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Mulheres e meninas na ciência

No Brasil, elas são maioria entre os estudantes universitários. Esse número, no entanto, se dissolve conforme se sobe na hierarquia. As barreiras estão por toda

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Luciana Zanini

Diretora executiva de Finanças, Pessoas e Estratégia - CFO do Inhotim

Feche os olhos. Agora, pense em uma mente brilhante por trás das maiores inovações científicas que transformaram o mundo. Quem apareceu primeiro na sua memória? Se a imagem evocada foi a de um homem, saiba: essa escolha não nasceu do acaso. Ela é o reflexo de um silenciamento que se repete, um eco que atravessa os séculos e esconde, sob o pó dos livros, rostos e vozes femininas. Se a história não as conta, os feitos delas falam por si. Sempre estiveram lá.


O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado ontem, tenta abrir frestas nessa narrativa que insiste em excluir. Basta olhar com atenção para perceber que as pegadas femininas estão cravadas nos caminhos do conhecimento. É preciso escutar o passado e trazer para perto os nomes que foram esquecidos, apagados, silenciados.


Hedy Lamarr criou a tecnologia que nos permite acessar redes sem fio. Ada Lovelace desenvolveu cálculos que deram forma ao primeiro algoritmo. Os cálculos de Katherine Johnson permitiram que o homem pisasse na Lua, mesmo quando muitos não permitiam que mulheres negras tivessem, sequer, oportunidades na ciência. Quantos nomes femininos ecoam quando falamos em tecnologia? Em prêmios Nobel? Em cientistas que moldam nossa existência? Poucos.


A questão não é a falta de mentes brilhantes. O problema é a “mão que apaga”. Lise Meitner explicou a fissão nuclear, Otto Hahn levou o crédito. Nettie Stevens identificou os cromossomos sexuais XY, outro cientista ficou com a glória. O presente repete o passado em ecos sutis. Hoje, as mulheres seguem sub-representadas. No Brasil, elas são maioria entre os estudantes universitários. Esse número, no entanto, se dissolve conforme se sobe na hierarquia. As barreiras estão por toda parte. Na infância, brinquedos e estímulos direcionam as meninas para outras áreas. No mercado de trabalho, o teto de vidro impede a ascensão. A ideia de que a genialidade tem voz e feição masculina ainda está enraizada.


A ciência sempre caminhou à frente, desafiando dogmas, buscando o novo. Quando se trata de equidade de gênero, porém, os passos são lentos, arrastados, cheios de resistência. Algumas rachaduras aparecem. A visibilidade cresce. Mulheres criam redes de apoio, meninas recebem estímulos, nomes antes esquecidos ganham lugar. Jaqueline Goes de Jesus e Ester Sabino fizeram história ao sequenciar o genoma do coronavírus em tempo recorde. Passo a passo, o silêncio vai sendo rompido.


O que falta, então? Falta reconhecer. Falta reescrever. Falta dar às mulheres a ciência que sempre lhes pertenceu. O progresso precisa ser um esforço coletivo. Criar espaço para mais mulheres na ciência não significa excluir, mas somar forças para um futuro mais inovador e inclusivo. Cada mente traz consigo uma forma única de ver o mundo, uma experiência que pode abrir novos caminhos e revelar descobertas transformadoras.

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