ONDE A FÉ ATRAVESSA O FOGO

Moradores atravessam brasas e renovam a fé na Festa de São João em Pinhões

Pinhões é um distrito de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, conhecido por preservar com orgulho suas tradições de fé e cultura popular

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Júlio Moreira

Quando os ponteiros marcaram 0h ontem (23/6) e a fumaça das fogueiras subiu ao céu de Pinhões, a praça da igreja se transformou em um grande altar a céu aberto. Ali, como fazem há 33 anos, moradores e visitantes se reuniram para um dos momentos mais aguardados da Festa de São João: a passagem pela brasa.


Pinhões é um distrito de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, conhecido por preservar com orgulho suas tradições de fé e cultura popular.


Descalços, com o coração cheio de fé e os olhos voltados para o céu, dois homens e uma mulher atravessaram o caminho de brasas incandescentes. Cada passo dado sobre o fogo é uma mistura de emoção, promessa e gratidão. Alguns caminham para pagar uma promessa, outros para agradecer uma bênção recebida. Há também quem cruze a brasa apenas para renovar a esperança e a coragem para os desafios da vida.


Entre os que atravessaram estava Rodolfo Alcântara, de 40 anos, morador do Bairro Bom Jesus, também em Santa Luzia. Motorista de profissão, ele há anos repete o gesto como demonstração de fé. “Jesus sofreu muito mais, isso aqui não é nada”, afirmou logo após caminhar pelas brasas. Com tranquilidade, disse que todo ano faz questão de participar, renovando sua promessa e reafirmando sua devoção.

‘‘Aqui, todo mundo caminha com o coração leve, com a certeza de que São João está olhando por nós’’

Jaison Diniz, comerciante, de 69 anos, criador do Forró na Brasa

Criador do Forró na Brasa, o comerciante Jailson Diniz, de 69 anos, morador de Pinhões, acompanhava tudo com emoção. Ele lembra que a tradição nasceu da vontade de manter viva a fé de um povo simples, mas cheio de devoção. Para ele, é a fé em São João que faz com que as brasas esfriem e não queimem os pés dos devotos. “É vontade, é fé e é acreditar que não vai queimar. Aqui, todo mundo caminha com o coração leve, com a certeza de que São João está olhando por nós”, afirmou. 

Durante toda a noite, a praça foi tomada por música, alegria e o cheirinho de comidas típicas: pastel, caldos, quentão e cerveja gelada deram o tom da confraternização. Mas, por trás da festa, há também um gesto de solidariedade: toda a arrecadação das barraquinhas será destinada ao Lar dos Velhinhos de Santa Luzia, reforçando o espírito comunitário que marca o evento.

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O ato de caminhar sobre a brasa é muito mais que um desafio físico. É um rito de passagem, um encontro entre o sagrado e o popular, onde fé e tradição se misturam. Em Pinhões, essa herança passa de geração em geração, renovando a certeza de que, com fé, até o fogo se transforma em caminho. 

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