Fábrica clandestina em BH produzia fuzis para o Comando Vermelho, aponta PF
Estrutura industrial operava em imóvel da capital mineira e fazia parte de uma rede que abastecia facções no Rio, Bahia e Ceará
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Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou que parte dos fuzis apreendidos na megaoperação contra o tráfico no Rio foi fabricada em uma oficina clandestina disfarçada de loja de móveis, em Belo Horizonte (MG).
O espaço, que funcionava como fachada, integrava uma rede interestadual de produção e distribuição de armas de guerra com ramificações em São Paulo. Segundo a apuração exibida pelo Fantástico, o esquema abastecia facções criminosas de vários estados, incluindo o Comando Vermelho, principal alvo da operação no Rio de Janeiro (RJ).
A célula mineira ficava no Bairro Calafate, Região Oeste da capital mineira, e era comandada por Silas Diniz Carvalho, preso em 2023 depois de ser flagrado com 47 fuzis dentro do apartamento onde morava, na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio. As investigações mostraram que o armamento não era fruto apenas de contrabando, mas de produção nacional feita sob encomenda.
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Silas mantinha uma linha de montagem improvisada em um imóvel na capital mineira, com ajuda da companheira, Marcely Ávila Machado, responsável por parte da rotina de produção. Em uma operação em outubro de 2023, a PF encontrou equipamentos industriais de alta precisão e componentes capazes de transformar peças metálicas em fuzis prontos para uso na falsa loja de móveis.
De acordo com os agentes, a estrutura mineira funcionava de forma discreta, mas em ritmo de pequena indústria. Na época, foram apreendidos materiais, maquinários e cadernos de anotações com manual de instruções.
A rede na qual o grupo de Belo Horizonte estava ligado também mantinha uma segunda fábrica em Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo, que possuía capacidade estimada de até 3.500 armas por ano. Nesse local, os policiais apreenderam cerca de 150 fuzis prontos e mais de 30 mil componentes.
O esquema, segundo a PF, chegou a fornecer cerca de mil fuzis para diferentes facções do país, não apenas o Comando Vermelho, mas também grupos criminosos que atuam na Bahia e no Ceará, além de milícias do Rio.
A produção artesanal de armas de alto calibre representa uma nova fase do crime organizado, segundo fontes da investigação. Em vez de depender apenas de contrabando pelas fronteiras do Paraguai ou da Amazônia, as facções passaram a investir em produção interna e tecnologia própria, dificultando o rastreamento do arsenal.
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A Polícia Civil do Rio deve realizar uma nova perícia em 91 fuzis apreendidos na última megaoperação no Complexo do Alemão. Pelo menos 25 deles têm o mesmo padrão de fabricação das armas produzidas em Minas e São Paulo, modelo AR-15 calibre 5,56.