editorial

Um chamado à ação coletiva

Diante de vidas perdidas em decorrência de tragédias causadas por chuvas, famílias deslocadas e prejuízos bilionários, cabe à sociedade exigir respostas

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À medida que avançamos na atual temporada de chuvas, torna-se impossível ignorar o ciclo dos extremos climáticos que hoje definem nossa realidade no Brasil. Entre volumes pluviométricos excepcionalmente elevados em certos pontos e a ameaça constante de deslizamentos, enchentes e alagamentos, cidadãos, gestores públicos e a sociedade civil enfrentam desafios que vão muito além das previsões meteorológicas.

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Dramas como o da família de Luigi de Jesus, de 5 anos, que teve morte cerebral ontem em decorrência de soterramento provocado por deslizamento em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ocorrido na última terça-feira, engrossam estatísticas e chamam a atenção para os riscos e a urgência de intervenções.


Entre 2020 e 2023, o país registrou cerca de 7.539 desastres climáticos causados por chuvas, um aumento de mais de 220% em relação aos anos 1990. Quase 83% dos municípios brasileiros enfrentaram ao menos um episódio de desastre relacionado a chuva nos últimos quatro anos – um salto considerável frente à realidade de 27% na década de 1990. Os dados são de estudo da série "Brasil em Transformação", elaborada pelo Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Fundação Grupo Boticário. O levantamento usou dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.


No ano passado, os temporais foram responsáveis por 251 mortes em todo o país, com grande parte desses óbitos ocorrendo no Rio Grande do Sul, que enfrentou uma das maiores catástrofes naturais de sua história. As enchentes devastadoras afetaram 478 das 497 cidades do estado, causando alagamentos, inundações e deslizamentos de terra.


Quase 1 milhão de pessoas em todo o país ficaram desabrigadas ou desalojadas só em 2024. Somando as últimas décadas, mais de 8,7 milhões de brasileiros já foram deslocados por desastres climáticos associados a chuva, o que representa 94% de todos os casos de deslocamento por desastres no país, segundo o levantamento da Unifesp.


Os prejuízos financeiros também são astronômicos. Entre 1995 e 2023, desastres climáticos relacionados a chuvas somaram mais de R$ 146,7 bilhões em prejuízos, incluindo infraestrutura, agricultura e perdas privadas. No caso específico do Rio Grande do Sul em 2024, os danos foram estimados em R$ 88,9 bilhões.


Os números deixam claro que a questão não é apenas meteorológica, mas estrutural. A recorrência de eventos extremos demanda investimentos robustos em sistemas de alerta precoce, capazes de avisar com antecedência populações vulneráveis; infraestrutura de drenagem urbana e manejo de bacias hidrográficas; planejamento territorial e normas que restrinjam ocupações em áreas de risco; e educação pública contínua sobre como agir antes, durante e após episódios de chuva intensa.

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É imperativo que políticas de mitigação das mudanças climáticas – responsáveis pelo agravamento desses eventos – sejam integradas ao planejamento federal, estadual e municipal. Diante de estatísticas que traduzem vidas perdidas, famílias deslocadas e prejuízos bilionários, cabe à sociedade exigir respostas: planejamento estratégico, adaptação resiliente e uma agenda climática que proteja vidas e bens.

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