OMS busca estabelecer base científica para a medicina tradicional
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) abre nesta quarta-feira (17) uma conferência com o objetivo de estabelecer uma base científica para a medicina tradicional por meio de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA).
O encontro em Nova Délhi examinará como os governos podem regulamentar a medicina tradicional utilizando novas ferramentas para que seja compatível com os sistemas modernos de saúde.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, afirmou que a conferência de três dias "intensificará os esforços para aproveitar" o potencial da medicina tradicional.
Modi é um defensor da ioga e das práticas tradicionais de saúde e apoiou o Centro Global de Medicina Tradicional da OMS, criado em 2022 e com sede em seu estado natal de Gujarat.
O organismo da ONU define as medicinas tradicionais como o conhecimento acumulado, as habilidades e as práticas utilizadas ao longo do tempo para manter a saúde e prevenir, diagnosticar e tratar doenças físicas e mentais.
Sylvie Briand, cientista-chefe da OMS, acredita que a IA pode ajudar a analisar a interação entre medicamentos, como no caso das ervas medicinais.
A IA "pode examinar milhões de compostos, nos ajudando a compreender a estrutura complexa dos produtos fitoterápicos e a extrair os componentes relevantes para maximizar o benefício e minimizar os efeitos adversos", declarou à imprensa.
Shyama Kurvilla, diretora do Centro Global de Medicina Tradicional, afirmou que as práticas são "uma realidade mundial", utilizadas por entre 40% e 90% da população em 90% dos países membros da OMS.
"Com metade da população mundial sem acesso a serviços essenciais de saúde, a medicina tradicional é frequentemente o atendimento mais próximo — ou o único disponível — para muitas pessoas", disse à AFP.
Contudo, muitas vezes a medicina tradicional carece de valor científico comprovado e os ambientalistas alertam que a demanda por certos produtos estimula o tráfico de espécies ameaçadas, como tigres, rinocerontes e pangolins.
Kurvilla, que estudou na 'London School of Hygiene and Tropical Medicine' e foi professora de Política de Saúde Global na Universidade de Boston, afirmou que "40% ou mais da medicina biomédica ocidental, incluindo os produtos farmacêuticos, derivam de produtos naturais".
Ela citou o exemplo da aspirina, cuja fórmula é baseada na casca do salgueiro, ou das pílulas anticoncepcionais, desenvolvidas a partir das raízes do inhame.
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