Operação no Alemão e Penha deixa pelo menos 64 mortos e se torna a mais letal da história do Rio
Com 64 mortos, incluindo quatro policiais, ação supera o número de vítimas do Jacarezinho, em 2021, e marca recorde de letalidade na capital fluminense
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A operação nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, se tornou a mais letal da história da cidade. Até as 14h35 desta terça-feira (28), 64 pessoas haviam morrido, sendo quatro policiais, segundo balanço oficial do governo do estado.
A Operação Contenção, como foi batizada, ultrapassou o número de mortos da ação no Jacarezinho (2021), que deixou 28 vítimas, e da Vila Cruzeiro (2022), com 24 óbitos. Todas ocorreram durante a gestão do governador Cláudio Castro (PL).
O que se sabe sobre a operação
Cerca de 2.500 policiais civis e militares participam da ofensiva, que tem como objetivo cumprir 100 mandados de prisão contra traficantes do Comando Vermelho (CV).
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Até o momento, 81 pessoas foram presas, entre elas Nikolas Fernandes Soares, o Harley, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, o Doca, liderança da facção. Outro alvo da ação é Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, considerado um dos principais chefes do tráfico no Complexo do Alemão.
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que toda a logística foi conduzida por forças estaduais. A operação contou com 32 blindados, dois helicópteros, apoio de drones e veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM.
Balanço atualizado da operação
- 81 presos
- 60 criminosos mortos em confronto
- 4 feridos sob custódia
- 3 civis baleados
- 7 policiais feridos (4 civis e 3 militares)
- 4 policiais mortos (2 civis e 2 militares)
- 75 fuzis e 2 pistolas apreendidos
- 9 motos, carregadores e grande quantidade de drogas recolhidos
Mortos e feridos
Segundo informações do Hospital Getúlio Vargas, quatro criminosos morreram durante o confronto — dois deles oriundos da Bahia e um do Espírito Santo. Outros quatro foram baleados e estão sob custódia.
Três pessoas foram atingidas por bala perdida. Entre elas, Kelma Rejane Magalhães, de 51 anos, foi ferida nas nádegas enquanto estava em uma academia em Olaria e já recebeu alta.
Sete policiais ficaram feridos, incluindo o delegado Bernardo Leal, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Morreram em serviço os policiais Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, Rodrigo Velloso Cabral, Cleiton Serafim Gonçalves e Herbert, todos homenageados pelas corporações.
Reação de traficantes e confronto nas comunidades
Durante a ação, criminosos lançaram granadas com drones e ergueram barricadas em chamas. Um paiol de armas foi encontrado no Complexo da Penha, onde, segundo a polícia, três traficantes faziam a segurança de Doca. No local, foram apreendidos diversos fuzis, munições e anotações do tráfico.
As trocas de tiros afetaram também bairros vizinhos como Olaria, Bonsucesso, Ramos, Inhaúma e Del Castilho. Moradores relataram medo e dificuldade de circulação.
"Aí, muito tiro que está dando, gente. Daqui de Del Castilho dá pra ouvir. Estou com medo até de bala perdida", contou uma moradora à Super Rádio Tupi.
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Impactos na cidade e serviços suspensos
Devido à violência, o Centro de Operações Rio colocou o município em estágio 2 às 13h48, indicando risco para a população e reflexos no trânsito.
- Educação: 28 escolas foram impactadas no Complexo do Alemão e 17 na Penha, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Uma unidade estadual precisou ser fechada.
- Saúde: cinco unidades de Atenção Primária suspenderam o funcionamento, e uma clínica da família manteve apenas atendimentos internos.
- Transporte: mais de 20 linhas de ônibus tiveram itinerário desviado, e há registros de diversos veículos usados como barricadas. As áreas mais afetadas incluem Anchieta, Méier, Av. Brasil, Linha Amarela e Cidade de Deus.