PEDÁGIOS

TCE suspende concessão das rodovias do vetor Norte da Grande BH

Após acionamento da oposição ao Governo Zema na ALMG, Tribunal de Contas considerou que tarifas de pedágio são "excessivas" e não houve equilíbrio no projeto

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O conselheiro Agostinho Patrus, do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG), suspendeu o edital de concessão das rodovias do vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG-010, MG-424 e LMG-800, nesta sexta-feira (25/4). Segundo ele, os principais problemas do projeto são tarifas consideradas excessivas para a população e a “realização inadequada” das audiências públicas que deveriam ser base para a licitação.

Relator do processo protocolado pela oposição ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa, Patrus ainda considerou como ponto crítico a falta de equilíbrio entre a “atratividade econômica para investidores” e a “justiça tarifária” para os usuários. Em nota, o conselheiro destaca que os estudos priorizaram reduzir os custos para o Estado e aumentar a rentabilidade para o parceiro privado.

O projeto de concessão previa a instalação de 12 praças de pedágio em 124 km de rodovias, que saem de Belo Horizonte e vão até Sete Lagoas passando, inclusive, pelo Aeroporto Internacional de BH, em Confins. Segundo a nota do TCE, o Governo Zema “ignorou determinações anteriores do próprio Tribunal sobre o princípio da modicidade tarifária, que prevê tarifas justas e acessíveis”.

A documentação previa a instalação de pórticos em distâncias curtas entre si, com tarifas que variavam entre R$ 1,47 e R$ 5,57. Na MG-010, por exemplo, seriam quatro locais de cobrança dos motoristas que trafegam pela região, sendo que a menor distância era entre o ponto instalado no KM 17,4 entre BH e Vespasiano (R$ 1,68), e o instalado entre Vespasiano e Lagoa Santa (R$ 2,96) no KM 28,5.

Em contrapartida, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra) esperava que a concessão atraísse R$ 5 bilhões de investimentos. O edital prevê a duplicação ou a construção de faixas adicionais em 44 km de estrada, 31 novos viadutos e pontes, a recuperação de mais 20 e a construção de 26 passarelas.

O maior destaque fica com as grandes obras de engenharia: a construção de três estradas que vão retirar o trânsito pesado de Lagoa Santa, Matozinhos e Prudente de Morais e levar para novos contornos viários.

Segundo a representação dos deputados do bloco Democracia e Luta, a proposta de privatização das estradas no Vetor Norte da Grande BH encampada pelo governo Zema não ouviu necessariamente a população local. Além disso, a oposição questiona a divisão geográfica das cobranças dos pedágios, que podem onerar os cidadãos de forma desproporcional.

Um relatório apresentado pelos deputados mostra que a arrecadação tarifária prevista com a concessão se concentra em 53,19% no deslocamento entre BH e Vespasiano. Nesse trecho, de acordo com dados da Agência da RMBH, órgão do governo estadual, 76,8% do tráfego é feito por cidadãos que recebem até três salários mínimos. A argumentação dos deputados é de que 42% de toda a previsão de receita da concessão estaria concentrada sobre a população mais pobre.

Em resposta, o TCE havia solicitado, no prazo de dez dias, acesso aos estudos, documentos e informações complementares sobre a modelagem e o processo de audiências que embasaram o edital. Qualquer alteração no projeto, o Palácio Tiradentes também deveria avisar ao Tribunal com cinco dias de antecedência.

No entanto, a Corte de Contas afirmou que a gestão Zema alterou as documentações de “forma intempestiva”. Segundo Patrus, o governo entregou as informações solicitadas às 22h do último dia do prazo, na quinta-feira (24/4), “sem especificar as mudanças ou novos estudos técnicos que justificassem o novo edital”.

Mudanças seriam publicadas neste sábado

Após pressão de deputados e vereadores da região, Zema atendeu a um pedido do presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), e havia determinado a revisão da licitação. A Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) previa publicar o novo edital de concessão das rodovias neste sábado (26/4).

O governo previa isentar de cobrança os motoristas que passam mais de uma vez pelo mesmo pórtico de cobrança, no mesmo dia e no mesmo sentido. Com a medida, o governo explica que um taxista que vai ao Aeroporto Internacional várias vezes ao dia, só pagará a tarifa da primeira vez que passar no mesmo pórtico.

A atualização da documentação também daria descontos maiores para usuários frequentes. A dedução máxima de pedágio seria de até 61% na 30ª passagem do usuário, frente aos 50% previstos na versão original do projeto. O pórtico mais caro, instalado no KM 35,8 entre Matozinhos e Prudente de Moraes, poderia ter o valor de R$ 5,57 reduzido para R$ 2,18 no novo edital.

Segundo a administração do estado, foi realizada uma pesquisa de opinião por telefone para escutar a população local. O levantamento apontou que 53% dos usuários reclamam que gastam tempo excessivo no trânsito e apontam a necessidade urgente de melhorias na infraestrutura viária da região.

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Porém, a publicação das mudanças também foi suspensa por Patrus, que apontou a falta de transparência no processo. “O relator determinou que o edital não seja republicado até que novos estudos sejam elaborados e submetidos a audiências públicas em formato híbrido (presencial e remoto). As sessões devem ocorrer em, no mínimo, 12 municípios afetados, com ampla divulgação prévia”, disse o TCE.

O Estado de Minas procurou o Governo Zema para comentar a decisão do TCE, mas, até o fechamento desta edição, não houve retorno.

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