Damião anuncia dança das cadeiras na PBH: 'Mudanças pontuais'
Álvaro Damião concedeu entrevista um dia após tomar posse como prefeito da capital e anunciou mudanças nas secretarias do Executivo
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O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), anunciou, nesta sexta-feira (4/4), as primeiras mudanças administrativas de seu governo. O comunicado foi feito durante coletiva na sede da prefeitura, no Centro da capital. Ao todo, seis novos nomes passam a integrar oficialmente a equipe da administração municipal e dois foram remanejados.
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Em sua fala, Damião agradeceu aos ex-secretários que deixam os cargos, entre eles Josué Valadão, que comandava a pasta de Assistência Social e Direitos Humanos, e Genilson Zeferino, de Segurança e Prevenção, e o ex-chefe de gabinete de Fuad Noman (PSD), Daniel Messias. O prefeito classificou as alterações como “pontuais” e justificou que o objetivo das mudanças é imprimir uma nova filosofia de trabalho à gestão.
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As trocas de cadeiras envolvem dois nomes já presentes na equipe. André Reis, que atuava na Secretaria de Políticas Urbanas, foi deslocado para a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos. Com a mudança, Leonardo Castro deixa a Secretaria de Governo e assume o comando da Políticas Urbanas. Em seu discurso, Damião ressaltou o comprometimento de ambos com o serviço público e classificou a troca como uma reorganização administrativa entre profissionais experientes da prefeitura.
Na Segurança Pública, quem assume é Márcio Lobato. Ex-delegado da Polícia Civil, Lobato acumula longa trajetória na área. “São anos de serviços prestados à área de segurança, não só em Belo Horizonte, mas em todo o estado de Minas Gerais. Delegado da Polícia Civil, chefiou as principais delegacias e órgãos da instituição da Polícia Civil de Minas Gerais”, enfatizou.
A pasta do Esporte e Lazer passa a ser chefiada pelo ex-vereador Rubão, parceiro de Damião na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) quando ele era vereador. Segundo o prefeito, ele conhece de perto a realidade do esporte na capital. “Por anos, e muitos anos, dividimos campos em transmissões esportivas, ele pelas emissoras em que trabalhava, eu pelas emissoras que trabalhava”, disse.
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Já a Coordenadoria de Atendimento Regional de Vilas e Favelas será comandada por Marcos Crispim. "Terá a oportunidade que ele mesmo sempre pediu a Deus. Lembro bem das palavras dele. Ele é de uma das vilas e favelas mais populosas e queridas de Belo Horizonte, o Alto Vera Cruz, e coordenará o projeto “Vilas e Favelas”, criado por mim e pelo prefeito Fuad. Tenho certeza de que tem muito a oferecer à cidade. Essa coordenadoria, que inicialmente seria assumida por mim, agora prefeito da cidade, será liderada pelo Crispim", afirmou.
Outro nome anunciado foi o de Álvaro Goulart, que agora responde pela Coordenadoria da Regional Hipercentro. A Secretaria de Governo, que já havia tido o nome confirmado no início da semana, ficará sob responsabilidade de Guilherme Daltro. Duander Franco, por sua vez, foi oficializado como novo chefe de gabinete.
Despedidas
Antes de anunciar os novos secretários, Damião fez questão de agradecer publicamente aos ex-integrantes da gestão que deixam os cargos. O prefeito destacou o trabalho prestado por Valadão, Zeferino e Messias.
“Antes de falar de quem tá chegando, eu queria agradecer publicamente. (...) Agradecer a todas essas pessoas que estavam junto conosco e dizer que são mudanças pontuais, não é reforma como muitos achavam que ia ser, ‘vai mudar tudo, vai colocar a cara do Álvaro’. Não, não é a cara do Álvaro. São reformas pontuais e de filosofia de trabalho apenas isso”, disse o prefeito.
Na coletiva, Damião enfatizou que não haverá mais mudanças na administração municipal e que não há pretensão de criar novas secretarias. “Não existe a possibilidade de pensar se as pessoas que saem, saem porque são ou não são da confiança. Todos somos da confiança do prefeito Fuad, todos fomos escolhidos por ele. As pessoas que são da confiança de Fuad são da minha também. São apenas mudanças pontuais”.
Sobre a Secretaria de Educação, Damião afirmou que o secretário-adjunto, Marcos Clemente, assume interinamente a pasta até um nome ser definido. Nessa quinta-feira (3/4), o ex-secretário Bruno Barral foi exonerado do cargo após ele ser alvo de uma ação conjunta da Polícia Federal (PF) com a Controladoria-Geral da União (CGU) para investigar um esquema de fraudes em licitações durante o período em que atuava na prefeitura de Salvador (BA). “Todas as outras áreas que não foram citadas aqui, ficam da mesma forma”, enfatizou.
Vilas e Favelas
Ao ser questionado sobre a ampliação da proposta da Coordenadoria de Vilas e Favelas, Álvaro Damião justificou afirmando que a medida busca dar conta da complexidade e da dimensão desses territórios em Belo Horizonte.
