LITERATURA

Entre a paixão pela leitura e a curiosidade pela descoberta

Bienal Mineira do Livro, que termina hoje em BH, recebeu excursões de estudantes de todo o estado. O mais importante é estimular o senso crítico dos jovens leit

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A Bienal Mineira do Livro, que termina hoje (10/5) em Belo Horizonte, tem atraído grandes e pequenos leitores, assim como amantes de longa data da literatura e possíveis futuros apaixonados pelas palavras. Nos dias de semana, alunos com os mais diversos uniformes, de escolas municipais e estaduais de Minas, lotaram o espaço do evento, que está sendo realizado no Centerminas Expo, na Região Nordeste de BH. A estimativa é de que 80 mil estudantes e 8 mil professores de todo o estado tenham visitado a bienal entre segunda (5/5) e esta sexta-feira (9/5).

Na avenida em frente, há dezenas de ônibus de excursão que dão uma amostra de como o evento está repleto de estudantes. Cerca de 900 escolas públicas de Minas, 180 por dia útil, receberam o benefício de entrada gratuita e vale-livro de R$ 50 para cada aluno. Na entrada, crianças e adolescentes se mostravam ansiosos e curiosos, seja pelo amor aos livros ou pela curiosidade de conhecer algo novo, uma vez que a maioria contou ao Estado de Minas que essa era a primeira vez visitando uma feira de livros.

Nos estandes, alunos, em sua maioria meninas, analisam avidamente as bancadas com obras expostas e esperam na fila do caixa com livros nas mãos. Há também aqueles que não demonstram muito interesse e apenas andam pelo espaço sem parar para olhar as capas ou sinopses.

Para a estudante Isabelle Costa, de 13 anos, estar na bienal é a realização de um sonho. Ela é aluna do Colégio Odete Dias, de Martinho Campos, no Centro-Oeste mineiro, e disse que ama ler. Ainda na entrada do evento, acompanhada de outros alunos da excursão, Isabelle disse que estava com expectativa alta. O tom da voz revelava a ansiedade e a emoção.

A adolescente contou que gosta de ler romance e fantasia, preferência unânime entre as estudantes entrevistadas, e que suas autoras favoritas são as americanas Sarah J. Mass, Lynn Painter e Stephanie Garber. Isabelle disse também que prefere os livros físicos aos digitais. “Não tem preço pegar o livro e folhear”, declarou, apesar de reclamar do preço das obras, que, segundo ele, não parar de aumentar. Por isso, afirmou que, às vezes, recorre à biblioteca da escola. A predileção por manusear os exemplares foi consenso entre os alunos entrevistados. Para escolher o que vai ler, Isabelle conta com as recomendações feitas por criadores de conteúdo literário no TikTok e Instagram, e com dicas da irmã mais velha.

Seguir as sugestões nas redes sociais é unanimidade entre os estudantes, independentemente do gênero literário preferido. Estudante da Escola Estadual Ministro Alfredo Vilhena Valladão, no Barreiro, em BH, Lucas Henrique de Aquino disse que segue influenciadores que recomendam especificamente livros dos temas de que gosta: finanças, investimentos e empreendedorismo. Aos 16 anos, ele explicou que gosta de ler obras com essas temáticas “para [aprender a] guardar dinheiro, para ter um futuro melhor”. Lucas era um dos poucos meninos carregando uma sacola de compras.


GUIMARÃES ROSA

Nesta edição, a Bienal Mineira do Livro está homenageando o escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967). O tributo tornou ainda mais especial a visita dos alunos da Escola Estadual Professor Anísio Teixeira, em Lagoa Bonita, distrito de Cordisburgo, cidade na Região Central de Minas onde o autor de “Grande sertão: veredas” nasceu.

Eloíza Abreu, de 9 anos, e Maria Sophia Alves, de 10, são alunas da escola e estavam na excursão que percorreu cerca de 120 quilômetros para visitar a bienal. Elas contaram ao Estado de Minas que antes de virem para o evento, a professora conversou com a turma sobre escritor. “Primeiro, teve um estudo sobre as obras, quem é Guimarães Rosa, o que ele representa para nós e a nossa cidade”, detalhou a bibliotecária da escola, Rejane Patrícia Santana.

Guiomar de Grammont, curadora da bienal, acredita que o contato das crianças e adolescentes com o nome de Guimarães Rosa é uma das razões da importância da homenagem. “Quando o tempo vai passando, os autores podem ser esquecidos, assim como tudo na vida. Quando a gente faz uma homenagem como essa, estimula as professoras a indicarem esses livros, a trabalharem o textos dos autores com os alunos”, afirmou. “Toda literatura é válida?”. O questionamento surge quando o assunto são gêneros literários escolhidos e divide opiniões. No caso do público infantojuvenil, a pedagoga Priscila Boy acredita que o universo da leitura tem dois âmbitos: o escolar e a vida pessoal.

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Na esfera educacional, a profissional afirma que a literatura faz parte do processo de alfabetização em muitas vertentes e a escola deve ter critérios para escolher os livros. Rigor científico das obras e valorização de expoentes literários são pontos fundamentais para as instituições educacionais, defende a profissional, diretora da Priscila Boy Consultoria para formação de professores e gestores.


Já na literatura fora da escola, a pedagoga entende que a escolha dos livros passa por valores, gostos e princípios e que cabe às famílias das crianças e adolescentes regularem. Para Priscila, o mais importante é ensinar e estimular o senso crítico dos jovens leitores, independentemente das obras escolhidas, para que sejam capazes de contrapor narrativas e questionar recomendações. “Toda forma de leitura é positiva. Se você consegue colocar na cabeça de uma pessoa que a salvação para ela é a leitura, já é um ganho”, diz a pedagoga, que destaca que essa faixa etária está imersa em um mundo intrinsecamente digital. n

* Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Rocha

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