PATRIMÔNIO PERDIDO

Cidade mineira se une para recuperar padroeiro

Moradores de São Tomé das Letras fazem vaquinha para oferecer como recompensa a quem tiver uma pista da imagem do apóstolo, roubada há 34 anos

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Procura-se a imagem do padroeiro de São Tomé das Letras, turístico município da Região Sul de Minas Gerais. Quem tiver alguma pista que leve ao autor do furto, ou esteja com a peça sacra e queira devolvê-la, será recompensado com a quantia de R$ 14 mil. Esse é o apelo de moradores católicos da turística localidade, sempre na esperança de encontrar o objeto de fé levado pelos ladrões, em 1991, da Igreja Matriz São Tomé Apóstolo, construção datada de 1785.


“São 34 anos sem qualquer informação sobre a imagem de São Tomé. Assim, após tanto tempo, um grupo de fiéis fez uma ‘vaquinha’ para obter recursos. Conseguiram juntar R$ 14 mil para ‘pagar’ uma pista que leve à imagem ou aos responsáveis pelo furto”, conta o diretor Municipal de Cultura e Proteção ao Patrimônio Histórico de São Tomé das Letras, Edson Pereira de Oliveira.


Como parte da campanha para reaver o bem religioso e cultural, foi distribuído pela Paróquia São Tomé Apóstolo, vinculado à Diocese de Campanha, um cartaz avisando que “a comunidade segue em busca de respostas”. Logo abaixo do título “Procura-se: imagem desaparecida”, há o pedido à sociedade: “Ajude a recuperar nosso patrimônio sacro: a imagem do apóstolo São Tomé, padroeiro da nossa São Tomé das Letras”.


Em madeira policromada, a peça do século 18 tem 52 centímetros de altura. Não há autoria conhecida, embora seja atribuída a Mestre Lagoa Dourada, que esculpiu peças barrocas. Esse artista anônimo viveu na Região do Campo das Vertentes entre o final do século 17 e o início do 18.


Noite do furto


Tombada pelo município e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), em 1984, a imagem de São Tomé foi levada pelos ladrões na noite de 29 de março de 1991, durante a Semana Santa. “Era Sexta-Feira da Paixão. A porta da Sala de Catequese, que tem uma passagem para o altar, foi arrombada, e por ali eles passaram”, conta o diretor de Cultura.


Conforme relataram, na época, quatro voluntários, incluindo um sacristão da Igreja Matriz São Tomé Apóstolo, dois homens estiveram naquele dia perguntando como se fazia para subir ao trono, espaço no qual ficava o padroeiro. “Só houve esse diálogo, nada mais. Dos quatro voluntários, apenas um está vivo”, observa o secretário. No dia seguinte, Sábado Santo, quando se iniciava a tradicional Vigília Pascal, a polícia esteve no templo do século 18 para fazer o boletim de ocorrência.


“Considero muito louvável a iniciativa da comunidade para reaver a imagem do padroeiro. Não perdem a esperança, mas a espera é longa. Querem de volta a imagem original do padroeiro, então resolveram fazer a ‘vaquinha’. Estamos dando apoio à campanha, ajudando a divulgar”, diz o diretor Municipal de Cultura. Ele lembra que a peça está cadastrada como desaparecida na plataforma Sondar, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), e no banco de dados do Iepha-MG.


Comércio ilícito


“O comércio clandestino de peças sacras é crime. Muitas peças estão desaparecidas e podem ser sido furtadas ou comercializadas ilicitamente.” Essa advertência está num cartaz de campanha, pelo resgate de bens culturais, da Coordenadoria das Promotorias de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC/MPMG). Entre as imagens mostradas no cartaz, publicado na década de 2000, se encontra o padroeiro de São Tomé das Letras. Hoje, com a plataforma Sondar, e campanhas como a “Boa Fé”, a Promotoria segue na busca pelos bens desaparecidos de igrejas, capelas, museus, prédios públicos e outros monumentos do estado.

Minas tem 1.921 bens desaparecidos, tendo sido resgatados 645 e restituídos 136. No total de 2,7 mil cadastrados pela CPPC, a maior parte (1.071) corresponde a documentos, seguindo-se os objetivos sacros (834). Com fotos, texto e espaço para denúncia, entre outros dados, a plataforma (sondar.mpmg.mp.br) reúne objetos mineiros desaparecidos, recuperados e restituídos e pode ser acessada pela internet, por meio de computador, tablet ou celular.


O ano passado, segundo reportagem do Estado de Minas, foi positivo para o patrimônio cultural. De janeiro a dezembro, foram restituídas 10 peças sacras a comunidades que há muito tempo – em alguns casos, quase oito décadas – esperavam pelos bens desaparecidos de igrejas e capelas. O resultado, considerado incomparável em 10 anos, trouxe ainda mais entusiasmo às autoridades do setor.

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Outra ação importante está na campanha “Boa Fé”, também do MPMG. Lançada há dois anos, visa estimular a devolução voluntária de bens que integram o patrimônio cultural do estado. 

Agora, um cartaz de "procura-se" pede ajuda à população para recuperar o objeto de fé
Agora, um cartaz de "procura-se" pede ajuda à população para recuperar o objeto de fé PARÓQUIA SÃO TOMÉ/DIVULGAÇÃO

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