Betim, na Grande BH, registra tremor de terra
Cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte registrou abalo sísmico de magnitude 2,5 na escala Richter na noite de terça-feira (22/4)
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Siga noUm tremor de terra de intensidade 2,5 na escala Richter foi sentido em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na noite dessa terça-feira (22/4). A informação foi divulgada pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), sob análise do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). O abalo foi o segundo em um mês.
Conforme a RSBR, coordenada pelo Observatório Nacional com apoio do Serviço Geológico do Brasil, o abalo sísmico aconteceu às 22h05 e foi percebido pela população local.
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O epicentro do tremor foi em uma área rural da região de Várzea das Flores, próximo à margem da lagoa de mesmo nome, na Região Norte de Betim, segundo o Centro de Sismologia da UnB. Nenhuma ocorrência foi registrada pela Defesa Civil municipal ou pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais em razão de intercorrências causadas pelo tremor.
A técnica de enfermagem Luciana Gomes de Melo percebeu os tremores no apartamento onde mora, no Bairro Parque das Indústrias, na região central da cidade. Segundo ela, o surpreendente do abalo sísmico foi a intensidade dos barulhos provocados durante a noite. "Por mais que você não sinta a terra tremer, você sente reverberar pelos quartos da casa", contou.
Já para o metalúrgico aposentado Warley Augusto, morador do bairro Niterói, a experiência de sentir um tremor de terra pode ser definida como uma "sensação estranha". "Foi um estrondo muito rápido, muito rápido mesmo. A gente nunca está esperando uma situação dessa, apesar de já ter tido outras anteriores. Logo depois comecei a conversar com amigos para saber se [o tremor] realmente foi sentido por eles", contou. Apesar do susto, ele e a família não notaram nenhum dano no imóvel onde moram.
Há um mês, em 22 de março, a cidade também registrou um tremor da mesma magnitude, às 14h30. Na ocasião, não houve registro de feridos ou prejuízos a imóveis.
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Segundo a RSBR, Minas Gerais é o estado com o maior número de abalos sísmicos registrados no país. Além de Betim, Congonhas do Norte, na Região Central do estado, e Águas Vermelhas, no Norte de Minas, também registraram tremores neste mês, ambos de baixa magnitude.
Terremoto com pouca intensidade
O tremor sentido em Betim foi classificado na menor intensidade da escala Richter, conforme informações da Michigan Tech University. Apesar de registrado pela rede sismográfica, o abalo nesse nível pode não ser percebido pela população.
Escala de magnitude dos terremotos
- Até 2,5 - Terremoto geralmente não é sentido, mas registrado pelo sismógrafo;
- 2,5 a 5,4 - Frequentemente sentidos, mas causam apenas pequenos danos;
- 5,5 a 6,0 - Pequenos danos a prédios e outras estruturas;
- 6,1 a 6,9 - Muitos danos são causados em áreas bem povoadas;
- 7,0 a 7,9 - Grande terremoto, causa sérios danos;
- 8,0 ou mais - Enorme terremoto, pode destruir comunidades inteiras próximas ao epicentro.
Causas naturais ou não
“O tremor é causado pela movimentação dos blocos de rocha ao longo de uma falha geológica. Quando há essa movimentação, ondas sísmicas se espalham em todas as direções. É a passagem dessas ondas que as pessoas vão sentir”, explicou o sismólogo Bruno Collaço, pesquisador do Centro de Sismologia da USP, ao Estado de Minas. Quando acontecem surtos de sismicidade, que são séries de abalos com pequenos intervalos, a falha pode ter uma propriedade que a faz se movimentar por alguns dias, meses ou até anos. Felixlândia, na Região Central de Minas, registrou surto de tremores em fevereiro deste ano, com 14 ocorrências em dois dias.
O sismólogo acrescenta que abalos como os que acontecem no estado podem, sim, ser denominados terremotos, apesar de ser comum associar esse termo a sismos de alta intensidade. Bruno Collaço diz que, embora a movimentação de rochas seja a principal causa dos eventos, em alguns casos específicos a ação humana pode ser um fator. Ele cita o exemplo de tremores no interior de São Paulo, onde há perfuração de poços.
Outros tipos de intervenção humana, como a construção de grandes barragens, podem causar os chamados tremores induzidos, uma vez que alteram as condições de equilíbrio da crosta na localidade em que são feitas, explicou o professor Humberto Reis, do Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ao Estado de Minas em 2022, quando Sete Lagoas, na Região Central do estado, registrou tremores frequentes.
“Para que causem sismos induzidos, entretanto, tais intervenções têm que ser de grande porte”, acrescentou. Para descobrir a causa específica de um tremor, especialistas dizem ser necessário um aumento de estações ao redor do local de ocorrência, estudos específicos e análise por meses.
Apesar de todas as explicações científicas, o fato é que tremores de terra costumam assustar moradores das localidades atingidas, como em Betim. No entanto, o sismólogo Bruno Collaço esclarece que “geralmente esses eventos não têm força para causar algum dano mais sério, como tombar uma casa”. O pesquisador explica que, quando uma destruição acontece nessas circunstâncias, provavelmente está atrelada à qualidade da construção.
*Estagiária sob supervisão do subeditora Fernanda Borges