A pressão sobre o governo de São Paulo aumentou após a viralização de um vídeo que mostra um policial militar arremessando um entregador de uma ponte na zona sul da capital paulista, sendo que a vítima sobreviveu.
Este foi o mais recente dos vários episódios de violência policial que, nas últimas semanas, chocaram o estado.
Diante das críticas, o governo estadual argumenta que os índices de criminalidade diminuíram durante a gestão de Tarcísio de Freitas, ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (2019-2023).
Em março deste ano, Tarcísio minimizou uma denúncia feita perante as Nações Unidas sobre a atuação policial: "tô nem aí", declarou na ocasião.
No entanto, após os episódios recentes, o governador admitiu, nesta quinta-feira (5), que "é hora de ter humildade e dizer: pô, tem alguma coisa que não tá funcionando."
Tarcísio também afirmou que "tinha uma visão equivocada" ao se opor ao uso obrigatório de câmeras de vídeo pelos policiais para registrar todas as suas ações, com gravação automática e contínua.
O governador de São Paulo havia promovido uma mudança para um modelo de câmera que os agentes poderiam desligar à vontade, mas agora prometeu que o critério atual será mantido.
No início de novembro, um agente da PM fora de serviço disparou 11 vezes pelas costas de um jovem negro que havia furtado produtos de limpeza em um mercado na zona sul da capital paulista.
Dois dias depois, uma criança de quatro anos foi baleada durante uma operação da PM na cidade de Santos, na qual um adolescente também foi morto.
Já em 20 de novembro, um estudante de medicina de 22 anos e que estava desarmado foi executado por um policial militar depois de resistir à prisão por dar um tapa no retrovisor de uma viatura.
Pelo menos 580 pessoas morreram em decorrência da ação policial em São Paulo entre janeiro e setembro de 2024, segundo dados oficiais, o que representa um aumento de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A letalidade policial afeta ainda mais a população negra: entre janeiro e agosto, as mortes de negros pelas mãos da polícia aumentaram 83%, contra 59% para cidadãos brancos, de acordo com um estudo do Instituto Sou da Paz, com base em dados oficiais.
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