'Morro do Papagaio' ganha edição ampliada com quatro novos capítulos
A edição ampliada do livro "Morro do Papagaio", da jornalista Márcia Maria Cruz, será lançada neste domingo (6/7) na Fazendinha Dona Izabel, em Belo Horizonte
'A Fazendinha Dona Izabel é um dos imóveis mais antigos de Belo Horizonte, e a forma como era visto pela cidade sempre me intrigou', conta Márcia crédito: Clarice Castro/Divulgação
Quatro novos capítulos – “Os predinhos”, “O Papagaio e o vento”, “O Morro é quem?” e “Papagaio Cultural” – integram a edição revisada e ampliada do livro “Morro do Papagaio”, da jornalista Márcia Maria Cruz (foto), lançado originalmente em 2009 pela coleção “BH. A cidade de cada um”. O lançamento da segunda edição ampliada será neste domingo (6/7), na Fazendinha Dona Izabel, espaço gerido pelo Grupo do Beco, na Avenida Arthur Bernardes 3.120, na Barragem Santa Lúcia. “A Fazendinha Dona Izabel é um dos imóveis mais antigos de Belo Horizonte, e a forma como era visto pela cidade sempre me intrigou”, conta Márcia. “Embora tivesse o valor histórico e arquitetônico do Museu Abílio Barreto, ela não recebia o mesmo tratamento do ponto de vista da importância histórica para Belo Horizonte. E vocês podem intuir a razão: ela está localizada no Aglomerado Santa Lúcia, ou Morro do Papagaio, na região Centro-sul de Belo Horizonte”, complementa a autora.
Reprodução
Ex-coordenadora do Núcleo de Diversidade deste Estado de Minas e chefe da Assessoria de Comunicação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Márcia Maria Cruz lembra que a Fazendinha passou por um amplo processo de restauração, sendo reinaugurada e transformada em centro cultural em 2022. “Fui então, provocada por Nil César, diretor de Articulações Estratégicas do Grupo do Beco, responsável pela gestão da Fazendinha, a contar a nova história”, revela. “Quando escrevi a primeira edição ainda era moradora do local, mas desde 2010, não vivo mais lá. Quando chegou a convocação feita pela comunidade para a atualização do livro, já estava vivendo em Brasília, em um trabalho em que viajo para muitos lugares no Brasil e outros países. Estando fora, vi o quanto ainda me mantenho conectado ao Morro do Papagaio, estar geograficamente distante me faz voltar afetivamente para esse local que moldou a lente que olho para o mundo. É essa história de amor pelos becos, pelas pessoas e costumes desse lugar que conto na nova edição.”
O lançamento da segunda edição do décimo-sétimo título da coleção “BH. A cidade de cada um” começará às 16h. “O Morro é um desses territórios que estão, ao mesmo tempo, muito perto e muito longe de nós. O livro de Márcia Cruz, agora ampliado, nos leva para um lugar de identidade forte, com suas tradições, sua cultura, seus problemas. Acolher essas histórias é nosso compromisso”, afirma o organizador da coleção, José Eduardo Gonçalves.
RESIDÊNCIA LITERÁRIA DIAS RAROS/DIVULGAÇÃO
Dias de escrita em Gonçalves
O contista e romancista João Anzanello Carrascoza é o mentor dos participantes da terceira edição da Residência Literária Dias Raros, a ser realizada na cidade de Gonçalves entre 11 e 20 de julho. Concebida pelo jornalista e escritor Ricardo Mituti a partir de modelos consolidados de residências literárias internacionais, o projeto prevê uma imersão em escrita com quase 45 horas de produção individual, desafios literários, oficinas de escrita criativa, exercícios, tour de inspiração pela cidade e mentorias com o autor de “Trilogia do adeus” e “Aquela água toda” em regime de pensão completa, com hospedagem e quatro refeições por dia. “São dez dias – uma raridade nesses tempos de dispersão – para o mergulho na própria obra, o convívio com demais autores e intercâmbio de experiências numa atmosfera de incentivo e afeto”, conta Carrascoza ao Pensar. “Acolhemos escritores que buscam um lugar apropriado para a dedicação intensa a seu projeto literário, seja qual for o seu estágio de desenvolvimento e o seu gênero de escrita”, complementa. Nesta edição, a residência também irá receber dois escritores-editores para conversas com os residentes. No próximo dia 13, será a vez de Rodrigo Lacerda, autor de “O fazedor de velhos” e ex-editor executivo da Record; já no dia 17, o convidado será Leonardo Garzaro, editor da Rua do Sabão. A Residência Literária Dias Raros é realizada no Sítio Vila do Sol, situado a 1,6 mil metros de altitude na Serra da Mantiqueira, e ainda há vagas para a turma de julho. Mais informações podem ser obtidas pelo WhatsApp (11) 99631-2800.
Nascido na França e criado no Senegal, o escritor David Diop está no Brasil para uma série de encontros com autores brasileiros em diferentes cidades do país. Depois de conversas em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro com Itamar Vieira Junior, Bianca Santana e Conceição Evaristo, o autor de “Irmão de alma” (Nós) participará de edição do “Sempre um papo” em Belo Horizonte no próximo dia 21, no Teatro Ceschiatti do Palácio das Artes, às 19h30, com entrada franca. “Desde a minha infância no Senegal sonhei com o Brasil, o país do rei do futebol. Então descobri o Brasil ferido do século 16 sob a pena de Jean de Léry (pastor e missionário francês, autor de “Viagem à terra do Brasil”), um precursor distante de Claude Lévi-Strauss nas pegadas dos índios tupinambás. Por fim, admiro e me alegro por conhecer o Brasil, o país da mistura de tantos povos, onde o coração da África bate forte”, disse Diop ao Pensar do Estado de Minas, antes dos primeiros compromissos no país. Além de “Irmão de alma”, vencedor do International Booker Prize em 2021, a editora Nós lançou no Brasil “A porta da viagem sem retorno”, descrito por Edimilson de Almeida Pereira como um livro sobre “dramas humanos num período contraditório marcado pelo espírito iluminista e a violência do escravismo.”