editorial

Supersafra pode alavancar o país em tempos de tarifaço

A combinação de uma safra recorde e a reconfiguração do comércio global devido à guerra tarifária entre EUA e China possibilita ao Brasil fortalecer sua presenç

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Muita calma nessa hora. O dito popular sintetiza a forma equilibrada e prudente com que o governo brasileiro vem atuando desde o tarifaço do presidente Donald Trump, que deflagrou uma guerra comercial com a China cujos efeitos ainda são imprevisíveis para a economia mundial. Há bons motivos para a cautela, porque a posição geopolítica do Brasil e nossa vocação natural de produtor de alimentos e minérios nas cadeias de valor do comércio mundial podem mitigar efeitos negativos dessa crise, que também gera oportunidades.


No caso dos alimentos, essa oportunidade é real, uma vez que o tarifaço oferece uma vantagem competitiva para o Brasil como exportador de grãos e proteínas. Ainda mais diante da supersafra (2024/2025) prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A expectativa é de que o país chegue a um recorde de 330,3 milhões de toneladas, representando um aumento de 10,9% em relação ao ciclo anterior. Esse crescimento é impulsionado por uma maior área plantada e condições climáticas favoráveis, especialmente para a soja, cuja produção está projetada em 167,9 milhões de toneladas: 20,1 milhões a mais do que na safra passada.


A combinação de uma safra recorde e a reconfiguração do comércio global devido à guerra tarifária entre EUA e China possibilita ao Brasil fortalecer sua presença no mercado internacional de commodities agrícolas, especialmente na soja. Essa guerra já tem gerado oportunidades para o agronegócio brasileiro.

Recentemente, processadores chineses adquiriram cerca de 40 navios de soja do Brasil em apenas três dias, volume equivalente a um mês e meio de comércio habitual entre os dois países. Além disso, a China respondeu por 77% das exportações brasileiras de soja em março, totalizando 15,7 milhões de toneladas. As projeções para 2025 indicam um potencial de exportação de até 110 milhões de toneladas, o que representaria um recorde histórico para o país.


Além da China, o agronegócio brasileiro pode mirar outros mercados estratégicos para diversificar suas exportações, aproveitando o novo cenário global. A Índia, com a maior população do mundo e crescente demanda por alimentos, especialmente grãos, óleo vegetal e carnes, é um potencial comprador de milho, soja, açúcar e etanol brasileiros. Os indianos também buscam diversificar fornecedores.


No Sudeste Asiático (Indonésia, Vietnã, Tailândia e Filipinas), as economias em acelerado processo de modernização e crescimento demandam o consumo de proteínas e óleos vegetais, o que também favorece nossos produtores de soja, milho, carnes (aves e suínos), algodão e óleo de soja. No Oriente Médio e na África, inclusive a Subsaariana, igualmente surgem oportunidades para exportação de milho, trigo, açúcar, carnes, feijão e arroz.


Apesar das duras restrições ambientais, avançam as negociações com a União Europeia para celebração do acordo com o Mercosul, do qual o Brasil é grande artífice. Mercado exigente, com alto poder aquisitivo, tem enorme potencial de destino para produtos certificados e sustentáveis, como café, cacau, carnes premium e orgânicos. México e Canadá também são fronteiras que se tornaram economicamente mais próximas para nossos produtos, principalmente milho, soja, carne de frango, açúcar e café.


Por tudo isso, há que se ter calma e perspicácia para enxergar alternativas positivas num ambiente de muita confusão. 

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