual na disputa pelo diretório mineiro dos petistas, sobre o uso de recursos particulares na disputa.

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O grupo político de Dandara questiona se o uso de recursos particulares para bancar aviões privados não configuraria abuso de poder econômico, o que, segundo eles, representaria uma forma de obter vantagens na disputa eleitoral. O grupo irá encaminhar um requerimento para solicitar informações sobre o uso do avião.

No debate, Dandara também lamentou a falta de Leninha e defendeu que o fortalecimento da democracia interna passa pelo diálogo e pela construção coletiva. "Eu queria realmente lamentar a ausência de Leninha no debate, porque o fortalecimento da democracia interna que eu acredito é aquele feito no diálogo e na construção coletiva. Se nós somos o maior partido de esquerda da América Latina, somos nós que temos que dar o exemplo", disse.

Em nota, enviada ao EM, Leninha afirmou que "o recurso da companheira Dandara, solicitando a homologação de sua candidatura à presidência do PT, será analisado e julgado amanhã pelo Diretório Nacional, instância máxima de deliberação do nosso partido". "Dado que sua candidatura não foi homologada, entendemos que não se realiza debate com quem não teve sua condição de candidata reconhecida formalmente. Como militante histórica e cumpridora das regras partidárias, jamais desconsideraria esse contexto institucional. Não me coloco contra decisões do meu partido. Espero, com serenidade, que a verdade prevaleça e que a justiça seja feita, lembrando que não componho nenhuma instância nacional responsável pelo julgamento do caso", seguiu.

"Quanto ao uso de uma aeronave em um momento específico da reta final da campanha, no contexto de uma agenda excepcional em Teófilo Otoni, não vejo qualquer configuração de vantagem indevida. Cada candidatura mobiliza os apoios, forças políticas, legais e morais que construiu ao longo de sua trajetória. Aceitei, com gratidão, o gesto de um amigo que reconhece meu trabalho e minha liderança. Em um momento decisivo e de múltiplos compromissos pelo estado, essa colaboração foi fundamental para garantir minha presença e diálogo com a militância. Isso não é privilégio, é resultado de prestígio político e boas relações construídas com ética e compromisso ao longo dos anos", concluiu.

Bastidores 

A eleição estadual do PT-MG tem mobilizado os principais grupos internos da legenda. De um lado, o atual presidente estadual, deputado Cristiano Silveira, atua ao lado do deputado federal Reginaldo Lopes na articulação da candidatura de Dandara. Do outro, o grupo na corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que reúne lideranças como o deputado federal Patrus Ananias e a secretária nacional de Finanças do partido, Gleide Andrade, apoia Leninha.

Além de Dandara e Leninha, também estão na disputa Esdras Juvenal, ex-candidato do partido em Iturama, no Triângulo Mineiro, e Juanito Vieira, ligado ao PT de Juiz de Fora, na Zona da Mata.

Acusações marcam a disputa

Além da ausência no debate, a eleição interna do PT-MG tem sido marcada por trocas de acusações sobre a regularidade das contribuições partidárias. Documentos apresentados por adversários na última semana indicam que Leninha teria uma pendência recente em seus pagamentos ao partido, mas aliados da deputada afirmam que as contas estavam quitadas até o prazo final para registro das candidaturas e negam qualquer irregularidade.

Dandara também teve a candidatura questionada. Na ocasião, ela foi acusada de não ter quitado uma dívida de cerca de R$ 130 mil com o partido, o que motivou a suspensão temporária de sua inscrição pela Executiva Nacional. A deputada, no entanto, afirma ter feito os pagamentos dentro do prazo, mas alega que houve um erro bancário que estornou os valores, depois regularizados.

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Nota de Leninha informando ausência em debate

"Uma saudação especial às companheiras e companheiros da COE/MG e a toda a militância petista de Minas Gerais. 

No último dia 29 de maio, logo após a reunião da COE/MG, a campanha Leninha Presidenta 380 recebeu o calendário dos debates propostos para eleição de Presidente do nosso partido em Minas. No decorrer do mês, foram cancelados e/ou adiados os debates em Juiz de Fora e Montes Claros e, até então, estava confirmado em Belo Horizonte na noite da sexta-feira dia 27/06.

Infelizmente, a campanha foi surpreendida com a decisão da COE, na última terça-feira, em alterar a data para o dia 28/06, sendo que já havíamos mobilizado uma plenária com os militantes na cidade de Teófilo Otoni para o final de semana.

Devido ao curto espaço de tempo, seria um desrespeito com a militância do Vale do Mucuri
desmobilizar essa atividade presencial. A campanha Leninha Presidenta 380 não estava de acordo com a alteração da data, mas respeita as decisões da COE. Infelizmente, em razão desta agenda no interior do estado, a candidata Leninha não poderá estar presente.

Desejamos um bom debate sobre o futuro do nosso Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras."