Operação Rejeito: empresas queriam explorar Serra do Curral e Rancho do Boi
Empresas investigadas estariam agindo para burlar a legislação ambiental e minerar as duas áreas
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Siga noDirigentes de empresas envolvidas na "Operação Rejeito", deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (17/09), pretendiam explorar áreas localizadas na Serra do Curral e na margem leste da BR-381, onde está instalado o restaurante Rancho do Boi. Os investigados deram até nome a esses planos: "Projeto Taquaril" e "Projeto Rancho do Boi", respectivamente.
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De acordo com a Representação Criminal, o Projeto Taquaril "visa à exploração mineral, em larga escala, de diversas áreas inseridas na Serra do Curral, não obstante tratar-se de elemento natural único de valor patrimonial e cultural, que foi objeto de tombamento municipal e proteção a nível estadual e federal".
As áreas seriam exploradas pelas empresas MMF e Prisma Mineração. Ainda segundo a Representação Criminal, um dos envolvidos, Gilberto Henrique Horta de Carvalho, que atuava como consultor ambiental, teria atuado para "neutralizar" o Projeto de Lei (PL) 1449/2023, que criaria o Parque Nacional da Serra do Curral e, consequentemente, impediria a atividade minerária no local.
Já no "Projeto Rancho do Boi", seriam adquiridas terras do próprio restaurante e também de uma transportadora e de uma emissora de rádio. De acordo com a Representação Criminal, um dos investigados, Alan Cavalcante, já teria comprado o terreno onde funciona o Rancho do Boi, em 2022, por R$ 70 milhões.
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No local, o grupo estimava extrair pelo menos 550 mil toneladas de minério de ferro, o que geraria um faturamento de cerca de R$ 1 bilhão. A operação seria feita pelas empresas Irontech Mineral Ltda e Irontech Mineração S/A.
A Representação Criminal destaca que a área está situada "a 20 metros de uma área urbana consolidada (Bairro Pilar), a leste de uma rodovia federal (BR-040) e a sul de uma escarpa de alta declividade (Área de Preservação Permanente), com forte impacto ambiental, dado o risco de desestabilização do relevo, erosão, sedimentação e impactos à vegetação protetora".
Como funcionava o esquema?
As investigações apontam que o esquema já gerou lucros de R$ 1,5 bilhão e mirava chegar a R$ 18 bilhões à custa do patrimônio tombado e natural, como mostrou com exclusividade a reportagem do Estado de Minas, em 5 de abril de 2025 Entre os crimes praticados pelo grupo estão organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.
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Até o momento, foram emitidos 22 mandados de prisão, 15 pessoas foram presas preventivamente e duas estão foragidas. Foram expedidos 79 mandados de busca e apreensão. Quase todas as ações ocorreram na Grande BH e em Alagoas.
Eram utilizadas diversas frentes para viabilizar projetos de mineração ilegais, inclusive subornos de membros de regulação ambiental, segundo a representação criminal da PF e a reportagem do EM.
A base era a obtenção de licenças fraudulentas, seguida por uma complexa operação de lavagem de dinheiro para ocultar os lucros e pagar propinas, tudo amparado por uma rede de sociedades cruzadas que blindava os verdadeiros líderes.
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