Propag é novo palco do privatismo crônico de Zema
O governador mineiro tem certa urgência em se desfazer da Companhia Energética (Cemig) e da Companhia de Saneamento (Copasa)
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Siga noRomeu Zema (Novo) é um homem com uma ideia fixa: privatização. Mais especificamente, o governador mineiro tem certa urgência em se desfazer da Companhia Energética (Cemig) e da Companhia de Saneamento (Copasa). Durante a empreitada pela adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o Executivo enviou à Assembleia Legislativa (ALMG) projetos que viabilizaram a concessão das estatais, incluindo uma alteração na Constituição para permitir a venda sem a necessidade de consultar a população mineira em um referendo.
Os projetos nunca avançaram. Minas aderiu ao RRF via Supremo Tribunal Federal (STF) e, com a chegada do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag) à discussão política, a alternativa de federalização das estatais para amortizar a dívida com a União e reduzir os juros parecia esfriar de vez a ideia de vender Cemig e Copasa. Mas quem assim pensou subestimou o peso que essas privatizações têm nos planos de Zema para o futuro do estado.
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Na quinta-feira (8/5), o vice-governador Mateus Simões (Novo) foi à Assembleia para apresentar aos deputados os 13 projetos enviados à Casa pelo Executivo no escopo de ingresso no Propag. Mesmo sem os textos já em posse dos deputados, a postura do governo ficou clara sobre dois aspectos. O primeiro deles é que o Executivo determinou que os deputados aprovem até outubro, prazo definido no cronograma do programa de refinanciamento da dívida, a disponibilização de R$ 40 bilhões em ativos ‘federalizáveis’. Caso contrário, Zema não assina a adesão.
Outro ponto foi o de que os projetos de privatização das companhias energética e de saneamento precisam ser retomados, bem como a derrubada do referendo. Na análise de Simões, há um risco atrelado à federalização da Copasa, já que o governo federal pode não aceitar o ativo por não ter expertise com a área de atuação da empresa. A alternativa então é privatizar e usar o dinheiro para abater a dívida e conseguir atingir a marca para redução dos juros nas parcelas.
O caso da Cemig é mais sofisticado. Para o governo mineiro, a federalização configura uma mudança no controlador da empresa e, por isso, acionistas minoritários poderiam exigir a compra de sua participação. Neste cenário, Minas contrataria uma nova dívida ao invés de sanar os cofres. A solução? Privatizar no modo “corporation”, assim como proposto desde o início.
No RRF, Propag, feirão do Limpa Nome do Serasa, Refis… não importa o modelo de adaptar as contas públicas e tentar quitar a bilionária dívida com a União, o governo Zema vai tentar privatizar Cemig e Copasa. E essa deve ser uma das discussões centrais na Assembleia até outubro. Resta saber se a Assembleia, refratária à venda das estatais e da derrubada do referendo popular, desta vez será mais aberta à discussão diante da urgência de se aderir ao programa de refinanciamento e dos prazos apertados.
Nesta nova investida, Zema não está na linha de frente e deixa a empreitada nas mãos de Simões. O vice-governador, como ele mesmo diz, já era a liderança técnica do Executivo desde 2020, quando ainda era secretário-geral do Governo. Agora, com as atenções do chefe voltadas para o plano nacional e as eleições de 2026, o suplente é também o rosto oficial da gestão e o homem responsável por fazer o Propag avançar na Assembleia.
Escolinha do professor Mateus
Durante a audiência na Assembleia, Mateus Simões destacou que não pôde ter filhos em seu casamento, mas se vê realizado em seus alunos. A lista de pupilos do vice-governador tem nomes de peso. “Eu não tive a oportunidade, como os senhores têm, de se verem realizados nos filhos dos senhores. Acho que isso movimenta grande parte do mundo. Isso me permite, no entanto, me ver realizado nos meus alunos. Eu tenho hoje cinco alunos no mundo político diretamente: o deputado Marcelo Aro (PP), secretário de Governo; o deputado Lucas Gonzalez (Novo); o deputado Samuel Viana (Republicanos); a deputada Amanda (Teixeira Dias, do PL); e a deputada Carol Caram (Avante).
Papa americano
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Enquanto Mateus Simões falava na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia na quinta-feira, o líder de governo, João Magalhães (MDB), anunciou a escolha do novo papa: “É americano!”. A notícia foi comemorada pelo deputado Alencar da Silveira Jr., presidente do América Futebol Clube. O parlamentar, decano da Casa, também brincou com o jogo de palavras em seu perfil no Instagram e desejou sorte ao papa Leão XIV, nascido em Chicago-EUA.
PT em disputa
O deputado estadual e atual presidente do PT em Minas, Cristiano Silveira, não concorrerá à reeleição. O parlamentar vai apoiar a candidatura da deputada federal Dandara Tonantzin, que tentou a Prefeitura de Uberlândia pelo partido em 2024. A disputa será contra a deputada estadual Leninha. O pleito está marcado para o dia 6 de julho.