REGIME SEMIABERTO

Agressor de Papini é condenado à prisão por tentativa de homicídio

Henrique Papini, à época estudante de medicina, ficou com sequelas graves depois de ser espancado por Rafael Bicalho na saída de uma boate em BH, em 2016

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O engenheiro Rafael Batista Bicalho, de 27, foi condenado a cinco anos e cinco meses de prisão em regime semiaberto por tentativa de homicídio contra o médico Henrique Figueiredo Papini de Moraes, de 30, em júri popular que se encerrou na madrugada desta sexta-feira (28/3). O crime aconteceu em setembro de 2016, na saída de uma boate no Bairro Olhos D’Água, Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

Rafael Bicalho foi condenado pelo Conselho de Sentença do 3º Tribunal do Júri por tentativa de homicídio simples privilegiado, com pena de cinco anos e cinco meses de prisão em regime semiaberto, sem direito de recorrer em liberdade. A sentença foi emitida pelo Juiz Luiz Felipe Sampaio Aranha.

De acordo com a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Rafael e os amigos Thiago Motta Vaz Rodrigues, Hélio Alberto Borja Brum e Felipe Alvim Gaissler tentaram matar Henrique com sucessivos socos e chutes, “não se consumando o intento criminoso por circunstâncias alheias às vontades dos acusados”. Ao longo do processo, os amigos foram sendo retirados da acusação, restando apenas o engenheiro.

O plenário contou com uma testemunha de acusação e quatro de defesa, com um Conselho de Sentença formado por quatro mulheres e três homens. No júri, que teve início na manhã de quinta-feira, Henrique Papini relatou que já havia sofrido abordagens agressivas por Rafael e de amigos dele por, na época, estar saindo com a ex-namorada do réu.

No dia do crime, na boate, a vítima relatou que foi perseguida e agredida por um grupo de amigos do réu e pelo próprio Rafael. Devido às agressões, ele ficou inconsciente. Foi hospitalizado no CTI e teve diversas complicações devido aos golpes recebidos, como perda definitiva de parte da audição.

Rafael Bicalho (esquerda) vai a júri popular por crimes contra Henrique Papini (direita)
Rafael Bicalho (esquerda) vai a júri popular por crimes contra Henrique Papini (direita) Reprodução

Em sua defesa, Rafael Bicalho afirmou que se aproximou da vítima na rua para acertar sobre a situação com a até sua então namorada, logo após a festa. Segundo ele, iniciou uma discussão e começou com as agressões. De acordo com o réu, ninguém o impediu de agredir a vítima, mas que ele mesmo percebeu que a briga tinha passado dos limites e parou. Em depoimento, Bicalho também afirmou que se surpreendeu com a gravidade do estado físico de Henrique após as agressões.

O réu ainda contou que, no final de semana anterior da festa da boate, havia descoberto uma traição de sua então namorada com a vítima. Durante o interrogatório, contou que os viu juntos, dentro do carro da sua ex-namorada, o que motivou o término do relacionamento e também o desentendimento quando viu a vítima na saída da festa.

Argumento de lesão corporal

O advogado de defesa de Rafael, Zanone Júnior, contestou a denúncia. Para ele, o que houve foi uma lesão corporal. Antes do julgamento, ele contou que a tática seria mostrar para os jurados que não houve esse intento homicida. "Em um primeiro momento, quando a notícia veio à tona e o rapaz deu entrada no Biocor, falavam que seis jovens teriam se reunido, planejado um ataque e espancado o Henrique”, afirma.

Em entrevista ao Estado de Minas, por sua vez, Henrique Papini afirma que os fatos e as provas estão muito bem documentados no processo. “As sequelas permanentes deixadas por ele também fazem as pessoas terem a noção da gravidade e de imaginar que a intenção não era só uma lesão.” O médico, que ainda era estudante quando foi agredido, sofreu hemorragia cerebral, fratura nos ossos da face e traumatismo craniano, resultando em sequelas graves. Ele tem paralisia facial, surdez no ouvido esquerdo, perda parcial do olfato e do paladar, além de problemas de visão e equilíbrio. Amante dos esportes, Papini revelou ao EM, em 25 de fevereiro, que teve que trocar os jogos em equipe por modalidades individuais, como a corrida.

De acordo com a tese da defesa de Rafael, entretanto, o fato de os outros acusados terem deixado de responder pelo crime mostra que não houve uma premeditação. “A Justiça desmontou a tese de grupo, de plano homicida. Aconteceu uma briga. Se o meu cliente Rafael quis ou não atentar contra a vida do outro, com a intenção de matar ou lesionar, quem vai decidir é o povo”, diz Zanone.

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A motivação para a prática do delito também não seria o ciúmes de Rafael, pelo fato de Henrique estar namorando a ex do engenheiro, conforme alega o MPMG na denúncia. De acordo com a defesa, o motivo para a briga seria o fato do médico zombar de Rafael, fato nunca alegado pelo acusado em nenhuma fase da investigação ou do processo.

Em nota, a defesa de Felipe Alvim Gaissler informa que o cliente "foi impronunciado pela Justiça por inexistência de provas em relação a qualquer acusação nesse caso, o que atesta sua total ausência de envolvimento nos fatos narrados".

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