Inação contra mudança climática causa milhões de mortes evitáveis (estudo)
compartilhe
SIGA
A mudança climática afeta a saúde de pessoas em todo o mundo e a inação política provoca "milhões" de mortes evitáveis a cada ano, informou uma equipe internacional de especialistas nesta quarta-feira (29, data local).
"A mudança climática ameaça a saúde a um nível sem precedentes", advertiu o Lancet Countdown, um relatório elaborado a cada ano por uma centena de pesquisadores internacionais coordenados pelo University College London e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A mensagem dá continuidade às edições anteriores no momento em que as temperaturas médias mundiais continuam aumentando, uma tendência impulsionada pelo uso de combustíveis fósseis, que alcançou um novo recorde em 2024.
O relatório, publicado semanas antes da cúpula climática COP30 no Brasil, enumera as consequências do aquecimento para a saúde: ondas de calor, secas, contaminação do ar, incêndios florestais e mais.
Pela primeira vez, o estudo oferece estimativas precisas sobre a mortalidade relacionada com alguns desses fenômenos.
Segundo os autores, 546.000 pessoas morreram em média a cada ano entre 2012 e 2021 por causa do calor, um aumento significativo em comparação com os anos 1990.
Além disso, a fumaça dos incêndios florestais teria provocado 154.000 mortes em 2024.
A contaminação geral do ar e a que é provocada pelo uso de energias fósseis causou mais de 2,5 milhões de mortes em 2022, segundo o estudo.
A cada ano, há "milhões de mortes evitáveis" por causa da inação dos Estados em matéria de luta contra o aquecimento climático, conclui o relatório.
Assim como em edições anteriores, os autores lamentam que as energias de origem fóssil continuam sendo fortemente subvencionadas pelos Estados.
Esse apoio corresponde, em particular, às ajudas públicas concedidas por muitos países europeus à sua população para reduzir as contas de energia, que aumentaram devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia.
O estudo também aponta a diminuição da ajuda dos países ricos ao desenvolvimento dos mais pobres, que é essencial para a adaptação à mudança climática.
Essa tendência se explica principalmente pelos cortes drásticos realizados pelo governo do presidente americano Donald Trump, mas também pela ação de outros países ocidentais como Alemanha e França.
jdy/ic/alu/sba/mas/cr/rpr