A pouco mais de um mês de uma das principais datas para o varejo no Brasil, pesquisa traça o perfil do consumidor durante a Black Friday 2024, que será entre 29 de novembro, sexta-feira, e 2 de dezembro, domingo, embora as ofertas (ou as promessas delas) sejam diluídas ao longo de todo o mês.

A animação dos comerciantes faz sentido. Com previsão de faturamento de R$ 7,93 bilhões, a expectativa é de um crescimento de mais de 10% em relação a 2023, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O consumo deve ultrapassar 10,7 milhões de pedidos realizados, com um tíquete médio de compras de R$ 738, considerado alto tomando como base o salário mínimo e mostrando o sucesso das edições anteriores. Na esteira de oportunidades, estão eletrônicos, eletrodomésticos, produtos nas áreas de saúde, beleza, moda e por aí vai.

A pesquisa “Quem está comprando?” contou com 1.500 respondentes, homens e mulheres, classes ABC, de 18 anos de idade ou mais, de todo o Brasil. O estudo, divulgado pela MindMiners, empresa de tecnologia, indica que 47% dos entrevistados já planejam gastar na Black Friday deste ano e 38% reservam uma parte do orçamento anual especificamente para essa data. Com relação à sexta-feira de descontos, estreia do evento, 56% dizem que utilizam a data para as compras de Natal e ano-novo.

Outro dado que a pesquisa mostrou é a dicotomia entre o poder aquisitivo do brasileiro – que vem caindo ao longo dos últimos anos por diversos fatores – e uma forte inclinação a participar das promoções. Entre os respondentes, 54% relataram uma redução do poder de compra, o que tem tornado a aquisição de produtos e serviços mais desafiadora. Mesmo que alguns ainda consigam manter as contas em dia, 34% enfrentam dificuldades para honrá-las, reforçando um cenário de inadimplência que, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, já afeta 68 milhões de pessoas no país. Entre as contas mais atrasadas estão cartões de crédito, água, luz e cheque especial.

Por outro lado e apesar da importância que os bens essenciais têm na vida dos brasileiros – entre as principais categorias de gastos, 50% da renda vão para alimentos e bebidas, enquanto 39% são direcionados à moradia –, há uma intensa busca por descontos ainda mais significativos. Exemplificando: 60% dos consumidores se sentem incentivados a adquirir um produto ou serviço quando recebem um cupom ou código de desconto para economizar na compra, 49% aguardam ansiosamente por boas promoções e 49% preferem comprar em lojas que oferecem cashback ou programas de pontuação. Por fim, 53% dos consumidores afirmam que preferem comprar itens que não cabem em seu orçamento, mas que, com os descontos, acabam se tornando acessíveis.

Fato é que a Black Friday se transformou em uma vitrine de produtos e, como todo bônus tem o ônus, também virou foco de golpistas e hackers que veem grandes oportunidades de surrupiar o “muitas vezes” pobre consumidor brasileiro. Somente na Black Friday de 2023, as tentativas de fraude (quando um pedido é feito no e-commerce, com o fraudador realizando venda em nome de um varejista) somaram R$ 10 milhões. Então, é ficar de olho para não cair em cilada. E, antes de fechar a compra, pensar duas, três vezes se realmente precisa do produto. Nem sempre o preço estará tão vantajoso assim. Comprar por impulso pode sair caro demais.