Papa Leão 14 já esteve em Minas Gerais; saiba como foi
Enquanto prior geral da Ordem de Santo Agostinho, Robert Francis Prevost visitou as comunidades brasileiras e celebrou missas na Grande BH
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Siga noO novo Papa Leão 14 esteve em Minas Gerais e passou pela Grande BH durante seu mandato como Prior Geral da Ordem de Santo Agostinho (OSA), em dezembro de 2012. Na época, como Padre Robert Francis Prevost, o religioso visitava todas as comunidades da ordem no Brasil e as Assembleias Vicariais.
Na conclusão da assembleia, realizada em Mário Campos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Prevost celebrou uma missa e presidiu a profissão solene (votos solenes) de três freis agostinianos. Entre os agraciados estava o frei Felipe da Cruz, OSA. Em entrevista ao Estado de Minas, o novo pontífice o classificou como uma "pessoa agradável", sensível e de perfil discreto.
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“Ele tem uma sensibilidade que acho que construiu e desenvolveu muito pelo contato com os latino-americanos. A maior parte de sua vida pastoral ele realizou no interior do Peru. O jeito de ser Igreja latina, essa proximidade com as pessoas, com as comunidades, acho que marcou muito a personalidade do agora Papa Leão 14”, disse.
Felipe da Cruz comentou a primeira aparição do Papa, classificando-a como “emblemática” e apontando que isso pode sinalizar a direção do pontificado. Assim como Francisco, que era jesuíta, Leão 14 vem da “vida religiosa consagrada” como agostiniano. “A experiência da vida religiosa, sobretudo para ele, que foi prior geral, visitou o mundo inteiro, percorreu as comunidades e teve contato com realidades muito diversas, proporciona outra compreensão de mundo.”
“A primeira mensagem ser ‘que a paz esteja no coração de todos, e o mal não vai prevalecer porque estamos todos nas mãos de Deus. Isso é muito significativo em uma época como a nossa, marcada por muitas guerras. Essa defesa da paz será uma bandeira que o Papa erguerá com muita firmeza”, afirmou Felipe.
Prevost foi ordenado bispo em 2014 pelo Papa Francisco, e serviu na Diocese de Chiclayo, cerca de 750 quilômetros de Lima. Em 2020, foi nomeado administrador apostólico de Callao, cidade situada na região metropolitana de Lima.
O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG), conselheiro Durval Ângelo, também conheceu Prevost durante o encontro em Mário Campos. Na época, deputado estadual e professor no Instituto Santo Tomás de Aquino, onde agostinianos estudam, nutriu uma amizade com a ordem e participou da missa dos votos de seus alunos.
O conselheiro lembra que Prevost chegou a perguntar como era ser um deputado de esquerda e professor em um seminário católico. “Eu o achei uma figura extraordinária. Na missa, o discurso dele foi muito progressista. Ele fala sobre o que é ser religioso em um mundo de injustiça, contradições e, de alguma forma, viver a opção pelos pobres”, disse.
Durval Ângelo entende a escolha do cardeal norte-americano como uma decisão do Conclave de dar continuidade ao legado de Francisco. Para o conselheiro, Leão 14 é um enfrentamento ao presidente Donald Trump, uma vez que é um norte-americano com fortes laços com as comunidades latinas. “Eu acho que é um sinal claro de que a Igreja elegeu um Papa universal. Demonstra claramente um enfrentamento à postura do governo Trump. O recado é muito claro: de novo é a América Latina”, analisou o presidente do TCE.
Somente em 2023, o então arcebispo foi criado cardeal por Francisco e nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos. A ordem tem a importante função de aconselhar o Papa na nomeação de líderes da Igreja Católica.
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O novo Papa Leão 14, cardeal americano de 69 anos, pertence à Ordem Agostiniana. A Ordem de Santo Agostinho está especialmente vinculada a atividades de educação e assistência social. O fundamento agostiniano é a vida em comunidade, onde todos devem se dedicar a construir o caminho para Deus, servindo ao próximo.
Leão XIV pelo Brasil
Enquanto prior geral dos agostinianos, Prevost teve outras passagens pelo Brasil. O papa já esteve em comunidades no Rio de Janeiro, Bragança Paulista e Mato Grosso do Sul, para as chamadas visitas de renovação — evento que ocorre a cada seis anos com o objetivo de fortalecer a vivência da espiritualidade agostiniana.
O prior provincial da Província da Consolação, em Belo Horizonte, frei Luiz Antônio Pinheiro, lembra dos encontros com Leão 14, que ele conheceu em 1985, enquanto voltava do doutorado em Direito Canônico em Roma. “Foi um encontro internacional sobre Santo Agostinho. Depois, nos encontramos várias outras vezes, seja em Roma ou também nas vezes em que esteve no Brasil”, disse.
Para o religioso, o fato de o novo sumo pontífice ter trabalhado muitos anos na América Latina e viajado pelo mundo dá a ele "simplicidade" para conquistar o público. “Ele é um homem muito afável, cordial, simples e de fácil contato. Muito discreto, mas conquista rapidamente a confiança das pessoas. Lembro de um encontro mundial de jovens, em 2010, em que ele deu uma palestra e fez uma reflexão sobre uma música de Michael Jackson”, recorda.
Frei Luiz Antônio acredita que Leão 14 será um "grande agente pela paz", inclusive na mediação de conflitos. Segundo ele, além dos desafios externos das guerras, acredita que o novo papa será capaz de promover a inclusão, ao mesmo tempo que pode promover a conciliação das polarizações.
“Ele apareceu pela primeira vez trajado com a capa vermelha, estola romana de São Pedro e São Paulo, algo que o Papa Francisco não fez na época. Ele abraçou a ala mais conservadora da igreja. Mas o nome Leão 14 também acena para a linha mais progressista da igreja, na linha de Francisco. Acho que é um papa de conciliação, que vai trazer maior unidade para a igreja”, completou.