Parceria nos negócios
Missão italiana inclui Belo Horizonte em sua rota visando intercâmbios de marcas e oportunidades comerciais
compartilhe
SIGA
Conhecido por sua qualidade, o produto de moda italiano é decorrente de décadas de aprimoramento, tem um know how inconfundível, que remonta à tradição das oficinas renascentistas. Ao lado do design, se soma o uso de materiais de alto padrão, do tecido ao couro, sem esquecer a artesania.
É difícil comparar a expertise fashion da Itália com a indústria brasileira, que já evoluiu bastante, sim, mas que ainda precisa de acertos para competir no mercado internacional, como atesta Milena Del Grosso, diretora para o Brasil da Agência ICE – Italian Trade Agency.
Com Federica Dottori, representante da Confindustria Moda – associação que representa os industriais do setor têxtil e de vestuário na Itália –, integrou uma missão que passou por Belo Horizonte para fazer conexões e identificar oportunidades de negócios entre os dois países por meio de parcerias estratégicas com as empresas de moda.
Na capital mineira, o grupo teve contato com empresários e marcou presença na UEMG – Universidade Estadual de Minas Gerais para conferir a exposição Italian Sport Shoes Design, que fica em cartaz na Galeria do Espaço Cultural da escola até 14 de novembro.
A mostra, que contou com a presença do embaixador Alessandro Cortese na sua inauguração, no dia 15, celebra a excelência do design italiano aplicado ao calçado esportivo, reunindo peças e processos que ilustram a relação entre inovação, estilo e funcionalidade no universo do esporte.
Todas foram selecionadas entre renomadas empresas do país em colaboração com a Federazione SportSystem. Os óculos exibidos na galeria foram fornecidos pela ANFAO – Associazione Nazionale Fabbricanti Articoli Ottici. O projeto é uma iniciativa do Consulado da Itália em Belo Horizonte com colaboração da Fiemg, CDL-BH e Sebrae-MG.
Na UEMG, a equipe se reuniu com a diretoria da universidade e professores em torno de trocas acadêmicas entre as instituições. Uma visita à marca mineira Coven, referendada pelo estilo exclusivo e pela qualidade das suas criações, foi anexada à programação para que se conhecesse a loja e a atual coleção, cuja base é o tricô, mas inclui também tecidos planos.
Belo Horizonte foi o terceiro ponto da missão italiana no Brasil, dentro do objetivo de apresentar produtos made in Italy, conhecer melhor o mercado nacional, e estreitar os laços comerciais entre os dois países.
À frente da Agência ICE há dois anos, Milena observa que os negócios ítalo-brasileiros já foram mais importantes, mas se distanciaram nos últimos 20 anos. “Comecei meus contatos com a parte fashion da cadeia produtiva por meio da Abit – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção e fui notando a ausência de marcheteria industrial nas empresas. Em vista disso, percebi que nós podemos oferecer consultorias para que os produtos estejam no nível de alta e média gama exigido no processo de internacionalização”, enfatiza.
Na Itália, empresas e artesãos estão reescrevendo as regras da produção têxtil através de novas tecnologias, adotando materiais inovadores e inteligentes, processos ecologicamente corretos e processos digitalizados, modelos circulares para reduzir o impacto ambiental, além de abordagens interdisciplinares. “Nós não apreciamos o fast fashion. O conceito de moda no país gira em torno do belo, bem-feito, tecnologicamente avançado e atemporal”, garante Milena.
Seu contato com Paulo Borges resultou na inclusão do talk Esportare la Dolce Vita – Bello e ben fatto: o potencial dos produtos de alta qualidade no panorama internacional, realizado no shopping Iguatemi, como evento da São Paulo Fashion Week e com mediação de Carlos Ferreirinha, expert em mercado de luxo.
Intercâmbio
Nesta empreitada para estreitar as relações comerciais entre Itália e Brasil, Milena está ciente que o processo será longo. Os primeiros passos estão sendo dados agora. “Já levamos 60 empresários para conhecer os distritos industriais, feiras e eventos importantes na Itália e, em breve, vamos levar mais 60, com todas as despesas custeadas por nós. Pretendemos trazer também empresários italianos para conhecer o mercado brasileiro”.
Segundo Federica Dottori, há intenção também de incentivar o trabalho conjunto, cada país com sua expertise no que se relaciona à produção. “Temos a capacidade manufatureira, matérias-primas de alta qualidade, credibilidade. Os fabricantes daqui poderiam ter a possibilidade de usar esse material e fabricar na Itália”, exemplifica.
Ela lembra que grande parte dos produtos franceses são confeccionados em distritos localizados em várias regiões do país, como os famosos lenços Hermès. E acena, ainda, como exemplo da dobradinha, a viabilidade de tecidos italianos serem fabricados no Brasil.
Para prospectar melhor esses cenários, as duas instituições cogitam visitas aos distritos industriais produtivos no interior do nosso país, particularmente os que se dedicam à fabricação de matérias-primas, como seda, algodão e couro. “Eu conheci algumas amostras do trabalho feito com o pirarucu, mas considero que, apesar de serem bonitos, o couro precisa ser mais bem curtido em termos de acabamento e excelência”, avalia Milena.
Entre os trabalhos, que mereceram sua atenção, nesse período, ela cita o da Lenny, de Lenny Niemeyer; o da Vix by Paula Hermanny, de Paula Hermanny: o da Misci, de Airon Martin: e o de Isabela Capeto, sobre a qual teceu boas considerações: “Um design puro, muito artístico, com possibilidade de ter um produto internacionalizado em grande escala.