“A gente entende que as vilas e favelas merecem até pelo tamanho. Você não pode criar uma coordenadoria por criar, (ter) apenas um coordenador para tomar conta de vilas e favelas, isso é impossível”, disse. Segundo ele, a proposta é descentralizar a atuação. “Todas as regionais terão os subcoordenadores, dentro de cada regional terá a pessoa que vai tratar direto dos problemas de vilas e favelas em Belo Horizonte”, afirmou.
O prefeito assinou decreto que cria as diretorias regionais de apoio à Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas nesta sexta-feira (4/4). A nova estrutura administrativa será composta por nove diretorias regionais, uma em cada regional da capital mineira, com exceção da regional Hipercentro.
As diretorias têm como objetivo fortalecer o atendimento às comunidades em áreas de vulnerabilidade social. Além disso, foi instituída uma Assessoria de Apoio à Coordenadoria Especial, que prestará suporte direto ao prefeito na supervisão das ações voltadas às vilas e favelas da cidade.
Damião destacou que a principal mudança está na agilidade no atendimento às demandas dessa população. “As demandas demoravam a chegar porque não tinha ninguém preparado para atender essas pessoas nas vilas e favelas. Elas tinham que ir a uma regional e concorrer com todos os outros bairros que compõem aquela regional”, afirmou.
Segundo ele, agora a lógica será outra. “Quando a pessoa for à regional para falar sobre a vila ou favela em que mora, ela vai direto no coordenador que atende aquela vila e favela. É encurtar todo o tempo que essa pessoa tem para poder atender a demanda dela”, reforçou.
Sobre as nomeações dos subcoordenadores nas regionais, Damião disse que o processo já está em andamento, mas que não tomará essa decisão de forma isolada. “Eu não podia escolher todos os regionais sozinho, sem ouvir. Eu não posso contratar o jogador sem ouvir o técnico. Então eu tinha primeiro que mostrar quem é o meu coordenador regional, para que ele me ajude, inclusive, a escolher as pessoas que vão estar dentro das regionais representando ele”, pontuou.
Hipercentro
Em relação a Regional Hipercentro, ao ser questionado pela reportagem, o prefeito disse que a decisão foi motivada pela necessidade de dar uma atenção mais específica ao centro da capital. “O território dela (Regional Hipercentro) é praticamente da Contorno para dentro. O centro da cidade se confundia com a Regional Centro-Sul. E a gente entende que o centro da cidade merece uma atenção especial, merece um trabalho diferenciado”, afirmou.
Partidos
Questionado sobre a insatisfação de partidos que apoiaram sua eleição e a de Fuad, Álvaro Damião minimizou a ideia de que houvesse cobranças por mais agilidade na montagem da administração. Segundo Damião, a prioridade nos primeiros meses de gestão foi garantir estabilidade após o afastamento de Fuad por motivos de saúde.
“A minha preocupação durante todos esses meses foi dar tranquilidade ao prefeito Fuad e à família dele, torcer muito pelo restabelecimento dele. Nós estávamos trabalhando e ontem mostramos na Câmara o que já foi feito. Muita coisa foi feita nesses três meses”.
Ele afirmou ainda que não sofreu qualquer tipo de pressão. “Comigo não teve cobrança nenhuma. Ninguém veio até mim cobrar celeridade de nada, porque sabiam do processo que estávamos enfrentando em Belo Horizonte”.
Damião também disse que os diálogos com partidos estavam ocorrendo com responsabilidade. “A gente não estava protelando. Estávamos aguardando, porque existem acordos que foram feitos, que eu mesmo participei, junto com o prefeito”.
Relação com a CMBH
Ao comentar a articulação política com o Legislativo, Damião destacou a importância das emendas impositivas e disse que a gestão tem buscado melhorar o diálogo com a Câmara Municipal. “A gente viveu isso. A gente, como vereador, sabe das dificuldades. A prefeitura não derruba emenda impositiva porque quer. Às vezes é o traquejo, a formalização, a forma como aquela emenda será aplicada, se está correta ou não”, afirmou.
Segundo ele, a atual administração criou um espaço específico dentro da Secretaria de Governo para tratar exclusivamente das emendas parlamentares. “O vereador quer reformar o posto de saúde, ele tem a emenda. Por que não reformar? Nós vamos reformar e utilizar ainda mais. Eu fiz um pedido a eles: que nos ajudem na prefeitura de Belo Horizonte com as emendas que eles têm”, afirmou.
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Damião também anunciou que pretende ampliar a articulação com outras esferas de poder. “Vamos pedir também aos deputados estaduais, principalmente os que são lotados em Belo Horizonte, que participem mais da cidade. E vamos montar um escritório da prefeitura em Brasília. Somos a terceira maior capital do Brasil, precisamos de um espaço nosso lá”, disse.
Sobre o funcionamento desse escritório, ele explicou que a ideia é manter uma equipe fixa para atuação direta junto ao governo federal e ao Congresso Nacional. “Vamos colocar um nome lá para fazer uma articulação diária. Não é para ficar sentado representando a prefeitura. Teremos um planejamento, metas, cobranças. E quando for necessário, eu mesmo estarei lá, junto aos ministérios, deputados, senadores”.
