Três clínicas de reabilitação são interditadas em três dias em cidade de MG
A terceira clínica foi interditada nessa segunda-feira (29/9), em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte
compartilhe
Siga noUma terceira clínica de reabilitação em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi interditada por irregularidades. Dessa vez, mulheres foram resgatadas da unidade em situação de vulnerabilidade, na noite dessa segunda-feira (29/9), no Bairro Samambaia.
No último fim de semana, duas clínicas nos bairros Vila Maria Regina e Residencial Samambaias foram fechadas após denúncias de cárcere privado, abuso sexual, maus-tratos, agressões, falsificação de documentos e até tráfico de drogas. Quarenta e oito pacientes foram resgatados, e oito funcionários, incluindo o dono, presos.
A ação foi realizada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), por meio da 1ª Delegacia de Polícia de Juatuba, juntamente com a Vigilância Sanitária e a Assistência Social do município. Segundo a PCMG, diversas mulheres internadas foram resgatadas e, posteriormente, encaminhadas a um local de acolhimento adequado.
Informações preliminares divulgadas indicam que o estabelecimento tinha irregularidades que levaram à interdição imediata. Materiais também foram apreendidos pela Vigilância Sanitária.
Leia Mais
Na ocasião, nenhuma pessoa foi conduzida à delegacia. Um inquérito foi instaurado para apurar os fatos, e novas informações serão divulgadas pela corporação nesta quarta-feira (1º/10).
Abusos e maus-tratos
No sábado (27/9) e domingo (28/9), duas clínicas de reabilitação ilegais foram fechadas na cidade. Nas ocasiões, 48 pacientes foram resgatados, e oito funcionários, incluindo o dono, foram presos. As duas unidades também eram ilegais.
De acordo com os boletins de ocorrência da Polícia Militar, uma funcionária das unidades contou que sofria abuso psicológico pelo proprietário e por funcionários. Segundo ela, os internos eram agredidos todos os dias para que tomassem medicação psiquiátrica sem receita médica e ficavam dopados. Relatos dos internos confirmaram a denúncia.
Na primeira clínica, do Residencial Samambaia, 36 internos, com idades entre 20 e 67 anos, foram localizados. Nem todos tinham condições de falar. Conforme a polícia, vários apresentavam estado mental alterado, fala arrastada e raciocínio devagar.
Relatos coletados indicam que a maioria deles era obrigada a tomar muitos remédios, sem pedido médico ou conhecimento do que se tratavam as medicações. Cada interno pagava uma mensalidade de R$ 2.500, e alguns eram submetidos a trabalhos forçados.
Na clínica, foram encontrados documentos e objetos pessoais retidos dos internos escondidos dentro de um sofá. Com eles, também estavam medicamentos antidepressivos e psicotrópicos de uso restrito, sem receita. Folhas em branco já assinadas com CRM (Conselho Federal de Medicina) também foram achadas, com assinaturas diferentes, o que configura o crime de falsificação de receita médica.
No dia seguinte, outra clínica do mesmo dono foi interditada na cidade, dessa vez no Bairro Vila Maria Regina. Conforme relatos, a interdição do dia interior causou burburinho entre funcionários, que fizeram a limpeza do imóvel, removeram alimentos estragados e retiraram um interno adolescente do local.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Assim como na clínica anterior, os internos relataram ser dopados por medicamentos que não conheciam e que não eram acompanhados por médicos. Doze deles foram encontrados com emocional abalado e fome. Apenas dois tinham condições de falar, e os outros precisavam de cuidados e assistência médica. Um deles relatou que teve o cartão de crédito com senha recolhido, mas o objeto não foi achado.